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Jacqueline Louise Cruz Silva

Jacqueline Louise Cruz Silva

modalidade

Vôlei

data e local de nascimento

13/02/1962

Rio de Janeiro

BIOGRAFIA

Jacqueline Silva tinha apenas 23 anos naquela inusitada temporada de 1985 quando ocorreu o episódio que mudou sua vida. Os desdobramentos, ainda que dolorosos, seriam responsáveis por fazer com que seu caminho se encontrasse definitivamente com o vôlei de praia, esporte no qual ela entraria para a história como a primeira campeã olímpica do Brasil, ao lado da parceira Sandra Pires, nos Jogos de Atlanta 1996.

À época, a reivindicação de Jacqueline não foi muito bem entendida pela maioria das pessoas. Mas hoje a história mostra que ela estava, sim, muito à frente de seu tempo. E, principalmente, mostra que seu pleito era justo.

Busca por igualdade

Levantadora titular da seleção brasileira de vôlei, Jaqueline, apesar da pouca idade, já acumulava uma enorme bagagem dentro de quadra. Havia disputado os Jogos Olímpicos Moscou 1980, a primeira participação feminina do vôlei brasileiro, e, quatro anos depois, nos Jogos Los Angeles 1984, fora escolhida a melhor levantadora daquela edição.

A edição de 1984 representou um ponto de virada para o vôlei brasileiro, que viveu uma época mágica após a conquista da medalha de prata do time masculino, a primeira do país. Os integrantes da famosa ""Geração de Prata"" ganharam status de estrelas nacionais e levavam multidões aos ginásios onde quer que jogassem no Brasil. Ao mesmo tempo, a equipe feminina tentava conquistar seu lugar em uma época em que o machismo e discriminação eram avassaladores no Brasil naquele 1985.

Foi nessas circunstâncias que a seleção feminina se reuniu no Rio de Janeiro para um treinamento que mudaria radicalmente a vida de Jacqueline. E o estopim foi o uniforme da equipe. Àquela altura, os jogadores do time masculino já recebiam apoio financeiro. Entretanto, o mesmo não ocorria na equipe feminina, embora a Seleção já contasse com um patrocinador em seu uniforme.



“Eu só me expressei”, recorda Jacqueline. “Todas nós da seleção achávamos aquilo, era o assunto do vestiário. Todas nós éramos obrigadas a usar o uniforme com a marca da Rainha e da Mesbla. Nós sabíamos que eles (seleção masculina) recebiam, e nós não”, recorda Jacqueline.

Indignada com disparidade no tratamento, a levantadora levou a questão ao então presidente da Confederação Brasileira de Vôlei à época, Carlos Arthur Nuzman.

“Houve uma preleção, uma reunião com o Nuzman, e ele sempre falava no início dos trabalhos contando o que iria acontecer naquele ano. E eu conversei sobre essa possibilidade de a gente receber uma ajuda de custo para pagar transporte ou outros gastos para frequentar a seleção brasileira. Ele falou que não, que jamais, que aquilo era impossível de acontecer. Foi uma coisa que o deixou bem chateado. Ele foi claro e disse que a gente não tinha esse direito”, conta Jacqueline.

“Isso tudo passava por uma mudança que o esporte no Brasil estava sofrendo, que era a entrada dos patrocinadores. E essa mudança de amador para profissional não foi explicada. Ele foi se transformando, usando os atletas, mas sem colocar a situação real. Como o masculino era vencedor, vinha de uma medalha de prata, eles eram os vencedores, e nós, não. Ele achava que as mulheres eram as mulheres, que as mulheres não precisavam ser iguais. E foi isso. Ele falou que não, que não iria acontecer. E aí eu pensei que se teríamos de usar o uniforme mesmo sem receber, não iria deixar de usar, mas colocaria do lado do avesso"".

É óbvio que Jacqueline e nem ninguém tinha noção da intensidade da reação ao seu protesto. Ao levantar a bandeira por igualdade de condições, aquela carioca de personalidade forte teria sua vida, em breve, alterada de uma forma que ela jamais poderia imaginar. O preço que Jacqueline pagou foi caríssimo, mas a recompensa viria de uma forma incrível 11 anos depois.

O corte

“Era um treino, uma convocação de seleção, e os treinamentos eram no Floresta Country, no Rio, na estrada para Jacarepaguá. E aí eu fui para o treino com o uniforme do lado do avesso. O Jorjão (Jorge Barros de Araújo) era o técnico. E o Nuzman foi para lá para me cortar. Ele foi porque já sabia. Era o segundo dia de treino. No primeiro dia, fui com o uniforme do avesso. E no segundo dia eu falei que iria de novo. E fui cortada”, lembra Jacqueline.

Apesar da pressão, a levantadora não recuou. “Eu não sei como consegui. Sabe aquela coisa da resistência? O cara vai fazer isso? Então eu vou falar que eu vou fazer mesmo. Eu agora que já estou aqui, vou fazer até o fim. Não tinha mais volta”.

