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Servílio de Oliveira recebe homenagem do Hall da Fama do COB
Servílio de Oliveira foi o primeiro brasileiro a ganhar uma medalha no boxe em Jogos Olímpicos. O feito demorou 44 anos para ser superado.
“Minha família era muito humilde, meu pai era um simples pedreiro e minha mãe era dona de casa. Naquela época, não havia Lei de Incentivo, Bolsa Atleta, nada disso. Era difícil viver do esporte sem apoio. Existiam os clubes e as academias, como a Pirelli. Tive a sorte de ser levado pelo Carollo para a Pirelli”, diz ele, referindo-se ao técnico Antônio Ângelo Carollo, que participou de cinco edições de Jogos Olímpicos – Cidade do México 1968, Munique 1972, Montreal 1976, Moscou 1980 e Barcelona 1992.
“Quando entrei para a primeira luta, deu um frio na barriga. Isso é sempre um sinal de que você está vivo e consciente da responsabilidade que tem ali”, comenta. O brasileiro seguiu bem e, quando venceu Joe Destimo, de Gana, nas quartas de final, no dia 21 de outubro de 1968, já garantiu a medalha de bronze.
“O pódio olímpico foi uma emoção muito grande. Por muito pouco, em função da falta de verba, nós não participamos daqueles Jogos. Chegar no México e subir ao pódio, tendo no peito uma medalha, das três que o país alcançou naquela edição, foi inesquecível”, vibra o pugilista.
“O adversário era muito habilidoso, começou a aplicar golpes somente em cima da minha machucadura. Foi uma luta dura, contra o oponente mais difícil que peguei na carreira, mas saí como vencedor”, descreve. O árbitro Antônio Bernardo opina dizendo: “naquela luta contra o Tony Moreno, o Servílio deu um show de boxe”.
“O modelo de gestão implementado por ele, naquela época, reverberou naquilo que temos hoje em dia, com os boxeadores amadores podendo receber salários mensais de seus clubes/cidades para poderem se dedicar única e exclusivamente ao treinamento e às competições nacionais e internacionais”, explica Gabriel.
“Ele me ensinou a confiar no sonho, a ter paciência, a acreditar sempre.”
O Brasil quebrou o jejum longevo de medalhas no boxe nos Jogos Olímpicos Londres 2012, conquistando uma de prata, com Esquiva Falcão, e dois bronzes, com Adriana Falcão e Yamaguchi Falcão. Esquiva e Yamaguchi treinaram na Associação Desportiva São Caetano, que tinha Servílio como gestor e seus filhos, Gabriel e Ivan, como técnicos.
“Conheci o Servílio de Oliveira pessoalmente quando fui para São Caetano. Tive a honra de treinar com ele e receber dicas. Treinei também com o filho”, lembra Esquiva Falcão, destacando que ter um medalhista olímpico do lado já seria uma grande honra. “Imagina quando é possível ser treinado por ele! Isso foi essencial para que eu chegasse ao pódio, foi um incentivo para mim.”
“Vão passar 300, 400 anos e sempre que se falar em Jogos Olímpicos, sempre que o esporte brasileiro for mencionado, o nome de Servílio de Oliveira, o primeiro medalhista olímpico do boxe no Brasil, será lembrado. Está na história.”, diz orgulhoso.
“Meu avô tem um grande nome no boxe e meus tios e meu pai acabaram seguindo a mesma trilha. Fui influenciado por eles, claro, e acabei criando gosto pelo esporte. A parte boa de ser desta família é que o boxe já está no sangue, a paixão pela modalidade vem de berço. A parte ruim é a pressão. No início, passei por isso. Hoje, já provei que mereço ser visto não apenas como o neto do primeiro medalhista do boxe brasileiro, mas sim pelos meus resultados e pelo meu valor”, pondera o jovem neto de Servílio.
edição | resultado | prova |
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Jogos Olímpicos Cidade do México 1968 | 3º Lugar | Peso-Mosca - 51Kg |