Seleção de ginástica rítmica treina em conjunto usando internet
Reunidas pela tecnologia, ginastas adaptam rotina e dão continuidade à preparação para evento classificatório para Tóquio 2020
As dez ginastas da seleção brasileira de Ginástica Rítmica (GR) iniciaram os treinos online depois do início do isolamento social, em abril. Cada uma delas executa os movimentos em frente à câmera do computador. Tudo é observado pelos membros da equipe multidisciplinar, que orientam cada tarefa. Com o auxílio de um aplicativo, a tela se divide e cada uma das componentes da equipe visualiza as colegas e as treinadoras. A missão do grupo é a preparação para a competição classificatória para os Jogos Olímpicos de Tóquio, em data a ser divulgada pela Federação Internacional de Ginástica, após a reformatação do calendário afetado pela pandemia de coronavírus.
“No primeiro dia de treinamento online, apanhamos um pouco do sistema. No segundo, funcionou bem melhor. Essa geração tem muita familiaridade com tecnologia. Há ginastas que moram em apartamentos e, quando jogam o aparelho pra cima, ele bate no teto. Enquanto não receberem bronca do pessoal responsável pelo condomínio, vamos tocando a vida. Uma delas está praticando no salão de uma igreja, outra que não tem wi-fi em casa recebe as orientações pelo whatsapp. Estamos nos virando como podemos”, diz Camila Ferezin, treinadora da seleção brasileira.
Bruna Martins, professora de balé e assistente de Camila, esforça-se para corrigir os movimentos. “Como trabalhamos com um número acentuado de repetições, ora clico na imagem de uma que sei que tem dificuldade numa rotação, ora visualizo outra. Assim tocamos o trabalho. O importante é não ficarmos paradas”.
A rotina foi adaptada. Das 9h às 13h são realizados os treinos conjuntos com o auxílio do aplicativo. À tarde, acontece a sessão comum de fisioterapia, de 45 minutos, comandada por Paulo Márcio Oliveira, chefe da equipe de fisioterapia. Semanalmente ocorrem sessões individuais e conjuntas de orientação psicológica, a cargo de Carla Di Piero e Ana Vitória Renaux.
“Mesmo com toda a dificuldade, estamos tendo êxito na realização dessas atividades. Fazemos um trabalho dirigido para determinados grupos musculares demandados pela GR, além de exercícios que trabalham a mobilidade e outros voltados para lesões específicas ou gerais”, afirma Paulo Márcio.
A tecnologia é a parceira da seleção também em outras atividades: elas estudam inglês por intermédio de um aplicativo. Outra prática obrigatória é a leitura de livros: uma hora diariamente. Durante a tarde, elas são orientadas a “brincar” com os aparelhos de GR. “Tal qual o jogador de futebol, que faz suas embaixadinhas para melhorar o controle de bola, as ginastas fazem malabares com os aparelhos. É uma maneira de ganhar intimidade com eles”, acrescenta Camila.
Enxergando a necessidade de isolamento pelo prisma positivo, Bruna reflete que a seleção sairá engrandecida dessa dura experiência. “Estamos todos em casa, em família, abastecendo-nos de amor, energia e carinho. Continuamos fortes”.
Fonte: CBG