Do outro lado, a reação foi muito maior do que Jacqueline esperava. “Não foi muito legal para mim. Eu me ferrei, porque com o poder dessas pessoas acontece isso. Eu não achei que ele fosse levar aquilo tão a sério, porque ele ficou extremamente exposto e eu também fiquei muito exposta. Naquela hora ali, ele não quis nem saber. Ele mandou bala. Da maneira que foi feito, fiquei sem poder nem jogar no Brasil, porque ninguém queria me contratar mais”, continua.

Na praia, desde o início

Jaqueline Louise Cruz Silva nasceu no Rio de Janeiro, em 13 de fevereiro de 1962. E foi nas areias de Copacabana que ela, quando criança, conheceu o vôlei.

“Nós íamos à praia durante os finais de semana. Eu morava em Copacabana e meu pai gostava muito de jogar vôlei de praia. Por um acaso, a praia que a gente frequentava, no Posto 6, vários jogadores de vôlei também frequentavam. Eu ia com ele e jogava com os meus amiguinhos. Tinha 7 ou 8 anos”, lembra.

“Iam vários pais, várias famílias e os amigos de todo mundo, com os filhos, que ficavam brincando de jogar vôlei. Eu gostava muito, tinha muito jeito. Depois, na escola onde eu estudava, tinha um treinamento de voleibol com o Ênio Figueiredo, que depois veio a ser o treinador do Flamengo e da seleção brasileira. Comecei a jogar realmente, com treinamento e essas coisas, na escola, aos 9 anos”, prossegue.
Ao contrário de várias crianças que experimentam diversos esportes até encontrar aquele com o qual mais se identificam, Jacqueline e o vôlei se deram bem desde o início.

“Eu era boa, tinha muito controle de bola, jogava muito bem. Não sei se eu teria jeito com o basquete ou outros esportes. Não me lembro de ter feito nada disso. Sempre foi o vôlei e, de brincadeira, jogava futebol, porque eu brincava muito com meu irmão. Mas tenho certeza de que meu controle de bola com as mãos sempre foi muito melhor”, conta.



Seleção com 14 anos

Menos de três quilômetros separam o Colégio Notre Dame, em Ipanema, do Clube de Regatas do Flamengo. E foi esse o caminho que levaria Jacqueline a se tornar uma jogadora de vôlei de verdade.

“O Ênio, que era o treinador da minha escola, foi ser o treinador do Flamengo. Então, ele pegou as jogadoras que achava que eram importantes para formar uma equipe e levou para o Flamengo. Entrei no mirim do Flamengo, com dez anos. Fiz mirim, infantil, infanto... A gente disputava o Campeonato Carioca, o Campeonato Brasileiro... Tinha o Campeonato Guanabara também, que acabou”, emenda.

Dona de um talento natural, Jacqueline rapidamente se destacou no Flamengo. E poucos anos depois, no início da adolescência, veio a primeira convocação para a seleção, algo que, curiosamente, não encheu os olhos daquela menina.

“Com 14 anos, fui convocada para a seleção brasileira adulta, na primeira vez que a seleção faria uma concentração, em Belo Horizonte. Eu não me lembro exatamente para qual competição, acho que era um Sul-americano adulto, para depois participar do primeiro Mundial Juvenil, que seria no Brasil. Só que fui convocada e depois cortada, porque eu era muito jovem. Nem sei por que eles me convocaram. Se fosse para ser cortada porque eu era muito garota então nem precisava ter ido, né? Depois que eles me cortaram pela primeira vez, voltei para fazer parte da equipe que iria começar os treinos para o Mundial de 1977, no Rio de Janeiro. Eu fiquei mais uns seis meses e aí fui cortada logo depois”, recorda.
Para a jovem Jacqueline, que estava entrando em na adolescência em uma época de enorme transformação no Brasil e, principalmente, no Rio de Janeiro, o modelo adotado nos treinamentos da seleção brasileira representava tudo o que a levantadora não curtia.

“Achei muito chato aquilo. Eu era muito garota. Eu saí da casa dos meus pais com 14 anos e achei chato mesmo. Estar concentrada, todo mundo numa casa, era uma coisa muito militar. Nós treinávamos em um ambiente militar e era muito cheio de regra. Não achei aquilo nem um pouco interessante. E me cortavam sempre depois que eu ficava muito tempo, o que era mais chato ainda. Não foi aquela coisa de eles terem visto que eu era garota e me cortarem logo. Eu perdia o maior tempo lá dentro”, diz, para depois reconhecer que, à época, ela não tinha maturidade para compreender tudo o que o esporte exige de um atleta do alto rendimento.

“Eu era muito criança. Você pode imaginar os 14 anos daquela época, lá nos anos 70? Não tinha nada a ver com 14 anos na época de hoje. Então, eu sentia falta das coisas que eu tinha. Tudo lá era não pode isso, não pode aquilo... Era muito chato. E eu me sentia muito criança. O pessoal era mais velho, mais adulto”.

