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Hortência de Fátima Marcari

Hortência de Fátima Marcari

modalidade

Basquete

data e local de nascimento

24/09/1959

Potirendaba

edições dos jogos olímpicos

1992

1996

BIOGRAFIA

Hortência não é nossa rainha à toa. Basta ver as palavras da norte-americana Teresa Edwards, lenda do basquete mundial. Dona de quatro medalhas de ouro em Jogos Olímpicos – Los Angeles 1984, Seul 1988, Atlanta 1996 e Sydney 2000 – e bicampeã mundial (1986 e 1990), ela foi eleita a 22ª maior atleta do século XX pela revista Sports Illustrated, uma das publicações esportivas mais respeitadas do planeta. Em entrevista ao jornalista Fábio Balassiano, em 2014, Teresa Edwards foi categórica: “Hortência é uma das melhores jogadoras de todos os tempos. Simples assim. Ela era, para ser bem sincera, imarcável, por sua estatura, rapidez e técnica nos arremessos. Certamente, em ambiente de seleções, foi a melhor jogadora contra quem joguei diretamente. Tudo que o Brasil conquistou no basquete feminino deve ser creditado à Hortência. É um esporte coletivo, mas sem ela o país não teria conquistado nada. Foi uma atleta fora do comum e merece tudo o que obteve em sua vida. Está no Hall da Fama, é campeã mundial e medalhista olímpica. Suas conquistas falam bem em que patamar ela deve ser colocada”.

As palavras de Teresa Edwards deixam claro o respeito e a admiração que Hortência de Fátima Marcari, nascida na cidade de Potirendaba, no interior paulista, em 23 de setembro de 1959, conquistou dentro e fora das quadras. Os elogios da norte-americana representam mais um brilhante na coroa invisível com a qual a Rainha foi agraciada e que a levou a ocupar um lugar de honra entre os gigantes do esporte brasileiro e mundial.

Sem farol

O caminho de um campeão ou uma campeã raras vezes é decidido por um único fator. Em muitos casos, a família tem um papel preponderante no destino de um atleta fora de série, mas não foi assim com Hortência. Entre os Marcari não havia em quem se espelhar. Não havia aquele ponto de referência, aquele farol para guiá-la. Para Hotência, sempre foi ela e seu amor pelo esporte.

“Na verdade, isso nasceu dentro de mim mesmo. Cresci numa família muito simples. Meu pai trabalhava o dia inteiro e o via praticamente só no final de semana. Nós somos uma família de seis irmãos, com quatro homens e duas mulheres. Ninguém praticava esporte. Para você ter uma ideia, a primeira vez que meu pai foi me ver jogar, eu já era titular da seleção brasileira”, recorda Hortência. “Então, não tive absolutamente nenhum incentivo. Nada. Por outro lado, nunca me proibiram.  Sempre decidi, sempre escolhi. Vi que queria ser uma atleta e fui em busca disso. Quando você quer realmente, tem aquele dom, ama aquilo que escolheu, não precisa de ninguém incentivando. Você corre atrás.  Sabia que era no esporte, só não sabia qual.”

A bola laranja

Como tantos atletas de sua geração, Hortência viu o esporte entrar em sua vida na escola, em São Caetano do Sul, em São Paulo, onde vivia com a família. Desde muito, cedo aquela menina esguia percebeu que alguma coisa dentro dela tornava sua adaptação e sua evolução nas modalidades às quais era apresentada algo bastante natural.
“Fui impactada para praticar o esporte dentro da escola e acho que nasci para ser uma atleta. Qualquer esporte que eu fizesse, iria fazer bem, porque  tenho um corpo atlético e sou determinada demais.  Iria jogar bem se fosse para o handebol ou para o voleibol. Para você ter uma ideia, eu era muito boa no atletismo. Com 12 anos, bati o recorde sul-americano mirim do salto em distância. Mas não estava apaixonada, não foi um esporte que me encantou”, recorda.

Hortência já era uma pré-adolescente quando a bola laranja surgiu em sua vida. Foi amor ao primeiro arremesso. 
“Aprendi todos os esportes e quando fui apresentada ao basquete, me apaixonei”, diz. “Sempre fui uma pessoa muito competitiva. A competição está dentro de mim. Quando aprendi o esporte, foi uma paixão. Só precisava escolher qual modalidade eu me adaptaria melhor e pela qual me apaixonaria. Naquela época, você aprendia o handebol em uma série, o voleibol em outra, e, na sétima série, me ensinaram a jogar basquete. 
Foi a minha professora de educação física, chamada Mitsuko, que falou que se eu jogava tão bem handebol deveria tentar o basquete. E ela me apresentou a bola de basquete!  Eu tinha de 13 para 14 anos”, detalha.

Epifania é um momento raro entre os humanos. Significa aquele instante em que alguém é tomado por um sentimento que expressa uma súbita sensação de entendimento ou compreensão da essência de algo. Em resumo, é uma revelação. Hortência não sabia àquela altura, mas foi isso que o basquete representou em sua vida. Quando aceitou a proposta da professora, ela encontrou seu caminho.

