Conheça o novo presidente do COB, Marco La Porta
La Porta foi atleta de pentatlo militar, técnico e dirigente de triatlo, presidente da CBTri e vice-presidente do COB antes de chegar à presidência
Marco La Porta, novo presidente do COB. Foto: Rafael Bello/COB
Quando teve seu primeiro contato com o Comitê Olímpico do Brasil (COB), pouco mais de duas décadas atrás, Marco La Porta não poderia imaginar que chegaria à presidência da entidade que lidera o Movimento Olímpico no país em tão pouco tempo.
Então treinador da recém-criada equipe de triatlo das Forças Armadas, entrou na antiga sede do COB na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, para fazer curso de capacitação de treinadores da modalidade, ligado à Solidariedade Olímpica.
Saiu de lá propondo ao então presidente da Confederação Brasileira de Triathlon (CBTri) que todo aquele novo conhecimento não ficasse só com ele, mas fosse aproveitado de alguma forma pelo esporte brasileiro.
“O presidente da época, Carlos Fróes, veio me perguntar como tinha sido. Eu disse que foi ótimo, mas que esse conhecimento não podia morrer comigo. Sugeri criar um programa de capacitação de treinadores da confederação. Uns seis meses depois, ele me ligou me chamando para ser coordenador do curso de formação que a CBTri iria implantar.”
Diferente de sua parceira no comando do COB, Yane Marques, medalhista olímpica do pentatlo moderno em Londres 2012 e agora vice-presidente, La Porta não foi um atleta de ponta. Também fez pentatlo, é verdade, mas o pentatlo militar, que reúne cinco esportes essencialmente militares, entre eles a natação com obstáculos e a Pista de Progressão Militar.
Carioca de Realengo, filho de pai militar e criado neste meio, Marco La Porta entrou aos 18 anos para a Escola de Educação Física do Exército (EsEFEX), na Urca, onde cursou Educação Física. O ‘calção preto’ (como são chamados os alunos desta instituição) chegou a jogar futebol como lateral-direito nos campeonatos internos, mas se encontrou mesmo como treinador.
O agora presidente do COB montou uma equipe para participar do primeiro campeonato de triatlo das Forças Armadas, em 2001, e não parou mais.
Fez pós-graduação em Treinamento Desportivo, mestrado em Ciências do Esporte e Ciência da Motricidade Humana e virou técnico da equipe das Forças Armadas. Depois, passou a treinar também atletas de alto rendimento a partir de 2005 e ajudou a montar o Programa de Incorporação de Atletas de Alto Rendimento (PAAR).
“Minha relação com as Forças Armadas sempre foi muito ligada ao esporte. Eu saí de lá no auge dos Jogos Mundiais Militares, passei muito tempo convocado, treinando a equipe que ia para os Jogos. O pessoal até brincava que eu praticamente não aparecia no quartel, até que eu fui para a reserva, em 2014”, conta.
Quando ainda estava no Exército, La Porta foi coordenador técnico da prova de triatlo dos Jogos Pan-Americanos de 2007, que aconteceu em Copacabana.
Depois de um desempenho abaixo do esperado do triatlo brasileiro em Pequim 2008, La Porta se tornou diretor técnico da CBTri, posto que ocupou até 2016. Convidado por Jorge Bichara, seu ex-chefe no Comitê Organizado do Pan, para trabalhar com ele no COB, respondeu que aceitaria, sim, mas só depois da Rio 2016.
Mas foi convencido a mudar de planos.
“Tinha acabado os Jogos Pan-Americanos de Toronto, resultado ruim, primeira vez do triatlo sem medalhas, todo mundo desolado. Em um jantar com os atletas alguém comentou que ia ter eleição na CBTri, perguntaram quem ia assumir, eu disse que deveria ser algum presidente de federação. Aí me perguntaram por que eu não concorria. Eu disse que não era minha praia, não queria me meter, pedi para me tirarem fora dessa, não botassem pilha errada. Cheguei no quarto, o Sérgio Santos (técnico português) disse que eu deveria pensar sério nisso, e colocou uma pulguinha atrás da minha orelha. Conversei com os atletas do passado, Virgílio de Castilho, Armando Barcellos, Marcos Ornellas, e eles falaram: ‘tem que ser você’.”
Curiosamente, La Porta concorreu contra um ex-atleta, Juraci Moreira, hoje um grande amigo e agora membro da CACOB. Ganhou por 18 votos a 4 e assumiu a CBTri para um mandato que acabou sendo curto.
Recém-chegado ao cargo, mas já bem-quisto no movimento olímpico, foi escolhido como candidato de um grupo de confederações em eleição para a vice-presidência do COB, em 2018, após Carlos Arthur Nuzman renunciar e Paulo Wanderley Teixeira, então vice, se tornar presidente. Venceu com 44 votos, contra três do atleta olímpico de basquete Marcel Souza.
La Porta renovaria seu mandato como vice-presidente do COB na eleição de 2020, em chapa com Paulo Wanderley, quando concorreu diretamente contra chapa na qual Emanuel Rego era o candidato a vice. Quatro anos depois, La Porta escolheu o campeão olímpico para ser o CEO em sua gestão.
“Se eu tenho um adversário eleitoral que tem qualidades para me ajudar, é claro que eu vou querer que ele me ajude. Eu acho que ele tem todas as qualidades para estar aqui do meu lado.”
Agora como presidente do COB, La Porta busca uma gestão eficiente, para que os investimentos gerem retornos na atividade fim do COB, que é a busca por medalhas nos Jogos Olímpicos. Se antes o comitê tinha oito diretores, agora serão quatro. Manoela Penna, de Comunicação e Marketing, e Marcelo Vido, de Operações, já tomaram posse, e Emanuel, se aprovado pelo Conselho de Administração, será o Diretor-Geral, acumulando provisoriamente a pasta de Esportes.