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Finalmente, cem dias para os Jogos Olímpicos de Tóquio!

Artigo de Marco La Porta, vice-presidente do COB e chefe da Missão brasileira nos Jogos Olímpicos Tóquio 2020

Por Comitê Olímpico do Brasil

14 de abr, 2021 às 06:54 | 4 min de leitura

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O nosso foco é, claro, a busca da melhor performance sem oferecer risco para a saúde do atleta. A partir desse objetivo, o COB atua em várias frentes para apoiar nossos atletas. O planejamento para estes Jogos se iniciou antes de 2016. A preocupação inicial era com o clima, com a alimentação, com o transporte e, principalmente, com a adaptação ao fuso horário. Estes eram os desafios. Para fazer frente a eles, estabelecemos nove bases de aclimatação, cidades japonesas, nas quais os atletas poderiam chegar com antecedência, se adaptar ao clima, se alimentar com comida brasileira, e ter toda a estrutura necessária de treinamento para finalizar preparação deles. Com o advento da pandemia e o consequente adiamento dos Jogos, toda a operação necessitou ser ajustada. Nela acrescentamos a preocupação com protocolos sanitários para preservação da saúde dos membros da delegação brasileira.

Nossos atletas já asseguraram 200 vagas e esperamos acrescentar entre 50 e 100 novos classificados até o fechamento da lista. Para isso, não estamos economizando esforços para que os atletas possam participar das competições qualificatórias que estão programadas conforme planejamento de cada modalidade e as que serão realocadas dentro de um calendário que é atualizando quase diariamente. 

Temos absoluta certeza que os Jogos acontecerão e, em função disso, o COB trabalha em duas frentes bem específicas:

Preparação dos atletas

Montagem das bases de aclimatação no Japão

Em relação à preparação dos atletas, a Missão Europa, montada em 2020 e que permitiu o treinamento de nossos atletas em Portugal e em outros países da Europa, foi e está sendo fundamental. Muitos dos resultados que estão acontecendo hoje, com os atletas brasileiros tendo bons desempenhos no retorno das competições, pode ser creditado à ela. Baseado nessa experiência anterior e diante do quadro preocupante da pandemia em nosso país, estamos planejando com cada modalidade a melhor estrutura e logística para que os atletas possam treinar, no Brasil ou em outro país, competir e chegar ao Japão em condições de ter a sua melhor performance, sem risco de se contaminar com o vírus porque sabemos que isso pode ser devastador não apenas para a reta final da preparação, mas, principalmente, para a saúde do atleta.

O Comitê Olímpico Internacional (COI) e o Comitê Organizador Tóquio 2020 (TOCOG, na sigla em inglês) já trabalham com um cenário bastante restritivo, onde o público já foi limitado apenas aos habitantes do Japão, o espaçamento social será necessário, as medidas de higiene e a utilização de máscaras obrigatórias, as interações serão restritas e a testagem será constante com o isolamento bastante severo em casos de testagem positiva.

Diante deste quadro, o COB, que tem a área específica de Jogos e Operações Internacionais para isso, prioriza em sua operação a segurança e a contenção de riscos. Trata-se aqui de gerir as ameaças e de adotar medidas difíceis em algum momento dessa readequação do planejamento. Hoje, o replanejamento tem como base as novas premissas do COI e do TOCOG que foram publicadas em fevereiro, mas elas serão atualizadas novamente em abril e, de novo, em junho. Para esse grande trabalho de readequação, o COB foi buscar especialistas, infectologistas, para ajudar na montagem da operação que passou a ser ainda mais complexa. Como principais focos de atuação estão a proteção aos atletas, a restrição de interações, a proibição de utilização de espaços e transportes públicos, uma quarentena de 14 dias antes de viajar ao Japão, a testagem da COVID-19 antes do embarque, no desembarque ainda no aeroporto de Haneda e a cada 4 dias de permanência em Tóquio, a utilização de um aplicativo para controle de movimentação, sintomas e testes e a entrada no país apenas dos credenciados, restringindo-se assim, ao máximo, a circulação de turistas na época dos Jogos.

Outras premissas que impactam na nossa operação dizem respeito à circulação de pessoas, seja dentro da Vila Olímpica, que será bastante restrita, sendo permitida a entrada do atleta apenas sete dias antes das competições, seja no acesso às instalações de treinamento apenas cinco dias antes. Restrições que impactam diretamente na preparação das equipes em sua reta final, que é fundamental e pode fazer a diferença na obtenção de uma medalha. 

Além da restrição de acesso, existe o próprio fato de ser a Vila um local de risco de contaminação pelo grande número de circulantes. Isso tornou as operações nas nossas nove bases ainda mais importantes. Na Vila estarão concentrados atletas de 206 países diferentes, com elevadores e andares compartilhados e o refeitório com uma circulação estimada de 2500 pessoas se alimentando sem máscara. Assim, quanto mais o atleta demorar a entrar na Vila, se mantendo nas bases, em um ambiente controlado e com menor circulação de pessoas, menos risco ele vai correr.

Este exemplo da Vila Olímpica mostra o quanto este momento requer serenidade, flexibilidade e responsabilidade. Cada integrante da nossa delegação deverá estar muito comprometido com os protocolos de segurança, de modo a não se colocar em risco e não colocar seus companheiros e companheiras em uma situação de vulnerabilidade. Qualquer sintoma deverá ser comunicado imediatamente!

Foi uma longa estrada pra se chegar até aqui. Era para estarmos pensando em Paris 2024, mas ainda estamos com as atenções voltadas para o Japão. A pandemia que causou o adiamento dos Jogos para 2021, trouxe momentos de incerteza, dúvidas quanto à realização do evento, um clima de apreensão, mas, finalmente, o barco, de preferência um 49erFX das nossas campeãs olímpicas Martine e Kahena, começa a tomar um rumo mais seguro neste que é o ciclo mais desafiador do esporte olímpico brasileiro. 

Muitas dúvidas ainda estão no ar, particularmente em relação aos protocolos que serão adotados pelo Comitê Organizador, mas não tenho dúvidas em afirmar que o trabalho está sendo feito com muito cuidado e muita qualidade, dando a certeza de que quando os Jogos começarem, no próximo dia 23 de julho, exatamente daqui a 100 dias, estaremos prontos para buscar grandes resultados e dar alegrias aos brasileiros em um momento tão difícil!


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