“Não tem muita explicação. É a mesma coisa de perguntar porque você se apaixonou pelo seu marido. Ou por que você se apaixonou pela sua mulher. Você bate o olho e se apaixona. Aquela bola laranja me emocionou. O basquete foi o jogo mais cativante, não desmerecendo os outros esportes. Para mim era uma coisa incrível. Ter que botar aquela bola lá dentro da cesta, marcar, correr para um lado, para o outro, aquela coisa da equipe... O fato de estar em um esporte coletivo foi muito importante. Preciso ter gente do meu lado, ter amigas, trocar ideias. Sou assim até hoje”.

Ascensão meteórica

Embora o início de Hortência no basquete tenha sido tardio se comparado à idade em que as crianças começam a jogar atualmente nas escolinhas, a adaptação ao novo esporte foi muito rápida. Pouco tempo após começar a jogar na escola, ela já estava rodeada de feras. Sua turma passou a ser a das meninas da seleção brasileira.

“Comecei em uma cidade na qual o basquete era muito importante. São Caetano do Sul tinha uma das melhores equipes, com Norminha, Elzinha, Rosália e Delcy, todas da seleção. O técnico na época era Waldir Pagan Peres, também da seleção”, lembra Hortência.

“Quando comecei a aprender basquete no colégio, fiquei sabendo que tinha uma escolinha da prefeitura. Quem ministrava as aulas era a Marlene, pivô titular da seleção.  Não tinha televisão na minha casa, não sabia quem ela era, mas o fato de falarem para mim que ela era da seleção brasileira me encantou, queria conhece-la”.

Se a professora Mitsuko foi a responsável pela saída de bola, Marlene foi aquela que deu a assistência definitiva para que Hortência se tornasse uma estrela. Não tardou muito para que a pivô percebesse que aquela aluna era diferente das demais e que seu talento poderia ser útil em um outro time: o do Brasil.  “Ela falou para o técnico dela, que era da seleção: 'Olha, tem uma menina aqui que é boa, e você podia dar uma olhada nela. Ele me chamou para participar da equipe',"" conta Hortência.

O encontro com as jogadoras da seleção brasileira mudou radicalmente a vida da menina Hortência. 
“Quando comecei a treinar com a equipe, era banco. Com 15 anos, era banco da equipe adulta, era banco da Norminha e aprendi muito rapidamente por conta desse pessoal.  Era uma aprendiz do basquete. Não tinha nem um ano de basquete e já era banco da seleção, viajava com as meninas e treinava com elas. Dois anos depois do dia em que recebi a bola de basquete pela primeira vez na minha mão, já era titular da seleção brasileira adulta. Em 1974, comecei a jogar basquete. Em 1976, fui convocada para a seleção adulta como titular porque teve uma renovação. Entraram eu, a Paula e outras meninas mais jovens”, recorda.

Trabalho duro, metas e inconformismo

O sucesso no esporte nunca vem de graça. Ele é, sempre, uma somatória de talento, dedicação e muito trabalho. Alguns ainda adicionam doses elevadas de ambição. Com Hortência, o amor ao basquete foi o principal ingrediente. “Quando fui convocada pela primeira vez, é óbvio que passei a treinar mais do que as outras. Sempre treinei mais do que as outras. Não queria ser a melhor, eu realmente amava fazer aquilo. Se pudesse, ficava o dia inteiro dentro da quadra”.

Cassius Marcellus Clay Jr., que entrou para a história como Muhammad Ali, foi um dos maiores boxeadores de todos os tempos e partiu deste mundo em 3 de junho de 2016 como um ícone que extrapolou os limites dos ringues. Sempre direto, Ali foi honesto ao dizer o sentimento que tinha quando era forçado a trabalhar longe das multidões. “Odiei cada minuto de treinamento, mas não parava de repetir a mim mesmo: não desista, sofra agora para viver o resto de sua vida como campeão’”.

No caso de Hortência, treinar duro jamais foi sinônimo de sofrimento. E, ao contrário de Muhammad Ali, ela jamais sonhou com a glória. Para a maior jogadora da história do basquete brasileiro o principal desafio era superar os próprios limites e se tornar uma atleta cada vez melhor.

“Você ter aptidão, o dom, é importante. Não adianta querer fazer algo para o qual não tem talento. A primeira coisa é o talento, isso é fundamental. Eu treinava muito porque tinha prazer em fazer isso. Na minha cabeça, nunca pensava em ser da seleção, ser a melhor jogadora do mundo... Essas coisas nunca existiram na minha cabeça.  Queria só curtir o que fazia dentro de quadra. Aquilo era a minha vida. O que aconteceu? Foi um crescimento.  Eu estava lá, jogando com as melhores, tomando porrada, tomando toco e aprendendo. Então comecei a colocar metas na minha vida”.
Pode parecer um paradoxo, mas ao mesmo tempo em que Hortência não aspirava sucesso e reconhecimento, dentro dela havia um sentimento que não cessava. Para ela, evoluir a cada treino e a cada partida era um caminho sem volta.

“Uso uma palavra chamada inconformismo.  Sou uma pessoa eternamente inconformada. Não que seja inconformada com a minha vida, com meu trabalho, não é isso. Mas sempre quero mais.  sempre quero treinar mais. Se faço 20 pontos, quero fazer 25. Se estou com 95%, por que não chegar nos 100%? O que preciso fazer para isso?”.