Moscou 1980

A frustração com os cortes e com o sistema de treinos na seleção foram tão grandes que Jacqueline por pouco não desistiu do esporte. “Isso foi em 1977. Depois que eu fui cortada, fiquei um pouco traumatizada com essa história. Quase que eu não quis mais voltar”.

Mas Jacqueline manteve-se no caminho nos anos seguintes até que, em 1980, a seleção brasileira feminina viveu a primeira experiência olímpica de sua história. E ela estava entre as convocadas.  

“Eu confesso que eu não me lembro muito de tudo o que aconteceu nessa época. Mas eu fui para Moscou em 1980. Então, para ter sido convocada é porque eu voltei a fazer as coisas corretamente”, frisa. “Talvez os Jogos Olímpicos tenham me colocado no lugar. Nós só chegamos nessa edição porque houve o boicote, pois não nos classificamos no Pré-olímpico. O boicote dos Estados Unidos abriu uma vaga para o Brasil”, recorda.

Para Jacqueline, os Jogos Olímpicos de Moscou, talvez pelo fato de a vaga não quer sido conquistada em quadra, tiveram um significado diferente.

 “Eu me lembro de ter todo um encanto de estar lá, porque era muito distante. Você só via os Jogos pela televisão, e praticamente a abertura. Acho que não passou nenhum jogo nosso. Era muito longe”, conta.

“Eu lembro do desfile, lembro daquela abertura, que foi maravilhosa, lembro da Vila Olímpica, daquela coisa de estar com os atletas, com o João do Pulo e com os outros. Mas era uma coisa muito mais de admiração do que propriamente de fazer parte daquilo como competidora. Isso estava muito longe. Moscou foi para batizar a equipe do Brasil. Era a primeira vez que a gente chegava a uma edição de Jogos Olímpicos e foi isso. Só deslumbre de estar ali, naquele lugar maravilhoso, na Rússia, com tudo o que o país fez para receber os Jogos, e pronto”.

De fato, a estreia da equipe feminina foi marcada pelas derrotas do Brasil para a Hungria, Bulgária e Romênia na primeira fase, e, depois, para Cuba, já na disputa de 5º a 8º lugares. A única vitória veio no reencontro com a Romênia, resultado que selou a 7ª colocação do país na classificação final, entre os oito times que disputaram os Jogos na Rússia.



Um novo ciclo

Dentro da estrutura do vôlei brasileiro, a participação do time feminino nos Jogos Olímpicos da Rússia motivou um planejamento que trouxe metas mais audaciosas para a equipe para o ciclo seguinte.

“Depois que voltamos, existia um plano para as Los Angeles 1984. E esse plano iria fazer com que em quatro anos o Brasil fosse para os Jogos , mas de uma forma diferente, mais preparado. Um dos objetivos era chegar ao pódio ou mais perto do pódio possível. E eram quatro anos de preparação para que isso pudesse acontecer”, conta Jacqueline.

“Mas, de novo, voltou aquela coisa de concentração, sempre envolvido com ambientes militares, porque naquela época não tinha grana. Então a gente ficou muito tempo concentrado no DCTA, em São José dos Campos (Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial, estrutura que faz parte do Instituto Tecnológico da Aeronáutica – ITA). A gente ficou lá até embarcar para as os Estados Unidos. Ficamos lá bastante tempo”, continua.

“Essa preparação para Los Angeles foi feita para a gente chegar mais próximas do pódio, mas a nossa chave para classificar era muito difícil. Nós tivemos a oportunidade, mas perdemos. Mas realmente eu tinha crescido, já era outra coisa. Já cheguei ali de outra forma”, reconhece Jackie, eleita a melhor a levantadora dos Jogos.

Assim como ocorreu com os Jogos de Moscou, os Jogos Los Angeles 1984 também sofreram um boicote, só que desta vez liderado pelo bloco comunista. Com um time mesclado com as atletas olímpicas como Jacqueline, Isabel e Vera Mossa, e com estreantes como Ida, Sandra e Ana Richa, a seleção feminina não era a força dominante na América do Sul, já que o Peru, com Rosa Garcia, estava em alta.

Como disse Jacqueline, o Brasil não deu sorte e caiu em uma chave muito complicada, que tinha tanto a China, que levaria o ouro, quanto os Estados Unidos, que ficariam com a prata. A estreia foi com derrota para a China, e, depois veio um novo revés, para as donas da casa, seguido de terceiro resultado negativo, para a Alemanha. Depois, assim como em Moscou, o Brasil perdeu a primeira partida da disputa de quinto a oitavo lugares para a Coreia do Sul, e, na sequência, venceu o Canadá para, novamente, terminar na sétima posição entre oito times.

