Muralhas, Maria Eduarda e Isabelle defendem o gol do handebol do Rio de Janeiro nos Jogos da Juventude CAIXA Brasília 2025
Goleiras do Rio de Janeiro, Maria Eduarda e Isabela da Silva Pereira transformam desafios em combustível para brilhar nos Jogos da Juventude CAIXA 2025

No portão de chegada do aeroporto, Brasília ainda era novidade: primeiro voo, frio na barriga, a cidade vista lá de cima. Mas dentro da quadra, nada de timidez. Duas jovens assumiram a responsabilidade de defender o gol do Rio de Janeiro no handebol dos Jogos da Juventude CAIXA Brasília 2025: Maria Eduarda Oliveira, 16 anos, e Isabela da Silva Pereira, de 15. E as duas saem da competição maiores do que chegaram: mais confiantes, mais experientes e mais donas do próprio caminho.
“Estar aqui é a realização de um sonho. É minha primeira vez fora do meu estado e fico muito feliz de levar o nome da minha escola e do Rio”, diz Maria Eduarda.
Natural de Minas Gerais, ela se mudou para o Rio aos 12 anos e foi morar em São Gonçalo. Na escola, a virada: trocou a peteca pelo handebol, começou como pivô e, incentivada pelas técnicas, entrou no gol. As primeiras semanas foram duras. Ficou. E deu certo. Veio a bolsa de estudos para o Colégio Odette Sao Paio, os jogos escolares e a indicação entre as melhores goleiras do Rio.
“A gente montou uma seleção com o Colégio Santa Mônica e hoje estou aqui, muito grata. É uma loucura ver meninas tão experientes. Fazer a figura certa e explodir na bola delas é gratificante demais”, contou.
Já Isabelle encontrou o caminho até o gol de outra forma. Entrou no esporte pelo judô, com bolsa de estudos, até descobrir o handebol na escola Geração Feliz. A paixão foi imediata. Depois de anos de treino, veio o susto: uma lesão no joelho a tirou das quadras por dois meses.
“Disseram que talvez eu não conseguisse voltar. Chorei muito, mas persisti. Fiz fisioterapia, cuidei da cabeça e voltei. Persistência é a chave, e o handebol é a minha vida”, relembrou Isabelle.
A força também mora nas lembranças. Em abril, a avó de Isabela, Lenira Maria, referência de luta e superação para a família, faleceu após um AVC. Foi a ela que a jovem atleta recorreu quando retomou o gol.
“Quando pisei de novo na quadra, senti minha avó ao meu lado. Eu sabia que estava no caminho certo.”, contou emocionada.
Os caminhos para chegar a Brasília foram diferentes, mas o alicerce é o mesmo: família, estudo e rotina. Maria Eduarda sente a saudade da mãe, Nayara, e do irmão caçula nos dias longe de casa. Já Isabelle fala da mãe, alagoana e costureira, que trabalha madrugada adentro para entregar as encomendas e estar por perto; do pai, motorista, sempre pronto para buscá-la no ponto depois dos treinos; e da avó, que virou norte para cada decisão.
Em comum, as duas aprenderam cedo que o psicológico é a chave: lidar com lesão, com medo, com a responsabilidade de um jogo que cabe inteiro entre as mãos. E em Brasília, também descobriram o tamanho do país dentro de um ginásio.
“Eu não sabia que tinha tanto handebol fora do Rio. Ver meninas de tantos estados, algumas com passagem por seleção, é motivador”, diz MR, como Maria Eduarda é chamada pelas companheiras.
Para as futuras jogadoras de handebol, fica a contribuição das duas: cuide do corpo e da cabeça. E, sobretudo, apareça. Treino após treino, em dia bom e em dia ruim, porque a constância vira confiança. Para elas, que chegaram aos Jogos da Juventude CAIXA Brasília 2025, a competição é o pontapé inicial de uma linda trajetória.
“O handebol me deu a chance de estudar numa escola boa, conhecer pessoas novas e sonhar mais alto”, diz MR. “Se eu pudesse dizer algo para quem sonha estar aqui, seria: não desista. Persista até o fim. A quadra pode ser o seu lugar também”, finalizou Isabela.
A dupla volta às quadras nesta quinta-feira (25), para a disputa de terceiro lugar da Primeira Divisão na competição. O Rio de Janeiro enfrentará o Rio Grande do Sul na busca pela medalha de bronze.