 Essas eram as questões que atravessavam a mente de Hortência. Foi nesse momento que nasceu a atleta que estava predestinada a conquistar o mundo e que entraria para a história como a Rainha das quadras. “Sabia que precisava ter um arremesso muito bom, porque eu era pequena e por isso também tinha que ter mais impulsão. Ficava pensando o que eu poderia fazer para melhorar isso. Então, fazia mais do que aquilo que era pedido no treino.  Precisava ter um arremesso fulminante. Não podia errar um lance livre. Para conseguir um percentual alto de acerto, tinha que ter um arremesso certo, movimento e técnica. E treinava para isso. O técnico mostrava o jeito certo de arremessar, e eu ficava o dia inteiro fazendo aquilo. Não estou dizendo que sou perfeita, mas treinava para isso”.

Hortência foi o tipo de jogadora que todo treinador sonha: determinada, incansável, tomada por uma fome insaciável de crescimento técnico.

 “Era uma das poucas que jumpeava (saltar para fazer o arremesso). Lembra quem jumpeava no basquete? O meu técnico explicava que eu iria jogar no exterior, contra mulheres altas, enormes e que seria fundamental jumpear. E eu fazia mais do que ele mandava até.  Treinava para ser boa em tudo. Precisava ter habilidade, agilidade e um bom preparo físico. Então, fazia exatamente o que o meu preparador físico mandava. Era para ter uma defesa forte?  Eu me dedicava na defesa. Arremeso de três pontos? Lá ia eu treinar arremessar de longe. Procurava me especializar em tudo. Sempre botando metas. Vou arremessar mais do que as outras meninas. Se quero ser melhor que elas, tenho que treinar mais do que elas. Não posso treinar igual a elas.” 
121 pontos

Existem muitos atletas que gravam na memória o momento em que conquistaram a primeira medalha. Para eles, é um marco, o ponto de partida para tudo o que conquistaram depois. Com Hortência não é assim. Indagada sobre as recordações que tinha da primeira medalha que ganhou no basquete, parou, pensou por alguns segundo e, por fim, respondeu:

 “Não lembro. Não sou muito ligada nesse negócio de quantos pontos você fez, qual foi seu primeiro título. Não é isso que me move. Ganhar para mim era bacana, mas o que não posso é me sentir uma pessoa perdedora. Mesmo que não tenha o resultado positivo naquele jogo, se saísse da partida ou da competição tendo feito tudo o que podia, mesmo que o resultado não tivesse sido favorável, saía feliz, porque sabia que mais que fora  feito não daria para fazer. Sentia-me perdedora quando parava e pensava que a gente poderia ter ganhado.  Eu podia ter feito mais. Aí me sentia muito mal. Caso contrário, ficava bem. Acabava o jogo, eu não sabia nem quantos pontos tinha feito. Não sabia nem o placar, não sou ligada nessas coisas”.

Apesar disso, Hortência se lembra muito bem de algumas passagens extraordinárias de sua vida. E uma delas envolveu uma partida inusitada, longe dos holofotes, no modesto Jogos Regionais paulistas de 1987. À época, Hortência atuava pelo Clube Atlético Minercal, de Sorocaba. E o time da cidade teve que batalhar para ter em seu elenco uma jogadora tão preciosa quanto ela naqueles Jogos Regionais de Ourinhos. 

“Eu estava na seleção e começou uma discussão com o meu clube pela minha participação. Nessa disputa de braço de ferro o clube ganhou e fui liberada para os Jogos Regionais”, conta Hortência.

O time de Sorocaba, que também contava com outras jogadoras da seleção, era o grande favorito. Um contratempo, porém, tirou as chances de a equipe brigar pelo título. A partida anterior ao jogo delas terminou antes do previsto, e o time de Hortência acabou perdendo por WO por não ter chegado a tempo no ginásio. “Só nos restou a disputa de quinto a oitavo lugares. Imagine, para um time que chegou para ser campeão, ter que brigar para chegar no máximo em quinto. Como é que você se motiva?”, indaga Hortência.

As jogadoras de Sorocaba queriam ser campeãs, e isso não era mais possível. Então, para o duelo contra Itapetininga, Hortência, que a essa altura já era a principal estrela da seleção, teve uma ideia para buscar a motivação necessária.

“Minha cabeça é muito parecida com a do Michael Jordan, sem querer me comparar. Ele sempre busca alguma coisa para se motivar, tanto no treinamento quanto no jogo. Nisso sou muito parecida. Quando começamos a jogar, dez minutos depois fui para o banco. Aquele jogo fácil, aquela coisa monótona... Fui buscar motivação. Cheguei no vestiário e disse: 'Gente, vamos ver qual é o maior número de pontos que a gente consegue fazer nessa partida? Chamei todo mundo e perguntei se topavam.”

A turma seguiu sua comandante. E o resultado foi algo inimaginável. Hortência anotou 121 pontos, durante muitos anos o recorde de pontos na história do basquete feminino. A marca só foi superada pela israelense Anat Draigor, que, em 5 de abril de 2006, marcou 136 pontos na vitória do Hapoel Mate Yehuda sobre o Elitzur Givat Shmuel por 158 a 41, numa liga de Israel.