1985: o ano-chave

Após os Jogos Olímpicos de Los Angeles, o caminho no vôlei de quadra e na seleção brasileira estava com os dias contados para Jacqueline. Eleita a melhor levantadora de 1984, ela retornou ao Brasil para, um ano depois, comprar a briga que mudaria a sua vida.

“Eu não sei se eu tive sempre isso”, diz, ao falar sobre a fama de atleta de temperamento forte. “O esporte no Brasil naquela época era de muita disciplina, de sempre fazer daquela maneira, era sempre dirigido por homens. Era muito difícil. Os atletas tinham pouco espaço para se posicionar, para opinar”, continua.

De onde veio, então, essa iniciativa de protestar e de brigar para mudanças em uma época tão desfavorável para novas ideias? 

“Não sei. Talvez por não me sentir muito confortável com essa maneira de ter que aceitar aquelas condições, de não poder se expressar. Acho que era uma época do Brasil muito importante. O Brasil atravessava uma mudança, principalmente para o Rio de Janeiro. Eu lembro de ir ao teatro, de ver peças que falavam sobre essas mudanças, sobre essa liberdade, sobre essa forma de ser, e o carioca tinha toda uma coisa que buscava essa liberdade, uma coisa mais solta. E eu estava vivendo muito isso aqui no Rio”, pondera.

O fato foi que Jacqueline entrou em um embate direito com Carlos Arthur Nuzman e havia perdido a queda de braço. Sem apoio das companheiras de equipe e sem perspectivas, a levantadora foi obrigada a se reinventar.

“Eu não recebi apoio. Mas não fiz querendo que elas me apoiassem. Não estava querendo fazer uma guerra, uma revolução. Não fui com aquela coisa de vamos todas juntas, apesar de saber que era uma opinião de muitas delas. Eu achei que era isso, ele me cortou, e eu fiquei muito sensibilizada, muito triste. Fiquei deprê mesmo, até porque eu não conseguia mais jogar. Os clubes não me contratavam mais”.

Na areias da América

Com as portas fechadas no Brasil, Jacqueline tratou de buscar outras opções para continuar no esporte. E foi então que a paixão de criança voltou com tudo e o vôlei de praia surgiu como um caminho e um desafio interessantes.

“Quando eu joguei em Los Angeles 1984, nos intervalos, eu ia até a praia, em Santa Monica, já que andava com o pessoal da vela direto. E via as pessoas jogando vôlei. Eu também colecionava revistas americanas de vôlei e sempre no final das páginas tinha fotos de jogos de vôlei de praia, mas só com homens. Eu achava aquilo ótimo. Eu tinha na minha cabeça aquele sentimento de que era possível jogar vôlei de praia nos Estados Unidos. Eu comecei jogando voleibol na praia e então achava bem familiar. Era lógico que eu precisava ir para algum lugar e então comecei a fazer contatos”, conta.

“Eu fiz contato com o Bebeto (Bebeto de Freitas), que estava nos Estados Unidos jogando voleibol universitário. Ele jogava um torneio profissional que eram quatro homens e duas mulheres. As mulheres defendiam e os homens jogavam atacando. E eu fiz contato com outros jogadores também. Não tinha nada certo, mas que queria ir para lá. No masculino, já existia uma associação (de vôlei de praia), no feminino, não. Mas eu queria ir para algum lugar e achava que lá seria um lugar legal. Eu tinha uma vespa italiana, eu a rifei, vendi as coisas da minha casa, peguei o dinheiro e fui para os Estados Unidos”.

Quando partiu para os Estados Unidos, em 1986, Jacqueline iniciou uma nova fase de sua vida, que a levaria, quase dez anos depois, ao topo do pódio olímpico e garantiria a ela um lugar de honra na história do esporte brasileiro.

Em sua caminhada para desbravar um esporte que sequer existia oficialmente na América para as mulheres, ela contou com a ajuda de alguns personagens importantes na Califórnia.

“Tinha um americano, o nome dele era Paul Gross. Ele adorava os brasileiros e dava muita força a todos os atletas. Para todo mundo que ia para os Estados Unidos jogar voleibol a porta de entrada era o Paul. Eu consegui o contato do Paul e ele me recebeu na casa dele. Fiquei na casa dele acho que um mês, em San Diego”, lembra Jacqueline.

“O Paul me apresentou a vários jogadores americanos. Foi uma pessoa ótima. Ele tinha uma loja de voleibol chamada Volley World, que vendia tudo o que você possa imaginar. Era um fã de vôlei. Organizava os torneios e foi uma pessoa muito importante, que me abriu essa porta. Ele morreu, infelizmente. Ele era o cara. A vida da gente tem essas coisas, das pessoas que ajudam a gente. O Paul chegou a me emprestar o carro dele. Eu falei para ele que tinha que ir para Los Angeles, que tinha que ficar mais no centro, e ele me emprestou o carro por um mês”, agradece.

