Em processo de renovação, seleção feminina de basquete começa bem o novo ciclo olímpico
Logo na primeira competição, equipe brasileira chega às quartas de final da AmeriCup com 100% de aproveitamento

Foto: Divulgação FIBA/ AmeriCup
A Seleção Brasileira feminina de basquete iniciou o novo ciclo olímpico mostrando a que veio. Com 100% de aproveitamento na fase de grupos da AmeriCup, principal torneio continental das Américas, a equipe se classificou em primeiro lugar no grupo A para as quartas de final.
Sob o comando da técnica norte-americana Pokey Chatman desde dezembro, a equipe vive um momento de reformulação, mesclando a experiência de jogadoras já conhecidas, como Kamilla Cardoso, com jovens talentos convocados pela primeira vez.
“É o início de um trabalho e todo início requer calma. Hoje somos um time melhor que ontem e trabalhamos para que esteja sempre evoluindo”, afirma Pokey Chatman. “Nossa meta é buscar confiança, defender sempre melhor e criar um ambiente onde todas saibam que são importantes”, projeta a treinadora, que também faz parte do processo de renovação da equipe.
“Eu acredito que estamos vivendo um momento muito promissor para nossa Seleção. Temos um grupo jovem, talentoso, extremamente comprometido. Mas, ao mesmo tempo temos jogadores experientes que ajudam a dar equilíbrio e liderança dentro e fora das quadras”, avalia Kamilla Cardoso, pivô da seleção, jogadora do Chicago Sky, da WNBA, liga profissional dos Estados Unidos, e um dos principais nomes desta nova equipe.
A campanha até agora é consistente. A Seleção Brasileira venceu a Argentina por 71 x 50 Argentina; o Canadá por 74 x 65; a República Dominicana por 73 x 46; e El Salvador por 106 x 49. Para Kamilla, os bons resultados vêm sendo construídos pela boa atuação da defesa, sendo uma das melhores do torneio com cerca de dez roubos de bola por jogo. “Nesses últimos jogos a gente criou uma identidade que é de defesa, de roubar bola, de bloquear, pegar rebote ofensivo e defensivo, marcar muito bem, pressionar as jogadoras”, destaca a jogadora.
Na Seleção Brasileira adulta desde 2021, Kamilla Cardoso conta que busca trazer muito do que aprende na equipe sua equipe norte-americana para as colegas de time no Brasil. “Tento passar desde o ritmo de jogo até a mentalidade profissional. Principalmente para as mais novas, dando conselho, ajudando no treino, não só eu como todas as mais experientes, a gente está sempre ali”, conta.
O trio Damiris Dantas, Kamilla Cardoso e Bella Nascimento é o grande destaque do Brasil nesse início de ciclo, o que evidencia o processo de renovação da equipe. Enquanto a veterana Damiris segue brilhando, com mais de 400 pontos marcados na história do campeonato, Bella vive sua primeira convocação na amarelinha.
“Representar o Brasil era meu sonho de infância e finalmente estar aqui é uma bênção. As meninas são super simpáticas e acolhedoras. Queremos continuar jogando duro e fazendo história”, conta a jovem armadora.

Na história da AmeriCup, o Brasil soma seis títulos, sendo o último conquistado em 2023. Mais ainda que esteja invicta até o momento, a treinadora Pockey prefere olhar para um jogo de cada vez, sem perder o foco. “Nosso objetivo é o título, que nos coloca direto no Mundial e competindo sempre entre as melhores. É passo a passo, sem atropelar objetivos”, disse.
O principal objetivo da equipe é voltar a se destacar no cenário mundial da modalidade, já que esteve de fora das últimas edições dos Jogos Olímpicos. “Sinto que estamos em uma crescente, com o foco em fortalecer essa nossa identidade, continuar ganhando e fazer o máximo pro Brasil poder estar de volta às Olimpíadas”, disse Kamilla.
Para Pockey, a inspiração na vitoriosa trajetória brasileira é fundamental para o processo de formação do novo grupo. “O Brasil tem uma história riquíssima, uma camisa pesada e é importante que as meninas saibam disso, o que significa defender o Brasil. Isso nunca será perdido”, garante a técnica.
Se hoje Kamilla é um dos principais nomes da equipe e lembra com nostalgia de quando chegava na Seleção, a pivô nunca escondeu que teve Érica como grande inspiração na carreira. “Saber que eu sou inspiração para várias pessoas é maravilhoso. Um dia eu fui a garotinha que sentava naquele lugar da quadra e era fanática pela Érica e outras jogadoras. E hoje eu posso ser a jogadora em que as garotinhas se inspiram, isso é muito importante para mim”, afirma Kamilla. “Eu quero que minha trajetória possa abrir portas e fortaleça a confiança de outras meninas que sonham com esse caminho. É importante estar ali mostrando para todas que elas devem acreditar nos seus sonhos”, conclui.
O Brasil volta às quadras nesta sexta-feira, contra o México pelas quartas-de-final do campeonato. A grande decisão será realizada no domingo, dia 6.