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Jogos da Juventude

Jovens venezuelanos encontram caminho graças ao basquete do Amazonas: “Pilares”

Treinador Yuri Lima destaca papel de Steven, Faverson e Carlos na equipe; Jogos da Juventude ajudaram garotos a ganhar oportunidade de estudo e a se adaptar ao Brasil com mais facilidade

Por Comitê Olímpico do Brasil

15 de set, 2023 às 14:40 | 7 min de leitura

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De acordo com dados da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), estima-se que mais de 6 milhões de refugiados e migrantes venezuelanos haviam deixado o seu país de origem até o início de 2022. Destes, aproximadamente 350 mil tiveram como destino o Brasil, sendo 40 mil para o Amazonas. Uma pesquisa da ACNUR e Pólis Pesquisa apontou que mais da metade da população venezuelana em Manaus pode contribuir com a diversificação da economia e desenvolvimento local, porque contam com formação de nível médio, técnico ou superior em áreas como educação, administração e engenharia.

Contudo, as pessoas refugiadas e migrantes da Venezuela que têm empregos formais ou informais recebem menos que os brasileiros com a mesma formação e 15% das mulheres venezuelanas não trabalham fora de casa por ter que cuidar das crianças ou da família. Além disso, um terço dessas mães são as únicas responsáveis por cuidar do sustento e de demais membros da casa.



Uma situação complexa que exige um trabalho conjunto entre brasileiros e venezuelanos para que algo da realidade de migrantes e refugiados mude. Um bom exemplo de como seguir pode vir, justamente, do esporte. A equipe masculina do Amazonas conta com três jogadores nascidos no país vizinho, que ganharam bolsas de estudos para poderem jogar e representar a instituição, a cidade e o estado.

“Na nossa equipe, eles são os pilares, cada um tem uma função muito importante. Nós, como escola, tivemos esse acolhimento para com eles, justamente por perceber o esporte como uma válvula de escape de diversas situações problemáticas. Quando você sai do seu país para outro, precisa se reestruturar”, comentou o treinador Yuri Lima, que detectou o talento nos jovens e os indicou para as bolsas de estudos no CMPM 1.



O Amazonas encerrou a participação nos Jogos da Juventude nesta sexta-feira (15) contra o Espírito Santo, lutando para permanecer na segunda divisão do basquete. Anteriormente, já haviam enfrentado Distrito Federal, Goiás e Paraíba sem sucesso. Apesar disso, Steven, Faverson e Carlos têm motivos para comemorar.

“É a primeira vez que eles disputam um torneio nacional. A equipe foi formada pensando em um projeto de médio prazo, para o ano que vem. Por isso, todos que os jogadores que estão aqui em Ribeirão Preto têm menos de 16 anos e poderão voltar aos Jogos no ano que vem. Era muito importante para nós que eles tivessem essa experiência”, completou o treinador, que, contando com os três, foi campeão amazonense e disputou outras competições regionais.



“Faz dois anos que eles começaram a estudar e treinar conosco e estão bastante integrados ao Brasil, com a equipe. Dois deles já estão falando português fluentemente. São muito queridos por todos da equipe. Acredito que conseguimos tirar eles de uma situação bastante vulnerável e possibilitamos um caminho”, completou Lima.

E esses não são os primeiros casos de filhos de migrantes ou refugiados que passaram pelos Jogos da Juventude deste ano, em Ribeirão Preto. Alguns com um pouco mais de sucesso, como Victoria Arvelo, que representou o Espírito Santo no wrestling, e Alejandra Sanchez, que defendeu Pernambuco na ginástica rítmica, outros com menos, como Steven, Faverson e Carlos, do basquete do Amazonas.

Mas todos eles com um caminho a seguir graças aos Jogos da Juventude e ao esporte olímpico.



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