Itália e Califórnia

Apesar da paixão pelo vôlei de praia, Jacqueline precisava se manter. E se não podia jogar em casa, ela encontrou refúgio nas quadras italianas. “Em 1986 e 1987, eu fechei dois contratos na Itália. Jogava profissional na Itália no vôlei de quadra, porque na Califórnia não tinha dinheiro. Joguei duas temporadas na Itália, mas fazia as duas coisas”, diz.

“Eu me juntei com as jogadoras de vôlei de praia e fundamos a primeira associação de vôlei de praia profissional feminina. Foi logo no início da coisa. Eu jogava o inverno na Europa e ia para o verão na Califórnia. E lá nós fundamos essa associação, que se chamava Women Professional Volleyball Association. Mas não tinha grana. A gente estava se organizando para fazer os campeonatos”, detalha.

Jackie Silva, como passou a ser conhecida nos Estados Unidos, de fato foi uma atleta muito à frente de seu tempo. Se no Brasil ela levantou uma bandeira de igualdade de condições que só anos depois viria a ser reconhecida, nos Estados Unidos ela ajudou a organizar um novo esporte para as mulheres e abriu as portas para uma modalidade que viraria uma febre mundial.

“Fui uma das precursoras do vôlei de praia nos Estados Unidos. Acho que essas coisas só podiam ter acontecido lá. Porque em qualquer lugar do mundo não existia a organização que existia lá. Fiquei dois anos indo para a Europa e foi o tempo que precisou para o vôlei de praia explodir. Era o esporte dos anos 90. Quando chegou no final dos 80 e início dos anos 90, o vôlei de praia teve um boom mundial. E eles criaram o esporte e todos os esportes lá são feitos da mesma forma. É por isso que dá tão certo quando dá certo”, acredita Jackie.

Mais do que pavimentar a estrada para um novo esporte para as mulheres, Jackie moldou a maneira delas atuarem em quadra.

“Eu transformei muito a forma de jogar. No início, as regras eram bem difíceis, e as mulheres não bloqueavam. Só quem bloqueava eram os homens. As mulheres jogavam mais na retranca. Aí eu introduzi o bloqueio. Depois, introduzi o toque na levantada, o saque viagem... Fui uma pessoa que mudou muito a forma de jogar do americano e a forma de treinar”, reconhece.

Nesse sentido, Jackie carrega até hoje um sentimento de gratidão quando lembra dos anos que viveu nos Estados Unidos.

“Eu sou muito grata, porque mesmo sendo uma estrangeira, uma jogadora que ganhava dos americanos, eles sempre torceram muito por mim. Eles apreciam o esporte e a qualidade do trabalho e isso foi muito bom. E tinha uma coisa que era bem interessante, que eu gostava muito, é que tudo era organizado pelos atletas. Não tinha dirigentes. Eu saí do Brasil traumatizada com esse negócio de dirigentes. Eu cheguei lá e era a visão do atleta, era a essência do esporte com a visão do atleta, com a cabeça do atleta construindo uma modalidade. Então, para mim tudo fazia muito sentido”.

Thanks, Pat Zartman

Jackie já era uma atleta consagrada no vôlei de praia norte-americano quando, após os Jogos Olímpicos Barcelona 1992, ocasião em que entrou no programa como esporte de exibição, a modalidade foi confirmada como esporte oficial na programação dos Jogos Atlanta 1996.

De início, Jacqueline não se empolgou com a notícia. Afinal, as marcas do corte da seleção brasileira, apesar de cicatrizadas, ainda estavam lá. “Para ser sincera, aquilo, para mim, não era uma coisa que estava me deixando feliz, não. Aquilo para mim já tinha sido uma página virada. Fiquei meio traumatizada com esse negócio de seleção brasileira. Eu já tinha me dado conta de que eu teria que voltar para aquela história para poder jogar pelo Brasil. E como eu era uma pessoa que estava feliz, tinha meus patrocinadores nos Estados Unidos, a minha vida estava muito mais para lá do que para cá, eu não fazia muita questão”, admite.

Foi então que o treinador Pat Zartman entrou em cena. E sua atitude foi determinante para que o destino de Jackie Silva e para que o Brasil pudesse, finalmente, ter suas primeiras campeãs olímpicas.

“Foi ele quem me fez enxergar a minha importância dentro daquilo que estava acontecendo. Eu era uma pessoa que estava ali junto do esporte desde o início, que tinha ajudado no crescimento da modalidade, era uma jogadora que não podia, em uma hora tão importante, quando o esporte iria entrar oficialmente nos Jogos Olímpicos, ficar fora daquele momento,” conta Jacqueline.

“Ele me fez ver por A + B que eu teria que participar de qualquer maneira, que teria que voltar ao Brasil e encontrar uma jogadora, porque até então só jogava com americanas. Naquela época, eu estava muito afiada, muito disciplinada. Peguei gosto pela coisa. Quando comecei a ver o que estava acontecendo comigo lá, de poder ser uma jogadora vencedora, campeã, de ver o que eu precisava fazer para continuar ganhando, qual o tipo de trabalho, aquilo tudo foi me deixando muito fanática. Comecei a querer fazer aquilo o tempo todo”.

