Equipe mista de curling do Brasil faz história, supera a Alemanha e conquista em Gangwon 2024 primeira vitória olímpica do país
Placar foi de 6 a 4 pros brasileiros, com recorde de pontos e de ends vencidos em Jogos da Juventude; Lucas Koo se despede da competição com outro top-10 na patinação velocidade -pista curta
Foram 15 longos jogos (07 em Lillehammer 2016, 05 em Lausanne 2020 e 03 já em Gangwon 2024), mas nesta segunda-feira,
22, o Brasil pode enfim comemorar a sua primeira vitória no curling em Jogos
Olímpicos. A equipe mista formada por Pedro Ribeiro (Skip), 14 anos, Julia
Gentile (Vice-skip), 15 anos, Guilherme Melo (Fourth), 15 anos, e Rafaela
Ladeira (Lead), 17 anos, venceu a Alemanha por 6 a 4 e, além da vitória,
garantiu novas marcas históricas nos Jogos Olímpicos de Inverno da Juventude:
nunca o Brasil havia jogado 8 ends (espécie de sets no curling), nunca havia
marcado mais que três pontos numa partida e nunca havia vencido mais que dois
ends (foram 4 na vitória sobre os alemães).
"São
muitos times bons aqui nos Jogos Olímpicos da Juventude, uma competição bem
difícil, mas estamos dando o nosso melhor e, com isso, conseguimos a nossa
vitória de hoje contra a Alemanha", disse Julia.
"Estamos muito orgulhosos de representar o Brasil no curling, conseguir
colocar em prática tudo que nós treinamos", contou Guilherme.
"Nosso time é um dos times mais novos dos que estão jogando aqui. Inclusive, o Pedro é o capitão mais novo entre todos os países. Obrigado a todos por
acreditarem na gente, no nosso potencial e fazer real essa experiência que
estamos vivendo", afirmou Rafaela.
"Queria agradecer nossos patrocinadores, ao COB, à CBDG, aos torcedores e a nossa família por
terem nos incentivado e nos ajudado a chegar nesse momento histórico",
concluiu Pedro.
Com uma média de idade de 15 anos e 3 meses e sendo a primeira experiência
internacional no currículo desses atletas, a intenção do Comitê Olímpico do
Brasil (COB) e da Confederação Brasileira de Desportos no Gelo (CBDG) com a
participação em Gangwon 2024 é incentivar a prática da modalidade entre os
jovens brasileiros e renovar a equipe nas competições internacionais nos
próximos anos. Num segundo
plano, havia metas de quebrar o recorde de pontos marcados e de ends vencidos na
competição, ambas marcadas conseguidas apenas nesse jogo contra a Alemanha.
“O potencial de evolução desses atletas é grande se seguirem treinando e ganhando experiência internacional. Já temos bons exemplos de atletas que disputaram os Jogos Olímpicos de Inverno da Juventude e seguem se desenvolvendo e representando o Brasil a nível internacional”, citou Gabriel Karnas, Chefe da Equipe de Gelo do Brasil em Gangwon 2024.
Ele cita, especialmente dois exemplos, Gabriela Rogic Farias e Vitor Melo (irmão de Guilherme), que estiveram na última edição do evento, em Lausanne 2020. Os atletas se tornaram os skips (capitães) dos times feminino e masculino, respectivamente, do Brasil no Mundial Júnior B e lideraram as equipes nas primeiras vitórias internacionais do país na competição. É um caminho para elevar o Brasil a outro patamar competitivo num futuro próximo.
Campanha do curling do Brasil em Gangwon 2024
O curling brasileiro fez sua estreia nos Jogos Olímpicos de Inverno da Juventude com derrota para a Coreia do Sul (17x1), uma das potências do esporte. Neste domingo, 21, a equipe brasileira enfrentou e foi superada pelo Canadá (14x0) e pela Dinamarca (10x1). Nesta segunda, 21, veio a vitória sobre a Alemanha (6x4). O Brasil ainda faz mais três jogos no evento, contra Suíça, Itália e Grã-Bretanha.Lucas Koo se despede de Gangwon 2024 com outro top-10
E parece que a atual edição dos Jogos Olímpicos de Inverno da Juventude está mesma destinada a ser histórica para o Brasil. Além da primeira vitória olímpica do curling e da inédita medalha de Zion Bethonico no snowboard cross, Lucas Koo também marcou o nome da história com a participação na patinação velocidade – pista curta. Foi a primeira vez em que o Brasil esteve representado na modalidade em Jogos Olímpicos e o atleta conseguiu três semifinais e dois top-10, nos 1.000m e 500m, em três provas que disputou.“Lucas foi competitivo com os melhores atletas do mundo na idade dele, numa modalidade que o Brasil não tem tradição. Mostrou muito potencial de desenvolvimento, mas já é um atleta incrível. Vamos estar ainda mais perto dele, buscando uma inédita classificação também para os Jogos Olímpicos sem limite de idade”, analisou Karnas.
Lucas conseguiu se aproveitar bem do seu ponto forte, a largada, nesta segunda e passou com certa tranquilidade tanto pelas eliminatórias, quanto pelas quartas-de-final, ficando na segunda colocação de suas baterias. Na semifinal, mais uma boa largada, mas acabou sendo ultrapassado nos últimos metros pelo chinês Xinzhe Zhang, quando estava na segunda posição. Ele ainda poderia avançar para decisão como o melhor terceiro colocado, mas acabou ficando de fora por 44 milésimos de segundo. Com isso, foi para a final B e teve uma queda quando liderava a prova e terminou a competição na 10ª colocação.
“Na prova de hoje, foi uma pena. Ele merecia ter pegado a final A e brigar por uma medalha. Dois atletas que ele superou nas eliminatórias voltaram com medalhas, mas a patinação velocidade - pista curta é assim. O Lucas tem um futuro muito promissor e vai buscar quebrar recordes”, concluiu Gabriel.