“O time marcou 251 pontos e só joguei 30 minutos. Se tivesse jogado os 40, acho que tinha feito uns 150”, diverte-se Hortência. “Organizei uma tática naquele jogo, que era assim: vamos fazer pressão na quadra toda. Se conseguirmos pegar a bola na saída de fundo, a gente faz a cesta logo. Caso não dê, afrouxamos a marcação e deixamos elas chutarem rapidamente, para não perder tempo, pega o rebote e vai para o contra-ataque e faz a cesta”, narra Hortência, que ainda afirma que fez 124 pontos, não os 121 registrados na súmula.

Enfim o sonho olímpico

A década de 1990 foi particularmente especial para Hortência e para a seleção, que ficaria marcada por uma geração de atletas excepcionais, como Magic Paula e Janeth, entre outras.

Quando a última década antes do novo milênio chegou, a seleção de Hortência já havia conquistado os títulos do Campeonato Sul-americano de 1978, 1986 e 1989 e trazido para casa o bronze nos Jogos Pan-americanos Caracas 1983 e a prata nos Jogos Pan-americanos Indianápolis 1987. 

O melhor ainda estava por vir. As principais conquistas daquela geração tiveram início com o ouro nos Jogos Pan-americanos Havana 1991, quando as campeãs receberam as medalhas das mãos de Fidel Castro. Ficou marcada a imagem de Fidel, no pódio, brincando que não daria a medalha para a dupla Paula e Hortência. A sonhada vaga para disputar os Jogos Olímpicos veio com o bronze no Pré-Olímpico de Vigo, na Espanha, em 1992.

“Eu já tinha mais de 31 anos quando a gente conseguiu essa classificação. Foi uma das maiores emoções que senti, uma sensação maravilhosa. Pela primeira vez na história do basquete feminino o Brasil iria participar dos Jogos Olímpicos e fui uma das pessoas, junto com as minhas companheiras, responsáveis por essa classificação”, orgulha-se Hortência.

Os Jogos Olímpicos Barcelona 1992 representaram um capítulo especial para o esporte brasileiro. A seleção masculina de vôlei sagrou-se campeã olímpica pela primeira vez; nos tatames, Rogério Sampaio conquistou a medalha dourada no judô e, nas piscinas, Gustavo Borges também foi ao pódio, com a prata nos 100m livre.

Foi também em Barcelona que o mundo foi apresentado ao Dream Team de basquete norte-americano, uma equipe realmente dos sonhos, com Michael Jordan, Magic Johnson, Charles Barkley, Karl Malone, John Stockton, Patrick Ewing, David Robinson, Larry Bird, Chris Mullin, Scottie Pippen, Christian Laettner e Clyde Drexler.

“Os Jogos são uma questão de honra. Todo atleta tem que participar de uma edição, senão ele não é completo. Todo atleta tem que sentir esse prazer, essa emoção. Mas, além de ser um sonho, era tipo uma obrigação da gente, porque o basquete feminino, até então, nunca tinha disputado uma.

 “Ao chegar lá, imagine e emoção de estar do lado de seus maiores ídolos. Foi a primeira vez que teve o Dream Team. Imagina isso. A gente assistia a todos os jogos e para nós era como se fosse uma aula. A gente ficava em um lugar específico, quase que atrás do banco da seleção dos Estados Unidos. Ficávamos ali, analisando, observando, degustando aquela aula de basquete”.

Na Espanha, Hortência também sentiu pela primeira vez a adrenalina e a emoção do desfile da delegação brasileira na Cerimônia de Abertura dos Jogos Olímpicos. Para ela, foi o auge daquela experiência, embora, 24 anos depois, ela fosse viver algo muito mais incrível.

“O maior momento que um atleta pode vivenciar é um desfile dos Jogos, é você entrando naquele estádio. Imagine assistir a um show daqueles três tenores, aqueles fogos, o momento da pira olímpica... Cara, isso é impagável! É sensacional! Para mim, o momento inesquecível foi esse”.

O primeiro time olímpico do Brasil no basquete feminino, comandado pela técnica Maria Helena Cardoso, tinha no elenco, além de Hortência, Magic Paula, Janeth, Helen Luz, Nádia Bento, Vânia Souza, Adriana Santos, Marta Sobral, Ruth, Maria Bertolotti, Joyce Batista e Simone Pontello. O Brasil terminou os Jogos na sétima colocação. Hortência, como sempre, foi a cestinha, com 94 pontos.

O mundo a seus pés

O 11 de junho de 1994 foi um marco para o basquete feminino. Uma data cujos detalhes ficarão registrados em todos os que entraram em quadra naquele dia, acompanharam do lado de fora ou pela televisão o confronto entre Brasil e Estados Unidos, válido pela semifinal do Campeonato Mundial da Austrália.

Quando a competição teve início, em 2 de junho, em Sydney, o Brasil estava longe de ser considerado um favorito. O time do técnico Miguel Ângelo da Luz, comandado em quadra por Hortência e Magic Paula, com a luxuosa ajuda no time titular de Janeth, Leila e Alessandra, e que ainda tinha no elenco Cíntia “Tuiú”, Helen, Adriana, Roseli, Simone, Ruth e Dalila, figurava na modesta 11ª posição nas casas de aposta entre os 16 concorrentes ao título.