“Então, quando o Pat falou que era importante eu participar da Olimpíada e fez a minha cabeça, vim para o Brasil procurar uma parceira para me tornar campeã. Não era para participar. Se era para fazer eu tinha que fazer direito. Eu era campeã lá fora e tinha que nos Jogos Olímpicos também”, diz.

A consagração com Sandra Pires

Determinada a se tornar a primeira campeã olímpica da história do vôlei de praia feminino, Jackie Silva entrou de cabeça no novo projeto. Mas, para isso, ela precisaria de uma parceira brasileira. Então, recorreu à ajuda do amigo e técnico de Wantuil Coelho.

“Eu falei pra ele: 'Wantu, preciso formar um time, preciso de uma jogadora brasileira'. Ele comentou da Sandra, que estava jogando no Circuito do Brasil, que era bem pequeno. Ele falou que era uma jovem atleta, muito atlética, com muita força. Liguei pra Sandra e chamei para bater uma bola, porque eu precisava conhecê-la. Não sabia como era, quem era”, explica Jackie.

A história da formação da parceria entre Jackie e Sandra foi contada em detalhes pela jornalista Carol Delmazo em uma reportagem especial publicada no portal Brasil 2016, o site oficial do governo brasileiro para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016, hoje rebatizado de rededoesporte.gov.br.

Após formar a nova dupla, as duas embarcaram para os Estados Unidos e foi lá que se prepararam e afinaram a parceria que as levaria ao ouro nos Jogos de Atlanta 1996. Quando os Jogos finalmente começaram para elas, em 23 de julho, diante das representantes da Indonésia NiRahayu e EngelKaize, Jackie e Sandra estavam prontas para o desafio.

A vitória por 15 a 2 (naquela época, as partidas, à exceção da final, eram disputadas em apenas um set), abriu o caminho. Depois de passarem pelas australianas Liane Fenwick e Anita Spring, pelas brasileiras Mônica Rodrigues e Adriana Samuel, e pelas norte-americanas Barbra Fontana e Linda Hanley, Jackie e Sandra garantiram lugar na final, onde se encontraram novamente com as brasileiras.

Na decisão, que era em melhor de três sets, Jackie e Sandra venceram um primeiro set apertado por 12/11 e, no segundo, selaram a vitória com o placar de 12/6 para se tornarem as primeiras campeãs olímpicas da história do Brasil. Foi um resultado que veio 76 anos depois da primeira participação do Brasil nos Jogos, na Antuérpia 1920, e 64 anos depois da primeira participação de uma brasileira nos Jogos Olímpicos, a nadadora Maria Lenk, nos Jogos Los Angeles 1932.

“A Jackie entrou em um momento da minha vida em que eu estava começando a minha carreira e já comecei com uma jogadora que tinha muita experiência. Tive uma parceira só antes dela, que foi a Karina Lins e Silva, com quem eu joguei um ano e alguns torneios. Não tinham muitos torneios na época. No final do ano, a Jackie me convidou. E a Jackie, para mim, foi um divisor de águas na minha história. Eu sou muito grata por ela ter aparecido, ter me desafiado e ter tirado o melhor de mim”, agradece Sandra Pires, que não esconde a admiração pela parceira que a levou ao ouro olímpico.

Quando fala sobre tudo o que Jackie enfrentou na carreira e sobre as causas que ela defendeu, Sandra ressalta a coragem da campeã olímpica com uma análise que lembra a célebre música My Way, imortalizada na voz de Frank Sinatra: “But through it all, when there was doubt, I ate it up, and spit it out. I faced it all, and I stood tall. And did it my way (“Mas, entretanto, quando havia dúvidas, eu engoli e cuspi fora. Eu encarei tudo isso e continuei altivo. E fiz do meu jeito).

“A Jackie realmente é uma lenda no esporte, ela participou de vários momentos decisivos. Ela é um fenômeno. Foi convocada para a seleção brasileira adulta com 14 anos. É muito craque. E ela foi fazendo do jeito dela. Errou. Acertou. Mas fez do jeito dela. Tenho certeza de que hoje ela enxerga tudo e sabe onde errou, onde acertou, mas sabe que fez do jeito dela”, diz Sandra.

“Tem a história dela e tem a nossa história. E, para mim, foi fantástico ela ter aparecido na minha vida e a gente ter conquistado essa tão sonhada medalha de ouro, a primeira medalha de ouro feminina do Brasil no esporte olímpico. É inacreditável o peso que essa medalha tem. Acho que isso tudo foi uma recompensa por tudo o que ela enfrentou. Graças a Deus, por merecimento, depois disso tudo, ela conquistou a tão sonhada medalha de ouro e todo esse reconhecimento”, encerra Sandra.

