A um ano dos Jogos Olímpicos de Inverno, Time Brasil já tem vaga garantida em Milão-Cortina 2026
Manex Silva, no esqui cross-country cumpriu os requisitos mínimos exigidos e garantiu a classificação do país; expectativa é ter de 15 a 20 atletas em até 8 modalidades
![Manex Silva em Pequim 2022. Tim Clayton/Corbis via Getty Images Manex Silva em Pequim 2022. Tim Clayton/Corbis via Getty Images](/_next/image?url=https%3A%2F%2Fadmin.cob.org.br%2Fuploads%2FGetty_Images_1391474743_fa33c90ce5.jpg&w=1920&q=75)
Manex Silva em Pequim 2022. Tim Clayton/Corbis via Getty Images
Nesta quinta-feira, 06/02, faltará apenas um ano para a próxima edição dos Jogos Olímpicos de Inverno. E o Time Brasil já está garantido em Milão-Cortina 2026. Manex Silva, atleta nascido em Rio Branco e que reside no País Basco, na Espanha, estabeleceu o índice da cota básica no esqui cross-country masculino durante disputa do Mundial de Esqui Cross-Country sub-23 deste ano. A vaga é do país e a Confederação Brasileira de Desportos na Neve (CBDN) convocará o atleta melhor ranqueado ao final da próxima temporada, mais próximo de Milão-Cortina.
“A vaga para os Jogos foi uma coisa que me pegou um pouco de surpresa. Não estava pensando nisso. Meu objetivo era estar entre os 30 primeiros para passar para as quartas-de-final e lutar por um resultado melhor. Mas estou satisfeito porque essa temporada não estava conseguindo fazer bons resultados e acho que ontem consegui fazer um bom desempenho na corrida”, comentou o atleta que também representou o Brasil nos Jogos Olímpicos de Inverno da Juventude Lausanne 2020, é dono da melhor pontuação de um brasileiro no esqui cross-country em Jogos Olímpicos de Inverno, feito conquistado em Pequim 2022.
“A expectativa agora é continuar treinando forte, fazer bons resultados. Depois do Mundial Sub-23, temos o Mundial Adulto em Trondheim, na Noruega, e também gostaria de fazer um bom desempenho lá. Depois disso, é ficar treinando e tentar melhorar para o ano que vem poder competir nos Jogos Olímpicos. Meu sonho seria entrar no top 30 no sprint das Olimpíadas. É um objetivo difícil de conseguir, mas não impossível. Tem que trabalhar duro para chegar lá”, completou o atleta que foi porta-bandeiras da Cerimônia de Encerramento em Pequim 2022.
Outra vaga bem encaminhada é a de Nicole Silveira, no skeleton. A brasileira vem tendo uma temporada de grandes resultados. No último dia 25 de janeiro, ela conquistou a inédita medalha de ouro no Campeonato Pan-Americano, disputado em Lake Placid, nos Estados Unidos. Antes, a “braba” do gelo havia vencido uma etapa da Copa da Ásia e se tornou a primeira brasileira a medalhar em uma etapa de Copa do Mundo em esportes de inverno, com o bronze em PyeongChang, na República da Coreia.
“Minha temporada está sendo incrível e cheia de momentos históricos. Conquistar minha primeira medalha em uma etapa de Copa do Mundo foi um sonho realizado, além de vencer o geral da Copa da Ásia, o bronze em St. Moritz e ser campeã pan-americana. Esses resultados são fruto de muito trabalho e dedicação, e me dão ainda mais confiança para seguir em frente”, contou Nicole.
“As expectativas para voltar aos Jogos Olímpicos estão altas. Estou focada em melhorar a cada temporada e em usar tudo que aprendi para me preparar da melhor forma possível. Representar o Brasil em mais uma Olimpíada seria uma honra imensa, e meu objetivo é continuar fazendo história e mostrando que, com determinação, qualquer sonho é possível”, completou a gaúcha de Rio Grande, que em Pequim 2022, fez sua primeira participação Olímpica, com a 13ª colocação, melhor resultado do Brasil em esportes no gelo em Jogos Olímpicos de Inverno.
