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Título mundial, recorde e superação: os bastidores da campanha histórica de Caio Bonfim no Mundial de Atletismo

Marchador se torna o maior medalhista brasileiro da história do evento e detalha estratégia para recuperar o corpo entre as provas de 35km e 20km

Por Comitê Olímpico do Brasil

25 de set, 2025 às 14:54 | 4min de leitura

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Foto: Jonne Roriz/COB

O ouro inédito em Campeonatos Mundiais, a perda da aliança de casamento durante a prova e a marca de maior medalhista brasileiro na história do evento (quatro) são o retrato da participação de Caio Bonfim no Mundial de Atletismo, em Tóquio (Japão). Mas por trás dos feitos esportivos e do fato inusitado, existe uma questão que acabou ficando em segundo plano: como o marchador se preparou para disputar as provas de 35km e 20km – e alcançar o pódio em ambas – no intervalo de apenas uma semana?

 

Caio foi um dos poucos atletas a ter disputado as duas provas no Mundial e terminou com a prata nos 35km e o ouro nos 20km. Dentre os principais nomes da marcha atlética, somente o francês Aurélie Quinion e o alemão Cristopher Linke adotaram a mesma estratégia – e nenhum deles foi ao pódio. Quinion ficou em quarto lugar nos 20km e quinto nos 35km, enquanto Linke terminou em décimo na prova de menor distância e 14º na mais longa.

 

“Eu sempre fiz muito bem a prova de 35km, sabia que tinha chance de medalha e não podia ficar fora. Falava isso para o presidente da confederação (Wlamir Motta Campos), ele já foi atleta e entende isso. Mas eu precisava ter consciência nesta prova para não estragar os 20km, e precisava de um apoio na parte de recuperação. Foi uma das provas mais sofridas da minha vida, mas conseguimos fazer este trabalho”, revela o marchador brasileiro.

 

O trabalho a que Caio se refere envolve um planejamento especial elaborado por COB e CBAt para o Mundial. Após realizar a preparação pré-competição na altitude de Serra Nevada (Espanha), o marchador contou com o apoio de fisioterapeuta e fisiologista para conseguir se recuperar plenamente entre as provas: foram feitos marcadores de inflamação, monitorados o estoque de carboidrato e o nível de hidratação, além de acompanhamento do peso corporal.

 

Neste intervalo de uma semana entre as provas, Caio não parou de treinar um dia sequer. Menos de 24h após a prata nos 35km, o marchador já estava acumulando quilometragem e fazendo um trabalho regenerativo. A disposição do atleta impressiona, ainda mais em um início de ciclo, quando muitos medalhistas olímpicos costumam “tirar o pé” após a conquista nos Jogos.

 

“Estou com 34 anos, no auge da minha forma, e sou medalhista olímpico. Talvez um atleta possa pensar: ‘não, agora tenho que segurar’. Mas eu quis continuar, meu objetivo sempre é ir até onde o meu talento pode me levar. E agora tenho essa medalha, mais confiança, mais estrutura, mais oportunidades... quero aproveitar isso!”, celebra.

 

Vindo de uma temporada praticamente perfeita, Caio reconhece que precisa descansar e aproveitar alguns dias com a família. Mas a pausa não pode ser muito longa, já que o próximo grande objetivo tem data e local marcados: 12 de abril de 2026, em Brasília, no Mundial de Marcha Atlética.  

 

“Quando Brasília ganhou (a eleição para sediar o Mundial), era no dia do Prêmio Melhor do Ano do Atletismo. Foi uma festa, e será muito importante para a marcha atlética brasileira. Fico feliz por competir em casa, mas crescem também as responsabilidades. Você sabe que a torcida vai estar assistindo, querendo que os brasileiros vão bem. Então nem dá para curtir tanto a medalha, tenho que treinar para chegar na melhor forma possível”.

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