Nas campanhas até a semifinal, o Brasil, que em 1990 havia terminado o Mundial da Malásia na 10ª colocação, acumulava duas derrotas, para a Eslováquia, por 99 a 88, na primeira fase, e para a China, por 97 a 90, na segunda fase. Enquanto isso, os Estados Unidos, que vinham de dois títulos mundiais seguidos, em 1986 e 1990, somavam seis triunfos na Austrália.

Naquele dia, os Estados Unidos, de estrelas como Teresa Edwards, Ruth Bolton, Sheryl Swoopes, Dawn Staley, e que tinham no elenco Lisa Leslie, que se tornaria, em 2002, a primeira jogadora a enterrar uma bola na WNBA, sofreu um revés surpreendente. E esse foi o resultado que abriu o caminho para o título mais emblemático da história da seleção brasileira feminina de basquete.

Por 110 a 107, o Brasil derrotou os Estados Unidos e carimbou a vaga para a final do Mundial, no dia seguinte. Contra as norte-americanas, o trio formado por Hortência, Magic Paula e Janeth marcou 83 pontos: 32 de Hortência, 29 de Magic Paula e 22 de Janeth. O derrota foi tão traumática para os Estados Unidos que, a partir dali, uma chave de alerta foi ligada na equipe, que só voltaria a ser derrotada 12 anos depois, em 2006, pela Rússia, na semifinal do Mundial. 

Embalada pelo triunfo contra as norte-americanas, o Brasil entrou em quadra para a revanche com a China na final com uma determinação diferente do primeiro encontro. O resultado foi um outro show da equipe verde e amarela.
“A gente observa quando o time está focado ou quando está com muita brincadeira, disperso. Você vai para a quadra e percebe o comportamento das meninas no aquecimento. Observo tudo isso. Ali você sente como está o seu time. Naquela final, já no vestiário senti que o time estava focado naquele objetivo”, recorda Hortência.
Com 27 pontos da Rainha, a cestinha da decisão, 20 pontos de Janeth, 17 pontos de Magic Paula e 14 pontos de Leila, somados à marcação implacável de Alessandra sobre a gigante Haixia Zheng, de 2,03m, o Brasil venceu a final contra a China por 96 a 87. Quando o cronômetro zerou, Hortência e toda aquela geração tinham o mundo a seus pés. Pela primeira vez na história, uma equipe que não fosse a dos Estados Unidos ou a da antiga União Soviética sagrava-se campeã de um Mundial de basquete feminino. 

“Aquele título representou a quebra da hegemonia dos Estados Unidos e da antiga União Soviética e marcou a história. Aquilo ninguém nunca mais vai tirar de nós. O sentimento é de que marcamos uma geração”, diz Hortência. Nós fomos campeãs do mundo com duas derrotas. Mas foram duas derrotas no momento em que a gente podia perder.  Tenho certeza de que elas foram muito importantes para vermos o que estava errado. Quando você ganha, você não vê o que estava sendo feito de errado. Na fase de classificação, perdemos para a Eslováquia e, na segunda fase, para a China. Na semifinal cruzamos com os Estados Unidos, o que, para nós, foi a final. Contra a China, era um time que a gente já conhecia. Tem uma frase que gosto muito: vence a luta não o melhor, mas quem luta melhor naquele dia. Porque você pode ser o melhor, mas se der uma vacilada, toma uma no queixo e cai no chão”, ensina a campeã.

A medalha que faltava: Atlanta 1996

O título no Mundial de 1994 elevou o Brasil a um outro patamar de excelência. O planeta olhava para aquelas jogadoras de uma outra forma. Elas passaram a ser respeitadas. E, acima de tudo, muito temidas.
O Brasil embarcou nos Estados Unidos para os Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1996, de uma forma bem diferente do que havia feito quando partiu para a Espanha, quatro anos antes, para Barcelona.

Em quadra, o time comandado por Miguel Ângelo da Luz formado por Hortência, Magic Paula, Janeth, Leila, Alessandra, as titulares, e completado por Adriana Santos, Cíntia Tuiú, Claudinha, Branca, Marta, Roseli e Silvinha, tratou de provar que o triunfo no Mundial da Austrália não tinha sido um fato isolado.

A equipe passou pelo Canadá, pela Rússia, pelo Japão, pela China, pela Itália, por Cuba e pela Ucrânia e chegou invicta à final, desta vez para enfrentar os Estados Unidos. As norte-americanas jogavam em casa, haviam treinado bastante e estavam determinadas a apagar a derrota do Mundial da Austrália. O resultado foi uma vitória dos Estados Unidos por 111 a 87. A medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Atlanta, entretanto, coroou a carreira daquele time de atletas fora de série. Hortência, Magic Paula, Janeth, Alessandra & cia tinham, agora, a medalha que faltava.

Para Hortência, em especial, que havia se aposentado após o triunfo no Mundial de 1994 e curtia a alegria de ter dado à luz a João Vitor poucos meses antes, o retorno à seleção nos Jogos Olímpicos de Atlanta e a sensação que sentiu ao subir ao pódio representaram mais uma recompensa a todo esforço e dedicação ao basquete.

