Judô brasileiro começa Santiago 2023 com quatro ouros e 100% de aproveitamento
Aléxia Nascimento (48kg), Michel Augusto (60kg), Larissa Pimenta (52kg) e Rafaela Silva (57kg) foram campeões; Amanda Lima (48kg) e William Lima (66kg) ficaram com bronze
O judô
brasileiro começou os Jogos Pan-americanos cumprindo as justificadas expectativas
de muitas medalhas. Todos os seis atletas que subiram aos tatames montados no
Centro de Esportes de Contato, no complexo do Estádio Nacional, chegaram ao
pódio. Destaque para Aléxia Nascimento (48kg), Michel Augusto (60kg), Larissa
Pimenta (52kg) e Rafaela Silva (57kg), que ficaram com o ouro. Amanda Lima
(48kg) e William Lima (66kg) ficaram com bronze.
Mas as principais atenções estavam voltadas para a campeã olímpica e duas vezes
campeã mundial do leve, Rafaela Silva, justamente na última luta do dia. Ela
não deu chances à argentina Brisa Gomez e com 5s de luta já conseguiu o primeiro
waza-ari. Pouco depois, projetou a adversária pela segunda vez para conseguir o
ippon e o sonhado ouro em Jogos Pan-americanos. Era a medalha que faltava para
ela se tornar a primeira judoca campeã de tudo: Jogos Olímpicos, Mundial e
Jogos Pan-americanos.
“Estou muito feliz, sabemos como é o judô, um esporte de alto rendimento. Então,
não adianta chegar e falar que bateu na trave, que foi prata, bronze, porque o
próximo é só daqui a quatro anos. Este é meu quarto Pan-americano, então, tenho
pelo menos 16 anos aí de estrada, batalhando para conseguir essa medalha de
ouro, esse feito e estou feliz de ter essa resiliência, essa capacidade mental
de conseguir chegar aqui e fazer o meu papel. O meu objetivo era sair daqui com
a medalha de ouro”, contou a judoca que tinha uma prata em Guadalajara 2011 e
um bronze em Toronto 2015.
O primeiro ouro do dia foi da surpreendente Aléxia Nascimento. A jovem de
apenas 21 se classificou para Santiago 2023 depois de ganhar os Jogos
Pan-americanos Júnior Cali 2021. O período entre uma competição e outra foi de
muitos desafios para a atleta que deixou Campo Grande (MS) e se mudou para São
Paulo para buscar novos horizontes na modalidade.
“Do Pan Júnior até aqui foi uma caminhada longa, de bastante incerteza. Tipo,
se era realmente isso que queria para a minha vida, também foi um ano de
mudanças que eu tive, mas sempre focando no processo, querendo sempre subir no
lugar mais alto do pódio. Desde Pan Júnior até aqui foi muita
resiliência e as decisões deram certo. Então, é só felicidade”, contou.
Mas ela não foi a judoca mais jovem a conquistar uma medalha para o Brasil em
Santiago 2023. Michel Augusto, de apenas 18 anos, foi incrível durante todo o
dia e superou adversários mais experientes para conquistar seu ouro. O menino,
natural de Bastos (SP) e cria do Sensei Umakakeba, a mesma cidade e professor
de Tiago Camilo, duas vezes medalhista olímpico, comemorou conquistar um título como esse tão cedo.
“Esse Pan foi muito importante para mim. Vamos ter os Jogos Olímpicos ano que
vem e era uma etapa bem importante para mim. Poder viver isso aqui com 18 anos é
muito gratificante. Foram lutas bem duras, mas acho que meu diferencial na
competição foi não desistir, dar o melhor de mim. Nessa final, comecei
perdendo, mas consegui virar e ser campeão”, lembrando que na decisão contra
Johan Cano, da Colômbia, saiu perdendo com duas punições contra, mas deu volume
de luta e conseguiu provocar três shidôs (penalizações) para o adversário e
venceu no golden score.
Por fim, Larissa Pimenta tinha um importante desafio contra a mexicana Paulina
Martinez, até pensando no quadro de medalhas dos Jogos Pan-americanos. Mas a
atleta de São Sebastião (SP) manteve a cabeça fria para vencer nas punições
(3-2).
“Já começamos bem, mas sempre podemos melhorar. O Brasil é uma potência,
acredito muito no nosso país e vamos torcer que ainda tem mais. Essa é minha
segunda medalha de ouro nos Jogos Pan-americanos, é um título muito importante
para mim, um título que vim buscar e estou feliz com essa conquista”, analisou.
O Brasil volta aos tatames do Centro de Esportes de Contato neste domingo, 29,
com Ketleyn Quadros (63kg), Daniel Cargnin (73kg), Gabriel Falcão Lira (73kg), Alexia
Castilhos (70kg), Luana Carvalho (70kg) e Guilherme Schmidt (81kg).