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'É preciso falar sobre racismo': Djamila Ribeiro, Arnaldo Oliveira e Iziane Marques debateram o tema na última Live Especial do COB

A conversa ao vivo marcou o lançamento do Programa de Prevenção e Enfrentamento do Racismo do IOB

Por Comitê Olímpico do Brasil

27 de ago, 2020 às 14:10 | 1 min de leitura

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A noite da segunda-feira, dia 24, foi palco de um bate-papo importante para o esporte e a sociedade. A décima segunda e última Live Especial do COB reuniu Arnaldo Oliveira, medalhista olímpico no revezamento 4X100m em Atlanta 1996, Djamila Ribeiro, escritora e filósofa, Iziane Marques, atleta olímpica de basquete, com mediação de Manoela Penna, diretora de marketing e comunicação do COB sob o tema Racismo no Esporte, Prevenção e Enfrentamento. A conversa marcou o lançamento do Programa de Prevenção e Enfrentamento do Racismo da entidade.   

Manoela Penna começou a live lembrando que Respeito é um dos valores do Movimento Olímpico e que o COB vem se mobilizando na organização de ações de enfretamento do assédio, abuso e racismo no esporte. Em março deste ano, o Instituto Olímpico Brasileiro, o IOB, área de educação do COB, lançou o Curso de Prevenção e Enfrentamento do Assédio e Abuso no Esporte (PEAAE), que já contou com a participação de mais de 900 atletas e 6.000 inscritos. O programa de Prevenção e Enfrentamento do Racismo ganhará um curso em 2021. 

“É importante a gente entender que racismo não é um tema específico, ele é estrutural na sociedade brasileira. Independente da área que a gente esteja falando, seja no esporte, seja no mundo corporativo. E é importante conhecermos as origens sociais da desigualdade. O racismo não é algo do campo somente do individual é uma estrutura que nega oportunidades iguais, que impede a mobilidade social, que desumaniza, que colocou a população negra em um lugar de inferioridade social. É importante a gente aprofundar esse debate e precisamos, infelizmente, entender o racismo em sua magnitude no Brasil”, disse a filósofa Djamila, autora de diversos livros sobre o tema.   

Arnaldo e Iziane comentaram suas experiências e lembraram que vivenciaram o racismo fora do esporte. O medalhista olímpico de 1996 contou que em sua instituição social Projeto Futuro Olímpico ele ensina a igualdade. “No atletismo eu nunca sofri nenhum ato de racismo, pelo contrário, sempre tive o apoio de todos. Mas fora do atletismo sim. Sabemos que isso precisa acabar, que é um problema cultural. No atletismo eu aprendi como lidar com o racismo, a forma como enfrentar as situações de preconceito e discriminação. A pessoa não pode se achar superior por causa de sua cor. O esporte me ensinou bastante e hoje eu tenho um projeto social aqui no Rio de Janeiro que ajuda a tirar crianças de situação de risco. Temos brancos, negros, pardos e todos são tratados igualmente. Tentamos mostrar para eles que vamos seguir juntos, independente da raça, independente da cor”.     

“Eu como o Arnaldo nunca sofri racismo dentro do esporte. Dentro do esporte eu me encontrei. Eu sofri racismo quando sai do meu país para jogar basquete. Sai de um país predominantemente negro para países brancos, onde eu via poucas pessoas negras. E ai eu senti um pouco mais essa questão racial”, relembrou Iziane, atleta que integrou a seleção feminina de basquete que conquistou o bronze no Pan de Guadalajara em 2011 e que jogos nos Estados Unidos e Europa.    

A conversa ainda contou com perguntas feitas por quem estava assistindo ao vivo nos perfis do Time Brasil no Facebook e Youtube. Djamila reforçou importância do tema e da educação para a pevenção. “É preciso falar sobre racismo. A gente precisa se informar sobre racismo, sobre sexismo, ler sobre isso, entender como isso foi construído historicamente, por que isso orienta a nossa prática. Quando discutimos desigualdade a gente vai entender a necessidade de ter diversidade. A gente entende quais foram as construções sociais do racismo, como essas desigualdades foram descontruídas a gente se responsabiliza por essa mudança, mas isso passa, necessariamente por um processo de educação antirracista que é fundamental”.   

Prevenção e Enfrentamento do Racismo no Esporte  

O Programa de Prevenção e Enfrentamento do Racismo surgiu do desejo do COB de seguir tratando de temas transversais e sensíveis ao esporte, uma vez que se torna urgente implementar princípios gerais de segurança, bem como promover um ambiente seguro, no qual todos os envolvidos no ambiente esportivo possam enfrentar e evitar qualquer tipo de violência. O objetivo do programa é desenvolver ações de reflexão e discussão sobre a temática das relações raciais, na busca da prevenção, enfrentamento e superação das desigualdades criadas pela prática da discriminação racial.  

Este novo programa compõe ainda outras ações já promovidas pelo COB, visando garantir a ética e a transparência e o cumprimento dos Valores Olímpicos, tais como: PEAAE; ações de Compliance; ações de Prevenção ao Doping; e programa GET – Gestão, Ética e Transparência; entre outras ações de cunho administrativo.   

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