“Eu já tinha parado de jogar. Para mim, tudo aquilo era lucro. Meu filho estava com cinco meses, e eu disputava uma final olímpica. Para mim, aquilo já era muito mais do que esperado. A gente entendia que era o momento maior dos Estados Unidos. As americanas nunca treinavam um ano para jogar uma competição. Elas sempre se reuniam semanas antes e iam. Como tinham perdido o Campeonato Mundial para a gente, se prepararam muito para os Jogos dentro do país delas. A gente entrou para jogar de igual para igual, mas realmente temos de admitir quando o outro time é melhor do que o nosso. E, naquele dia, os Estados Unidos estavam melhores, como estávamos melhores do que elas no Mundial. É assim que funciona”, diz.
Quando recebeu a medalha de prata em Atlanta, um filme inteiro atravessou a mente de Hortência Marcari. 

“É muito difícil descrever o sentimento naquele momento. Imagine, com 36 anos, com uma criança no colo e ganhando uma medalha de prata. Qual atleta que sonha e consegue isso?  Falo que existem algumas emoções que são fundamentais. Uma medalha olímpica e poder subir no pódio e ouvir o hino de seu pais, sua bandeira subindo, como no Mundial, é indescritível. Acho que somente o nascimento de um filho pode chegar próximo dessa sensação. Todo atleta corre atrás dessa emoção. Poucos conseguem sentí-la”.


Respeito e admiração

Todos os que tiveram a honra de compartilhar em quadra as conquistas da geração de Hortência carregam lembranças particulares sobre o comportamento e a entrega da Rainha ao esporte.

Técnico da seleção tanto no Mundial de 1994 quanto nos Jogos Atlanta 1996, Miguel Ângelo da Luz fala com imenso respeito sobre as emoções que viveu ao lado de Hortência dentro e fora de quadra.
“Se eu fosse definir a Hortência em uma palavra seria vitória. Porque ela era uma obstinada por vencer, independentemente se fosse no basquete ou em um jogo de cartas. A vontade de vencer, de ser a melhor, era uma coisa que me impressionava muito. As pessoas, às vezes, me perguntavam como era trabalhar com a Hortência e com a Paula. Sempre dizia que era fácil demais, porque esse pessoal todo gostava de treinar. E a Hortência provou isso”, prossegue.
“Depois do Mundial, ela engravidou. E três meses antes de começarem os Jogos a gente a convenceu a voltar a jogar. Ela disse que só voltaria se estivesse 100%. Nós fizemos um trabalho com ela muito legal e essa obstinação dela, por sempre querer ser a Hortência, isso me motivava no trabalho. Ela tinha aquele compromisso com a vitória, o compromisso de jogar bem, e isso me motivava a trabalhar cada vez mais”.

“Até me emociono ao falar dela. Lembro de cada momento que vivi com ela, por essa coisa de querer vencer, de querer se superar, de querer ser a melhor atleta que ela podia ser, sem nunca querer derrubar ninguém. Ela conseguiu tudo por méritos dela”, enaltece Miguel Ângelo da Luz.

Opinião parecida tem a Janeth Arcain. Como ala-armadora, a paulista participou da conquista do Mundial da Austrália e da prata em Atlanta e ainda conta no currículo com o bronze nos Jogos Olímpicos Sydney 2000, entre outros títulos. Com um currículo amparado por quatro títulos na WNBA e como integrante do Hall da Fama do Basquetebol Feminino, Janeth não poupa elogios à companheira de time.

“A Hortência sempre foi uma atleta muito determinada, uma líder que sempre procurou buscar a vitória e fazer com que cada atleta pudesse desempenhar o seu melhor no basquete. Ela é uma pessoa muito competitiva e isso fazia com que ela ficasse o tempo todo buscando a excelência. Foi uma grande líder e me sinto honrada por ter feito parte dessa geração e por ter auxiliado tanto ela quanto a Paula na conquista de todos os títulos que basquete feminino alcançou”, continua Janeth.

Amor à camisa do Brasil

Hortência é a maior pontuadora da história da seleção, com 3.190 pontos em 127 partidas, uma média de 24,9 pontos por jogo. Ela vestiu a camisa do Brasil por 20 anos, dos 16 aos 36 anos. Hoje, ela fala com extrema emoção sobre sua longa caminhada.

“Vestir a camisa do Brasil, para mim, é algo muito especial. As pessoas não têm ideia do tamanho do meu orgulho. Independentemente de resultado, da estrutura, dos problemas políticos, de organização, de gestão, eu tinha um orgulho muito grande. No começo, quando a gente era patrocinada pelo Banco do Brasil, o pessoal perguntava: que país é esse, Banco do Brasil?’ Mas até o final da nossa carreira a gente mostrou para elas quem era o Brasil. Elas não só passaram a conhecer, como sabiam quem era cada jogadora. A gente ficou conhecida. Passamos a ser respeitadas.  Vesti a camisa do meu país durante 20 anos seguidos, sem falhar em nenhuma convocação. Poxa, para mim era uma honra. Sabe quando você se sente honrado em receber uma convocação?  Sou brasileira demais.  Sofro com tudo isso que está acontecendo agora, porque sou Brasil, quero que o Brasil saia para o mundo, como a gente fez. A gente começou devagar e quando viu, estávamos sendo respeitadas. As pessoas tinham medo de entrar para jogar com a gente porque sabiam que nós éramos um país forte. É isso que sempre quis na minha vida. Respeito. As pessoas olharem e se orgulharem das cores daquela nossa camisa”.

Hall da Fama

Entrar para um Hall da Fama é uma honra para poucos. Os que chegam lá se destacaram acima da maioria e por isso são eternizados com a homenagem.