Assim como Sandra, Wantuil Coelho mantém, 24 anos depois da conquista do ouro olímpico, a admiração por Jackie em patamares elevadíssimos. 

“Falar da Jackie é fácil e muito prazeroso. A Jackie foi uma jogadora espetacular, talvez a maior jogadora do mundo de todos os tempos no vôlei de praia. Ela foi pioneira do esporte nos Estados Unidos, criando a Liga Profissional Americana de Vôlei de Praia, e se tornou a maior referência do esporte, conseguindo com que o voleibol feminino americano tivesse um circuito profissional com premiação em dinheiro. Essas conquistas da Jackie fizeram com que o esporte crescesse dentro dos Estados Unidos e no mundo inteiro”, ressalta.

“Tecnicamente, a Jackie foi uma jogadora espetacular, uma visionária no sentido técnico e tático do jogo. Ela tinha observações completamente diferenciadas. Ao final, conquistou a medalha de ouro com essas visões e com esse estilo de jogo que ela criou com todas as essas mudanças táticas que ela ajudou a desenvolver no vôlei de praia mundial. Ela foi uma jogadora brilhante, disciplinada, que abria mão de tudo para ter uma grande performance e para se tornar a jogadora que ela se tornou: a melhor, The Best”, diz Wantuil.

Pat Zartman, o técnico que convenceu Jackie Silva a disputar os Jogos Atlanta 1996, fala da ex-atleta com enorme carinho e admiração.

“Ela sempre foi muito profissional e se esforçava demais nos treinos. Ela me pedia para ajudá-la a melhorar nos pontos que achava que não estava bem e, quando os Jogos Olímpicos chegaram perto, eu disse que ela tinha que jogar e que tinha que encontrar uma parceira no Brasil que pudesse acompanhá-la.  Eu tenho muito orgulho da Jackie. Ela é um exemplo de paixão e de vontade de vencer e merece todas as honras que receber”, resume Pat.

“Não é fácil ser a primeira mulher de seu país e conquistar uma medalha de ouro olímpica, como ela e a Sandra fizeram.”, lembra o treinador norte-americano, que tinha 44 anos quando conheceu Jackie Silva.

Passa rápido

Quando volta no tempo e recorda tudo o que viveu naquele 27 de julho de 1996 em Atlanta, Jackie se lembra de dois momentos distintos que a marcaram após o triunfo na final.

“Eu lembro que quando acabaram os Jogos foi uma festa muito grande, por tudo. E é engraçado porque eu voltei lá e a arena de Atlanta nem se compara com a arena que teve aqui no Rio 2016. O tamanho era infinitamente menor. Nós fizemos uma matéria com a SporTV, e eu e a Sandra voltamos lá. Meu Deus, era tão engraçado porque para a gente aquilo era imenso. Quando a gente chegou, sem as pessoas, sem aquilo tudo, era mínimo, bem pequeno. Eles colocaram algumas arquibancadas móveis duranteo evento, mas por mais que eles tenham feito alguma coisa não podia ter crescido muito mais do que aquilo”, conta Jackie.

“Mas com o impacto (da vitória), com a emoção, parecia uma coisa gigantesca. Era um olhar do mundo. Parecia que éramos o centro do mundo. E eu lembro que a festa era muito linda, lembro da gente correndo, e tal, e aquilo era muito forte”, continua.

Atletas Inteligentes

A jogadora que marcou o vôlei de praia de tantas maneiras se dedica a uma nova missão: um projeto social que ela iniciou no Rio de Janeiro.
“Tem um projeto que eu toco, que se chama Atletas Inteligentes, de vôlei na escola, que já ganhou um prêmio com a Unesco”, diz orgulhosa. “Eu dou aula e treino para adolescentes e adultos. Não consigo entender como é que o esporte não faz parte da escola. Eu realmente não consigo entender. Eu trabalho dentro de um CIEP, em Duque de Caxias, e essa escola onde eu trabalho é praticamente outra escola desde que o projeto começou. Tem uma quadra de voleibol de areia, tem uma quadra oficial da escola e ali as coisas mudaram. Estou há cinco anos. Já reformamos a biblioteca, já reformamos a quadra, e agora estou renovando de novo. Mas o tempo inteiro eu estou atrás de patrocínio, pela Lei de Incentivo ao Esporte”, conta.

Quando foi perguntada se havia para ela um sonho não realizado, Jacqueline parou e pensou por alguns instantes antes de responder: “Olha, não sei se é sonho. Eu tenho coisas que eu quero fazer, mas não tenho um sonho. Eu gostaria de colaborar mais para o esporte”, revela a campeã olímpica.

E que conselhos, então, ela teria para deixar para as crianças e jovens que sonham um dia chegar aos Jogos e, como ela, conquistar uma medalha?

