Projetos sociais espalhados por todo o Brasil alavancam o atletismo nos Jogos Escolares da Juventude
Programas de quatro regiões do país conquistam resultados expressivos em Blumenau 2019
Pelo menos seis projetos sociais de atletismo com ênfase na educação das crianças de todo o país estão dando o que falar nos Jogos Escolares da Juventude. Eles estão espalhados por Manaus (AM), Ulianópolis (PA), Anápolis (GO), Tupã (SP), Jaguarari (BA) e Cuiabá (MT), sendo exemplos de cidadania através do esporte.
O Projeto Social Áurea Pinheiro Braga, em Manaus (AM), é coordenado pelo professor João Monteiro, 58 anos, e conta com 63 alunos de 12 a 17 anos. “Estamos sempre correndo atrás de apoio. Para pagar as despesas com transporte, alimentação e material, organizamos bingos e rifas. Temos que fazer malabarismo para a turma treinar”.
João está há 44 anos no atletismo e tinha como especialidade os 800m. “Cheguei a competir com o Joaquim Cruz em 1977, quando ele corria descalço ainda. Era novinho, só 14 anos, mas já era uma fera”, lembra João, sobre o campeão olímpico em Los Angeles 1984.
Ana Beatriz Tabosa, 14, talvez seja o principal nome do projeto, tendo conquistado o bronze nos 1.000m, mesmo resultado de Natal 2018.
“No ano passado, viajei de avião, vi o mar, comi churros e pizza de chocolate, tomei água de coco... tudo pela primeira vez na vida. Em 2019, o professor prometeu: ‘se você for ao pódio, vai pode comer uma pizza de chocolate de novo’”, revela Ana Beatriz, que precisou consolar a irmã caçula, Ana Carolina, que ficou desolada com a quarta colocação. “Você só tem 12 anos. Treine bastante que a medalha será sua no ano que vem”.
Presente nos Jogos Escolares há alguns anos, o Projeto Social Atletismo Superação, de Ulianópolis (PA), viu sua equipe crescer em 2019, saltando de dois para nove atletas. “Dessa vez passamos em branco, mas somente o fato de termos mais atletas na disputa me deixa muito satisfeito”, afirma Marco Antônio, coordenador do projeto desde 2012.
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Em Anápolis (GO), o objetivo principal do Projeto Zatopek é resgatar alunos de comunidades carentes ou em situação de risco. “Nossos resultados são muito satisfatórios. Temos uma equipe completa, com fisioterapeuta, nutricionista, fisiologista e quatro técnicos. No ano passado, o Gabriel Douglas se sagrou bicampeão dos Jogos Escolares nos 1.000m e este ano estreou na categoria 15 a 17. Mesmo não alcançando o pódio, ele está cada vez mais experiente”, diz Jean Freitas sobre o aluno do Colégio Estadual Plínio Jaime.
Já a Escolinha de Atletismo Flamengo, comandada pelo professor Ferreirinha, em Jaguarari (BA), conquistou duas medalhas em Blumenau 2019. Estudante do Colégio Walter Brandão, Adriano dos Santos, 17, foi prata nos 400m e 800m.
Outro projeto de destaque é o Instituto Vicente Lenilson, de Cuiabá (MT), que atende 60 alunos entre 8 e 17 anos. Quatro deles disputaram os Jogos Escolares, inclusive o filho do medalhista olímpico, Pedro, de 14 anos, quarto no tetratlo. O principal destaque foi Lissandra Maysa, campeã no salto em distância. “O projeto é voltado à inclusão social, mas os destaques são encaminhados para o alto rendimento”, conta Lenilson, prata em Sydney 2000 e bronze em Pequim 2008, ambas no revezamento 4x100m.
Outro projeto bem-sucedido é o da Escola Estadual Índia Vanuire, de Tupã (SP), que ganhou uma medalha em Blumenau: prata no tetratlo, com Eric Gomes Gabriel. A instituição já havia sido campeã no basquete feminino 12 a 14 anos.
Por fim, o município de Cerro Corá (RN) manteve sua tradição de revelar talentos esportivos. Wesley Mesquita, aluno da Escola Municipal Manoel Belmino, foi o bronze no tetratlo (12 a 14 anos), enquanto Regiclécia Cândido, da Escola Municipal Querubina Silveira, superou uma lesão na coxa para levar o bronze no salto triplo (15 a 17 anos).
Os Jogos Escolares da Juventude são uma realização do Comitê Olímpico do Brasil (COB), com o apoio da Prefeitura de Blumenau e do Governo do Estado de Santa Catarina, por meio da Fundação Catarinense de Esporte (Fesporte).
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