Campeã dos 100m recorda problemas com asma no passado e comemora: 'O esporte me salvou'

“Ai, é muita felicidade, gente! Não estou acreditando. Ainda baixei a minha marca! Não imaginava que seria a mais rápida assim.” Vitória Lorrane da Silva era só alegria após ganhar o ouro nos 100m feminino nos Jogos da Juventude Aracaju 2022. A jovem mais rápida do Brasil vem de Pernambuco e completou a prova em 12,62seg numa chegada emocionante em disputa com a Natalia Campregher, que chegou dois décimos atrás para ficar com a prata. “Eu não achava que ia ganhar, juro”, revela.

Mas venceu. Para sua surpresa, ainda que não devesse. “Nunca acreditei muito em mim. Que bom que meu técnico acredita. Foi ele que viu meu potencial e me chamou para treinar. Comecei mesmo como uma brincadeira de criança. Mas na primeira prova eu venci e ele disse que a partir daquele momento eu não ia mais querer parar”. Andre Carlos, o treinador, estava coberto de razão. “Hoje em dia, quando falto a um treino, eu sinto como se estivesse passado um dia sem comer, sabe? Sinto falta mesmo”, conta a atleta, de 16 anos de idade.

Nas lembranças de Vitória estão momentos difíceis. “Fui uma criança asmática. Nunca saí muito de casa. E moro numa cidade do interior, onde não tem muito o que fazer”, recorda-se. Pesqueira, sua cidade, está distante a 215 km da capital do estado, Recife. “Minhas amigas saíam, minhas irmãs. Eu, nem tanto. Hoje em dia, quando saio para viajar e ganho medalha, nossa, que alegria”, comemora.

A coragem de encarar o esporte mesmo sentindo limitações a levou longe. “No começo dos meus treinos eu ainda tive algumas grandes crises de asma, lembro de uma numa das primeiras viagens e meu técnico me ajudou muito naquela hora”, conta. Mas isso não a fez recuar. Se não tivesse sido o atletismo, hoje provavelmente eu ainda estaria em casa. Mas o treinamento foi ajudando meu pulmão a se adaptar e resistir. Até que nunca mais tive uma crise. O esporte me salvou.”