Em 2002, Hortência tornou-se integrante do Hall da Fama do Basquetebol Feminino dos Estados Unidos. Em 2005, entrou para o Naismith Memorial Basketball Hall of Fame, onde figuram estrelas do porte de Michael Jordan, Magic Johnson, Scottie Pipen, Lary Bird, Kareen Abdul-Jabbar, Teresa Edwards, Lisa Leslie, entre outros.

Hortência é a única brasileira homenageada neste Hall da Fama. O Brasil tem apenas outros dois atletas nessa lista: Oscar Schmidt e Ubiratan Pereira Maciel, campeão mundial com a seleção em 1963, bronze nos Jogos Olímpicos Tóquio 1964, prata o Mundial de 1970 e bronze nos Mundiais de 1967 e 1978, entre outros títulos.

Em 2007, Hortência passou a fazer parte do Hall da Fama da Federação Internacional de Basquete (FIBA), entidade pela qual também foi escolhida, em 2018, a melhor jogadora de todos os tempos em Mundiais, em eleição aberta ao público.

“Primeiro, entrei no Hall da Fama do basquete feminino. Depois, no outro, que é esse em que o Oscar entrou e onde estão Michael Jordan, Magic Johnson... Só tem feras. Não é fácil você entrar. São 24 conselheiros e necessários 20 votos. É muito legal, porque marcou para a minha vida inteira. É um título individual. Tenho vários títulos coletivos, mas não tinha nenhum título importante que marcasse a minha carreira individualmente. E esses, de entrar no Hall da Fama, tanto da FIBA quanto o dos Estados Unidos, marcou a minha carreira individual. É uma conquista minha. As jogadoras me ajudaram, óbvio, mas essa é uma coisa individual, só minha”, orgulha-se.

Gratidão por tantas emoções.

“Sou uma pessoa bem resolvida. As pessoas dizem que se eu jogasse hoje estaria na WNBA. Não penso assim. Sempre agradeço a tudo o que conquistei e às emoções que senti. Porque nunca corri atrás de dinheiro. Sempre busquei emoções diferentes. Era isso que queria. Passou. Fui campeã, fui medalhista de ouro em um Mundial, medalhista de prata em Jogos Olímpicos, tenho meu nome no Hall da Fama... O que mais eu poderia querer?”
Em 2019, Hortência foi escolhida pela quarta vez para um Hall da Fama, desta vez o do Comitê Olímpico do Brasil (COB). E enaltece a iniciativa do COB.
“Nós somos atletas bem-sucedidos, famosos, que marcaram uma geração.  Acho que a história tem que estar sempre presente, ela tem de ser contada. Lá atrás, já tinha gente que representava o nosso país, que ganhava medalha, que foi campeã do mundo, como João do Pulo, Adhemar Ferreira da Silva. Acho isso fundamental. Não ligo para essas coisas de as pessoas me enaltecerem. Não é isso. Mas é a história. A história não é só a de Pedro Alvares Cabral. O atleta também faz história. Acho que uma das poucas coisas que mexem com a emoção de uma criança é o esporte”.

O segredo da tocha olímpica

Vinte anos se passaram após a conquista da medalha de prata em Atlanta 1996. A telefonia celular e a internet haviam transformado o mundo e, assim, não foi complicado localizar Hortência na Espanha, onde ela se encontrava quando recebeu um intrigante telefonema. Do outro lado da linha, alguém do Comitê Olímpico do Brasil (COB) tinha um convite a fazer para Hortência: você quer participar da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos Rio 2016?

“Estava na Espanha quando me ligaram e me mandaram um e-mail, porque tinha de assinar um termo de confidencialidade. Mas não tinha a menor ideia do que era. Pensei: 'Que trem é esse? Como é que vou assinar alguma coisa que não sei o que é?'  Como eles insistiram e era do COB, assinei. Não tinha a menor ideia do que era. Pensei que iria participar de alguma coisa lá dentro, porque participei da abertura do Pan-americano (no Rio, em 2007) com as meninas”, lembra Hortência.

O convite que o COB a fez depois disso extrapolou as expectativas de Hortência. A ela coube a honra de ser a penúltima condutora da Tocha Olímpica no Maracanã. Depois dela, a tocha passou para as mãos do maratonista Vanderlei Cordeiro de Lima e, então, o mundo se emocionou com o acendimento da belíssima Pira dos primeiros Jogos Olímpicos realizados na América do Sul.

“Vou te falar como me senti quando me ligaram e disseram o que eu iria fazer isso.  Fiquei numa euforia. Depois de tudo o que conquistei, ainda carregar a Tocha Olímpica dentro do estádio? Pensa bem. Estou aqui em casa e recebo um telefonema do Nuzman (Carlos Arthur Nuzman, então presidente do COB). Quando ele me falou, não acreditei. Fiquei muito emocionada. Imagina, né? Essa é uma honraria que pouquíssimos atletas no mundo recebem. Na verdade, recebi a tocha do Guga e iria entregar para o Pelé. O treinamento todo que nós fizemos era para subir aquela escada e entregar para o Pelé lá em cima. Só que o Pelé teve um problema de saúde, e o Vanderlei Cordeiro de Lima o substituiu, o que foi demais, porque ele é um super atleta. Entreguei para ele, que subiu a escada para acender a Pira. Foi muito legal”, diz, com a emoção de uma criança.

