Brasil encerra participação na vela com 9º lugar de Fernanda e Ana Barbachan na 470
Dupla foi responsável por representar o país na última regata dos Jogos Olímpicos Tóquio 2020. Modalidade ainda teve ouro de Martine e Kahena e finais em outros três barcos
As disputas da vela nos Jogos Olímpicos Tóquio 2020 terminaram
nesta quarta-feira, 4 de agosto, com as regatas da medalha da classe 470.
Fernanda Oliveira, primeira mulher a conquistar medalha na vela, o bronze em
Pequim ao lado de Isabel Swan, e Ana Barbachan foram as representantes
brasileiras em Enoshima e fecharam a participação delas na 9ª colocação geral,
com o 10º lugar na regata final.
“Nós já fomos sexto e oitavo em outras edições dos Jogos. Então, a regata de
hoje pedia que a gente tentasse alguma coisa diferente para tentar subir na
classificação. Isso acabou não acontecendo. Não conseguimos ir para o grupo da
frente no início da regata e ainda cometemos um erro no final que ainda
passaram dois barcos por nós, que comprometeram duas posições no geral. A gente
já sabe que se não arrisca, não anda na frente. É um balanço difícil de fazer.
Mas estamos felizes com a campanha que a gente fez, vencendo duas regatas da
série”, disse Fernanda.
“Quando você se propõe a competir no esporte de alto rendimento, no nível
olímpico, a gente está sujeito às coisas não darem certo. Todo mundo aqui
procura a excelência, está preparado para fazer o seu melhor, mas às vezes não
acontece. Temos que fazer as leituras certas e levar as coisas positivas para o
futuro. O gosto ruim daqui a pouco passa e ficam os ensinamentos e as coisas
boas”, analisou Ana.
Essa foi a despedida da parceria que já dura mais de 10 anos. A partir de Paris
2024, a classe 470 passa a ser mista. “Eu sabia que ia ser um momento especial,
não só pelo ciclo, por toda a magia dos Jogos Olímpicos que a gente já conhece,
mas também pelo encerramento dessa parceria tão especial, de 12 anos. Passei um
terço da minha vida velejando com ela. E é uma coisa que me dá muito prazer e
me fez muito feliz nesse tempo. Cresci como atleta, como pessoa, aprendi muita
coisa e o choro de hoje não é por causa de resultado. Resultado depende de
muita coisa, a gente já tá cascorada dessa situação, de vez em quando as coisas
não saem como a gente planeja, as vezes as adversárias estão melhores. O choro é
pelo fim desse ciclo, por tudo que a gente construiu, pelo meu crescimento
pessoal. Por tudo isso, é momento muito especial para mim”, contou Ana.
Agora, as duas agora voltam para casa e vão analisar os próximos passos.
“A 470 passa a ser mista e, obrigatoriamente, temos que velejar com homens. Vamos
voltar pro Brasil e pensar direito como vamos organizar o ciclo de Paris”,
disse Fernanda.
“Vamos voltar pra casa, foi muito intenso no Japão, ficamos aqui muito tempo
com restrições, muito fechado e isso acho que deixa tudo naturalmente mais
tenso. Foram quase 30 dias bem intensos. Agora eu acho que os próximos passos
são voltar pra casa, dar uma descansada. Importante depois de um projeto como
esse, de um ciclo olímpico de cinco anos, dar uma sentada, baixa a poeira,
fazer uma análise sem o calor da emoção e cada um seguir seu projeto”, contou
Ana.
O Brasil termina a participação na vela em Tóquio tendo como principais
resultados o ouro de Martine Grael e Kahena Kunze na 49erFX, e as participações
nas regatas dos barcos da laser, com Robert Scheidt (8º), da 470 com Fernanda e
Ana (9º), com a RsX de Patrícia Freitas (10º) e com a Nacra 17 de Gabriela
Nicolino e Samuel Albrecht (10º). A modalidade soma, agora, 19 medalhas
olímpicas na história, sendo oito de ouro, três de prata e oito de bronze.
“Eu acho que a participação foi dentro do objetivo que era manter a tradição de
conquistar medalha. Foram poucas ocasiões que tivemos mais de uma medalha.
Diante das circunstâncias, terminamos aqui como o quinto melhor país na vela,
com uma medalha de ouro que foi histórica. Isso, somado a quatro participações
na regata final, mostra uma situação boa, principalmente se contarmos que boa
parte da equipe ficou impossibilitada de treinar e competir na Europa por causa
da pandemia. As equipes que tiveram melhor condição de treinar foram as meninas
do 49erFX porque as duas têm passaporte europeu e o Robert que mora na Itália.
Os outros tiveram muita dificuldade de viajar e isso traz um impacto no
treinamento. Mesmo assim, acredito que o balanço é positivo”, disse Torben
Grael, chefe da equipe.