Nicole Silveira em ação no skeleton - Foto: Thomas Eisenhuth/Getty Images
O Comitê Olímpico do Brasil (COB) valoriza os esportes de inverno do Brasil e trabalha em conjunto com a CBDG e a CBDN para que as modalidades de gelo e neve sigam a evolução que vem acontecendo nos últimos anos. “Cada vez mais o Brasil se aproxima de uma medalha em Jogos Olímpicos de Inverno. Isso é fruto de um trabalho de anos de busca de atletas e apoio na preparação de cada um deles, um trabalho muito bem feito pelas confederações de inverno. As medalhas recentes em etapas da Copa do Mundo, principalmente no skeleton e no esqui alpino, são motivo de muito orgulho. Vamos trabalhar em ainda mais consonância nos próximos meses para dar todo o suporte necessários aos atletas que buscam classificação”, disse Marco La Porta, Presidente do COB.
A expectativa do COB, CBDG e CBDN é ter de 15 a 20 atletas em até 8 modalidades em Milão-Cortina 2026. Veja abaixo um panorama do Brasil em cada uma das modalidades nos Jogos Olímpicos de Inverno:
Esqui Alpino
Graças aos bons resultados dos atletas brasileiros do esqui alpino, especialmente de Lucas Pinheiro Braathen, atleta que começou a representar o Brasil nesta temporada, o país extraoficialmente já tem uma cota básica masculina. Ele já conquistou três medalhas no Circuito Mundial: duas pratas (em Beaver Creek, nos EUA, e em Adelboden, na Suíça) e um bronze em Kitzbühel. Ele também possui três quartos lugares. Inclusive, a medalha em Beaver Creek foi o primeiro pódio do país em uma competição deste nível em esportes de neve, o segundo em modalidades de inverno (a primeira foi da Nicole). Mas o desempenho dele na Copa do Mundo pode abrir uma ou até duas vagas extras, a depender do ranking de largada da Copa do Mundo, que fecha em 18 de janeiro. No masculino, outros nomes na corrida olímpica são Cristoph Brandtner, Giovanni Ongaro e Valentino Caputi.
No feminino, o Brasil também está perto de atingir a cota básica feminina com Alice Padilha. Falta só um resultado abaixo dos 120 pontos na prova de slalom e três na de slalom gigante para que ela consiga a vaga. Outra atleta na disputa é Emily Magnani.
Vale destacar que a modalidade é a única em que o Brasil esteve representado em todos os Jogos Olímpicos desde que estreou na competição em Albertville 1992.
Esqui cross-country
Além da vaga aberta por Manex, o Brasil precisa de um resultado abaixo dos 330 pontos FIS no Mundial Sub-23 ou no Mundial Adulto para garantir uma cota feminina. Ao final da temporada, em março, se o Brasil estiver entre os 30 melhores no ranking de nações, consegue duas cotas, em cada gênero. Entre as principais atletas do esqui cross-country estão Bruna Moura, Eduarda Ribera, Jaqueline Mourão, Mirlene Picin, Claudio Gustavo Oliveira e Victor Santos.
Esqui Estilo Livre
No esqui estilo livre, os principais representantes do Brasil são os irmãos Dominic e Sebastian Bowler. A classificação é via ranking da Copa do Mundo. Eles precisam ter um top 30 de Copa do Mundo ou do Mundial, que vai ser disputado em março, e também terminar o prazo de classificação olímpica, em 18 de janeiro de 2026, com 50 pontos FIS no ranking.
Esqui montanhismo
No esqui-montanhismo, o Brasil será representado por Charles de Candoli no Mundial, que distribuirá vagas. Ele precisa ir muito bem na competição para conseguir a classificação.