“Tem que trabalhar muito, tem que se esforçar, tem que fazer sempre o seu melhor. E tem que estudar, tem que falar inglês. É bom falar inglês, porque se você quer competir internacionalmente é legal fazer inglês. É legal saber das regras e é importante ter opinião, entender o contexto”, enumera.

“Eu acho que ser atleta hoje em dia está melhor do que ser atleta antigamente. Acho que existe mais abertura. O Comitê Olímpico do Brasil está com uma Comissão de Atletas importante dentro do COB. É um espaço importante para o atleta se posicionar. As confederações também estão fazendo as suas comissões de atletas e isso tudo são aberturas que estão sendo dadas para fazer o atleta crescer”, continua.

A importância da história

Para Jacqueline, iniciativas como o Hall da Fama do COB também são muito válidas para preservar a história dos atletas que ajudaram a construir a caminhada olímpica do Brasil.

“Eu acho importantíssimo”, resume, para, em seguida, lembrar uma passagem que ocorreu em dezembro de 2018, quando ela recebeu o Troféu Adhemar Ferreira da Silva, concedido pelo Comitê Olímpico do Brasil. A honraria tem como objetivo homenagear atletas e ex-atletas que representem os valores que marcaram a carreira e a vida de Adhemar, bicampeão olímpico no salto triplo, tais como ética, eficiência técnica e física, esportividade, respeito ao próximo, companheirismo e espírito coletivo.

“Eu recebi o Troféu Adhemar Ferreira da Silva. E quando eu fui receber o troféu eu contei a minha história rapidamente. Ninguém sabia. E foi engraçado, porque eu entrei naquele teatro e como os atletas todos são muito novos, ninguém me conhecia. E quando eu acabei de contar a história muitos deles foram falar comigo”.

“A minha história, de alguma maneira, faz parte da história deles. É bom saber, porque já se passaram 24 anos desde a conquista da minha medalha. Eu me lembro que quando estava conversando, eu falei que eu voltei para o Brasil campeã olímpica. Quando eu falei campeã olímpica, todo mundo se levantou e aplaudiu. Mas eu falei que não acabou aí a história. A covardia continua. Porque ninguém sabe o que está acontecendo em todos os lugares. Então é importante saber que existem pessoas que têm uma visão diferente, que estão a fim de que as coisas melhorem e que de repente você não é a única que está sofrendo alguma coisa. Existem várias formas de sofrer. Eu sofri ali porque era uma discriminação contra a mulher. Mas quantas outras coisas estão acontecendo e que a gente não sabe ainda? É importante, sim, saber a história”, diz.

Jacqueline Silva foi uma atleta diferenciada em vários quesitos, dentro e fora de quadra. Atuou como ativista pelo direito de igualdade no esporte para as mulheres, construiu uma nova modalidade feminina, e, para o Brasil em particular, inspirou uma geração de atletas que viram nela e em sua parceira, Sandra, um exemplo de que era possível, sim, que brasileiras chegassem ao topo do pódio nos Jogos Olímpicos.

Depois do ouro de Jackie e Sandra em Atlanta, em 1996, foram necessários 12 anos até que outras atletas do Brasil se tornassem campeãs olímpicas de novo. Mas a espera e o exemplo valeram a pena: nos Jogos Pequim 2008, o Brasil viu surgir, em uma só edição, 13 novas campeãs: Maurren Maggi, no atletismo; e com Carol Albuquerque, Fabi, Fabiana Claudino, Fofão, Jaqueline, Mari, Paula Pequeno, Sheilla, Sassá, Thaisa, Valeskinha e Walewska, no vôlei de quadra.
Jacqueline Louise Cruz Silva

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Medalhas em jogos olímpicos

Vídeo

Jackie Silva é homenageada no Hall da Fama do COB em 2018

Jacqueline começou a jogar vôlei na quadra. Pela seleção brasileira, subiu ao pódio nos Jogos Pan-americanos San Juan 1979 e disputou os Jogos Olímpicos Moscou 1980 e Los Angeles 1984. Depois, conheceu o vôlei de praia, formou dupla com Sandra Pires e conquistou a medalha de ouro olímpica em Atlanta 1996, a primeira das mulheres brasileiras na história dos Jogos.
Vídeo

Live Especial do COB: Lendas do Esporte | Hall da Fama


Participantes:
Rogério Sampaio – Campeão olímpico de judô e Diretor Geral do COB
Jackie Silva – Campeã olímpica de vôlei de praia
Hortência Marcari – Vice-campeã olímpica de basquete 
Aurélio Miguel – Campeão olímpico de judô
Mediação - Álvaro José – Jornalista e nosso mediador
HomenageadoHomenageado

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RESULTADO EM DESTAQUE

ediçãoresultadoprova
Jogos Pan-Americanos
3º LugarBronze
Circuito Mundial de Vôlei de Praia
1º LugarOuro
Circuito Mundial de Vôlei de Praia
1º LugarOuro
Campeonato Mundial de Vôlei de Praia
1º LugarOuro

ACERVO

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