O episódio revelou uma outra qualidade de Hortência que nem ela sabia que existia: a capacidade de guardar segredo.

“Chorei no dia que fiquei sabendo. Sou chorona pra caramba, mas, ali dentro do Maracanã, estava tão feliz, tão feliz... E não contei para ninguém. Porque o meu filho (João Victor, que disputou os Jogos do Rio no hipismo) estava lá dentro. E queria que ele tivesse essa surpresa. Queria que ele olhasse e dissesse: 'Meu! É a minha mãe!’ Então, ninguém da minha família sabia. Foi a coisa mais difícil da minha vida ficar um mês e meio sem contar para ninguém. Estava toda a minha família lá. Meu ex-marido, a mulher dele, as filhas dele, meu filho na área do desfile...  queria que eles olhassem e falassem: 'Meu Deus! Olha quem está lá carregando!'""
“Falei para eles que iria participar da abertura. Mas não falei o que era. Tanto é que quando o Guga entrou com a tocha o meu ex-marido pensou que haviam me tirado da abertura. Ele só viu que era eu quando o Guga entregou a tocha para mim. Nossa... Foi uma gritaria. O meu filho saiu correndo atrás de mim. Ele encontrou o cara que estava comigo, um cara de preto, e falou para ele: 'É a minha mãe!  quero ir lá!’. Quando entreguei a tocha para o Vanderlei Cordeiro de Lima, dois minutos depois chegou o meu filho, gritando, todo feliz. Se eu tivesse contado não teria tido esse impacto.  Segurei, sofri muito, mas não queria tirar esse impacto deles. A mesma emoção que senti queria que eles sentissem também. 

As palavras de Teresa

Voltemos, então, às palavras de Teresa Edwards. Ao ouvir tudo o que a campeã norte-americana tinha dito sobre ela, Hortência ficou em silêncio por alguns segundos. E, ao final, teceu seu comentário. Uma breve análise que terminou com mais uma lição sobre o poder do esporte, uma atividade humana fascinante e que Hortência, com seu talento e dedicação, ajudou a engrandecer.

“A gente jogou muito uma contra a outra, a gente se conhece muito bem. Por ser a jogadora que ela é e que ela se tornou, poxa...  fico feliz, porque tudo o que fiz foi reconhecido. Não é fácil ser uma atleta de alto rendimento. A pergunta é como você conduz essa mistura de sentimentos, de dores, de prazer, de alegrias, de tristeza. É uma mistura de sentimentos que acho que toda criança devia passar, porque educa. Ensina demais”.

Hortência de Fátima Marcari

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Medalhas em jogos olímpicos

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HERÓIS OLÍMPICOS: Hortência Marcari

A série Heróis Olímpicos é dividida em oito temas: carreira, vila olímpica, família, lidando com dificuldades, cerimônia de abertura, ídolos, qualidades de um campeão e legado. Neste primeiro momento, nomes consagrados como Vanderlei Cordeiro, Gustavo Kuerten, Hortência, Sarah Menezes, Anderson Varejão, Hugo Hoyama, Yane Marques e Mayra Aguiar são os entrevistados.
 

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Hortência é homenageada no Hall da Fama do COB em 2019

Maior jogadora da história do basquete brasileiro, juntamente com a armadora Paula, Hortência foi titular da seleção brasileira desde os 16 anos. Apelidada de Rainha, a ala ajudou a seleção a conquistar o campeonato mundial em 1994, na Austrália, e interrompeu sua carreira para ter um filho. Mas a paixão pelo esporte e o desejo de conquistar uma medalha olímpica falaram mais alto, e ela acabou voltando às quadras e levando a medalha de prata em Atlanta 1996. Integrante o Hall da Fama do basquete feminino desde 2002 e do Hall da Fama da Federação Internacional de Basquete (FIBA) desde 2005, Hortência foi diretora de seleções da Confederação Brasileira de Basketball (CBB) entre 2009 e 2013.
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Lendas do Esporte | Hall da Fama

Tema: Lendas do Esporte I Hall da Fama 
Participantes:
Rogério Sampaio – Campeão olímpico de judô e Diretor Geral do COB
 Jackie Silva – Campeã olímpica de vôlei de praia
 Hortência Marcari – Vice-campeã olímpica de basquete
 Aurélio Miguel – Campeão olímpico de judô

Mediação: 
Álvaro José – Jornalista e nosso mediador
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Hortência nos Jogos Olímpicos Atlanta 1996

A Seleção Brasileira de basquete feminino foi medalha de prata nesta edição dos Jogos. Destque para Hortência e Paula que comandaram o time. 
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GALERIA DE FOTOS

RESULTADO EM DESTAQUE

ediçãoresultadoprova
Jogos Olímpicos Atlanta 1996
2º LugarPrata
Equipe - Feminina
Jogos Pan-americanos Havana 1991
1º LugarOuro
Equipe - Feminina
Jogos Pan-americanos Indianapólis 1987
2º LugarPrata
Equipe - Feminina
Jogos Pan-americanos Caracas 1983
3º LugarBronze
Equipe - Feminina
Mundial de Basquete - Austrália 1994
1º LugarOuro
Equipe - Feminina

ACERVO

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