Snowboard
No snowboard, na prova de Halfpipe, o Brasil tem boas chances com Augustinho Teixeira. Ele já tem mais de um top 30 em etapa de Copa do Mundo e possui boa pontuação FIS. No ranking, hoje, ele está dentro das 25 vagas do Halfpipe, mas o ranking só fecha em 18 de janeiro de 2026. Ou seja, precisa seguir somando pontos em Copas do Mundo.
Nas provas de Big Air e Slopestyle, o principal atleta do Brasil é Luca Mantovani Merimee, atleta que defendia a França e passou a competir pelo Brasil, país de sua mãe, nessa temporada. Ele ainda não estreou na temporada por conta de uma lesão, mas precisa disputar etapas da Copa do Mundo para ficar elegível. Para isso, necessita ter 50 pontos FIS no mínimo e um top 30 Copa do Mundo, além de somar pontos no ranking.
No Snowboard Cross, o nome do Brasil na corrida para Milão-Cortina é Noah Bethonico. O irmão de Zion, medalhista nos Jogos da Juventude Gangwon 2024, já tem uma experiência olímpica com os atletas mais jovens, em Lausanne 2020. Ele precisa de 100 pontos FIS, um top 30 de Copa do Mundo e estar bem colocado no ranking da Copa do Mundo para conseguir uma das vagas.
Biatlo
No Biatlo, Gaia Brunello, outra atleta que resolveu defender as cores do Brasil a partir desta temporada, é a grande esperança de classificação brasileira para Milão-Cortina 2026 na modalidade. Ela está muito próxima da vaga, já que o biatlo define a maioria das classificações para os Jogos Olímpicos com o ranking da Copa do Mundo dessa temporada mas sobram 12 vagas para a próxima temporada. A Gaia está melhorando no ranking mundial e já está entre as melhores colocadas para as vagas restantes, que só serão definidas em janeiro de 2026.
Bobsled e Skeleton
No bobsled e skeleton, a classificação será definida através da pontuação no ranking da próxima temporada. Tanto Nicole Silveira, no skeleton, quanto o quarteto do bobsled (Edson Bindilatti, Edson Martins, Erick Vianna e Rafael Souza) já cumpriram os critérios mínimos para se tornarem elegíveis às vagas. Agora é manter a boa fase para estar bem colocado no ranking internacional da IBSF (Federação Internacional das modalidades) da próxima temporada.
Patinação Artística
Na patinação artística, o Brasil conta com o casal da dança no gelo Natalia Pallu-Neves e Jayin Panesar. A maioria das vagas será definida no Mundial da modalidade, em março. A dupla brasileira ainda não está classificada para a competição e tem até o final deste mês para isso. Eles terão mais dois torneios que irão disputar para tentar a classificação. Caso não consigam o índice ou vaga para o Mundial, eles mantêm uma última chance entre agosto e setembro, em torneio ainda a ser definido.
Patinação velocidade
Na patinação de velocidade, a maior chance de classificação do Brasil é com Júlia De Vos, de 19 anos, que também estreou defendendo o verde-amarelo nessa temporada. A definição das vagas é pela Copa do Mundo da temporada que vem, que deve ter quatro etapas entre outubro e dezembro. Ela já é a detentora do recorde nacional nos 500m (41s13) e 1000m (1min22s79). Para ser elegível para a Copa do Mundo adulta, Júlia precisa fazer os 500m abaixo de 40s.
Patinação velocidade – pista curta
As vagas da patinação velocidade - pista curta vai ser pelo ranking da Copa do Mundo da temporada que vem. O principal nome do Brasil é o Lucas Koo, que conseguiu bons resultados no Mundial e na Copa do Mundo Júnior. Entre os adultos, o filho de brasileiro e norte-americana com ascendência sul-corena, ele já conseguiu classificação entre os 20 melhores em etapa de Copa do Mundo (17º em Seul). Se mantiver esse desempenho na próxima temporada, pode conseguir a vaga.
Não temos atletas praticantes ou não temos chances de classificação atualmente em modalidades como curling, hóquei no gelo, luge, salto de esqui e combinado nórdico.