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Durante Fórum Esporte Seguro, atletas compartilham experiências e mostram a importância de um ambiente esportivo saudável

Ginastas Jade Barbosa e Angelica Kvieczynski, e Gabriel Campolina, do taekwondo, participaram da mesa redonda “Voz dos atletas” no evento do COB nesta terça, 03

Por Comitê Olímpico do Brasil

3 de set, 2024 às 17:30 | 5 minutos de leitura

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Atletas Jade Barbosa e Gabriel Campolina relatam experiências no Fórum Nacional do Esporte Seguro - Foto: Bruno Lorenzo/COB

A voz dos atletas é fundamental na criação de um ambiente esportivo seguro. Por isso, o I Fórum Nacional do Esporte Seguro, promovido pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB), no Rio de Janeiro, nesta terça, 03, contou com presença de Jade Barbosa, da ginástica artística; Angelica Kvieczynski, da ginástica rítmica, e Gabriel Campolina, do taekwondo, que sofreram situações de violência e mostraram indiretamente como os investimentos para prevenir as situações de insegurança e reconhecer e responder aos desvios éticos são extremamente importantes.

Angélica e Jade tocaram em pontos muito importantes sobre a mudança da cultura de treinamento dentro da modalidade, principalmente com questões relacionadas ao peso, quantidade de treinamento e exigências por parte de integrantes da comissão técnica. E das críticas que sofreram por falarem sobre viverem um ambiente insegurança para a prática esportiva.

“O COB me ajudou muito, tem um programa lindo que é o de transição de carreira. Atualmente, sou treinadora de ginástica rítmica na Irlanda. Ver o brilho nos olhos das minhas atletas de tentar ser a melhor atleta do país, de chegar a uma seleção não tem preço. Hoje eu tenho foco em não replicar nada do que aconteceu comigo. Não foi fácil falar com elas, foi muito difícil. Acabei ficando triste depois de falar. Recebi muitas críticas dizendo que eu queria aparecer, queria mídia, pessoas do meio dizendo que eu queria acabar com a minha modalidade. Em algum momento me senti excluída. Senti falta de um acolhimento das instituições envolvidas, de traçar uma estratégia para que isso não se repetisse, que nenhuma menina mais fosse agredida. O sentimento era que o que eu fiz não tinha mais valor. Agora, estou fazendo um projeto de reestruturação da Ginástica Rítmica na Irlanda nos últimos dois anos. Estou provando que ter uma metodologia sem abuso dá resultado. Sou uma mulher, tenho meus instintos maternos e quero prover o melhor para minhas atletas”, contou Angélica, que participou de maneira online.

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“Vim de um clube que tinha um olhar mais individualizado, era como uma família. Quando cheguei na seleção, era uma outra realidade. Não existia o compromisso de ter um diálogo. Nós conquistamos isso. Eu também ouvi, assim como a Angélica, que eu queria acabar com a minha modalidade, que eu poderia ter feito de outra maneira. Eu escondi do meu pai que eu tinha tido cálculo renal e estava internada num hospital longe da minha família. Passamos por muita coisa ao longo desse tempo, mas hoje vemos que estamos no caminho certo. Acredito que se tivesse todo esse carinho que temos hoje durante toda a minha carreira, talvez os meus resultados fossem ainda melhores”, completou Jade. 

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Gabriel viveu há alguns meses uma situação de violência fora do ambiente esportivo, mas que, segundo ele, poderia ter influenciado em toda sua carreira caso tivesse tido alguma atitude diferente da que teve. Ele foi vítima de racismo numa estação de metrô em São Paulo.

“Tive que olhar pra frente para que essa situação não atrapalhasse o que eu quero ser. Eu quero ser campeão mundial, campeão olímpico e eu sei que se eu reagisse de uma maneira errada, isso iria atrapalhar meu futuro. Se eu tiver um temperamento negativo, um temperamento agressivo, eu vejo que eu também vou agir em casa, no treino. Os pensamentos que me dominaram naquela hora não podem me dominar sempre. Por conta dessa situação, eu fui parar na televisão, mas me tornei conhecido por ser atleta. Consegui reverter essa situação. Hoje, me tornei a pessoa brincalhona, comunicativa que eu sempre quis. Segui o conselho da minha mãe: olhe para frente e para o alto", contou.

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Além dessa mesa redonda, o Fórum contou com apresentações de grandes palestrantes internacionais como Kirsty Burrows, líder da Unidade de Esporte Seguro do Comitê Olímpico Internacional (COI), que abrange as áreas de proteção e saúde mental; Mônica Rivera, vice-presidente de Educação e Pesquisa, e Hannah Hinton, vice-presidente de Desenvolvimento Organizacional e Compliance, ambas do U.S. Center for SafeSport; e Havard B. Ovregard, conselheiro sênior do Comitê Olímpico e Paralímpico Norueguês e da Confederação de Esportes da Noruega desde 2007.

O Programa Esporte Seguro no COB
O Programa Esporte Seguro (PES) visa tornar o esporte um lugar seguro para todas e todos, contribuir para uma cultura de prevenção, reconhecimento, enfrentamento e adoção de boas práticas no ambiente esportivo, conforme a legislação vigente. A implementação de princípios gerais de segurança, bem como a busca por prover um ambiente seguro, acolhedor e respeitador, é essencial. Para o COB, proteger tanto atletas quanto todos os envolvidos com o esporte deve ser uma missão constante.

Os cursos de Prevenção e Enfrentamento do Assédio e Abuso no Esporte, com a edição para adultos, lançada em março de 2020, e a edição Abuso e Assédio Fora de Jogo – para jovens, desde fevereiro de 2021, e o Curso Esporte Antirracista: Todo Mundo Sai Ganhando, inaugurado em abril de 2021, foram obrigatórios para atletas e membros de delegação que participaram dos Jogos Olímpicos Tóquio 2020 e seguem para todas as demais missões do Time Brasil. O PES também está presente em todos as Missões do Time Brasil, com oficiais de salvaguarda, verificação de antecedentes criminais, Canal de Ouvidoria e Ética e palestras educativas presenciais e online.

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