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Jogos da Juventude

Trabalha e confia: Filha de refugiados garante título do Espírito Santo por equipes no wrestling dos Jogos da Juventude

Victoria Arvelo nasceu em Caracas, passou pelo Amazonas, antes de chegar à cidade de Serra, onde é treinada pelo pai; lema da bandeira é inspiração para lutadora de 14 anos

Por Comitê Olímpico do Brasil

4 de set, 2023 às 17:00 | 5 min de leitura

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As disputas por equipes no wrestling agitaram o Espaço Esmeralda, no Centro de Convenções Taiwan. As duas finais, tanto no masculino, quanto no feminino, foram decididas na última luta. Entre as mulheres, coube a Victoria Arvelo, representando o Espírito Santo, vencer Vitoria Vieira, do Rio de Janeiro, e decretar a vitória do estado que tem “Trabalha e Confia” inscrito na bandeira azul, branca e rosa.

O lema pode muito bem sintetizar a vida da jovem lutadora de 14 anos, que nasceu em Caracas, viveu por cinco em Atalaia do Norte, no Amazonas, antes de chegar à cidade de Serra há cerca de quatro meses. Desde o começo na modalidade, aos 9 anos de idade, é treinada pelo pai Luis Alberto Arvelo.

“Eu comecei só para brincar porque eu morava no Amazonas. Mas aí comecei a evoluir, evoluir, até chegar aqui (nos Jogos da Juventude) hoje. Tenho muito a agradecer ao meu pai, que foi meu primeiro treinador, à luta e ao Brasil por tudo que tem acontecido”, contou Victoria, que fugiu da capital Venezuela ao lado dos pais. Agora trabalhando para modalidade, numa parceria com a Federação do Espírito-Santense de Lutas Associadas para desenvolver a modalidade no estado, deram entrada ao processo de naturalização.

Victoria ficou com a prata no individual, perdendo a luta no último minuto para Juliana Silva, do Amazonas. A talentosa lutadora avaliou como positiva sua primeira participação nos Jogos da Juventude.

“No individual considero que meu desempenho foi muito bom porque é meu primeiro ano nos Jogos da Juventude. Fiquei muito orgulhosa de mim mesma, já que enfrentei as meninas mais velhas e saí no lucro”, contou.

A delegação feminina do Espírito Santo teve um grande desempenho também com outras atletas, já que Joice Barbosa (até 43kg) foi campeã e Isabela Oliveira (até 65kg) ficou com o bronze.

Victoria Arvelo, Joice Barbosa, Emilly Ferreira, Isabela Oliveira e Isabela Kaiser comemoram ouro por equipes

A derrota no individual, deu mais inspiração para a jovem que, mesmo pressionada, conseguiu dominar a quarta e decisiva luta contra o Rio de Janeiro e garantir o ouro por equipes.

“Senti muita pressão (de ter que decidir a final por equipes) porque o time todo dependia de mim e um vacilo meu era a derrota. Mantive o foco até o último segundo, dei tudo de mim. Mas o individual é só a gente, cada um por si. Já por equipes você pode contar com suas colegas e elas contam com você, é maravilhoso”, analisou a jovem, que tem companheiras de outras cidades do Espírito Santo como Cariacica e Guarapari.

Trabalhando e confiando, Victoria vai conseguindo os resultados que almeja e, claro, contando com a união da família, para quem ofereceu a importante conquista desta segunda-feira. “Dedico essa medalha para o meu pai, meu professor desde o começo, para minha mãe e para Deus, porque sem ele eu não estaria aqui”.

Título no masculino fica com o Rio de Janeiro


Equipe do Rio ergue Lenny William Viana, o herói do dia

Já no masculino, a vitória ficou com o Rio de Janeiro, que superou São Paulo por 3 a 1 na decisão. O ponto decisivo foi marcado por Lenny William Viana (até 48kg), que conseguiu uma virada espetacular para fechar a luta com um touche (ato de dominar o adversário com as costas encostadas no solo, movimento que encerra a luta).

“Foquei no treino, parei e pensei: não vou deixar entrarem na minha cabeça e vou dar o meu melhor. Depois de tomar uma pontuação, falei: agora que estou perdendo, vou ter que arriscar. Entrei para cima dele, arrisquei, derrubei e consegui ‘touchar’”, analisou.

O garoto conta que não sentiu o peso de ter que definir o confronto porque sentiu o apoio de todos da equipe.

“Foi muito bom ter a responsabilidade (de encerrar a luta). Senti que os meus colegas e meu professor confiavam em mim e fico muito feliz com isso. Na hora que eu ganhei, dei um grito em cima do menino e tomei um cartão amarelo. Antes de entrar, eles (de São Paulo) sempre entram fazendo umas brincadeiras, aí eu tive que dar esse grito pra extravasar”, contou Lenny, que pratica wrestling e jiu-jitsu no Projeto Rio Sparta, na comunidade Tabajaras, na zona sul do Rio de Janeiro, desde os quatro anos de idade.

Wrestling nos Jogos da Juventude

A modalidade se despede dos Jogos da Juventude Ribeirão Preto (SP) nesta segunda. O Espaço Esmeralda, no Centro de Convenções Taiwan, vai receber o judô a partir da próxima quarta-feira.

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