COB realiza encontro presencial do Programa de Mentoria para Treinadoras com objetivo de aumentar presença delas nos Jogos
Novas ações do MIRA, da Área da Mulher, da Diretoria de Desenvolvimento e Ciências do Esporte, foram realizadas no campus da Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA), no campus de Limeira (SP), da Universidade de Campinas, no dias 19 e 20 de setembro
Foto: William Lucas/COB
O Comitê Olímpico do Brasil (COB) realizou no último final de semana, dias 19 e 20 de setembro, o primeiro encontro presencial do Programa de Mentoria de Treinadoras (MIRA), no campus da Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA), no campus de Limeira (SP), da Universidade de Campinas. Oito das 10 treinadoras participantes do programa estiveram presentes nos dois dias de atividades propostas pelo grupo de mentores.
Os objetivos do Encontro Presencial foram a criação de vínculos e a construção de uma rede de suporte entre as treinadoras, além de reflexões sobre os desafios e aprendizados vivenciados por elas atuando nas seleções nacionais e ao longo de suas carreiras. Dentre as atividades, as treinadoras puderam realizar sessões de mentoria individualizada ou em pequenos grupos, presencialmente com o respectivo mentor ou mentora. A treinadora Luiza Fantoni, da natação e águas abertas, por exemplo, aproveitou até uma corrida matinal para realizar uma “sessão”.
“A nossa troca ‘presencial’ já começou no carro, do aeroporto de Congonhas para Limeira. Aproveitamos as mais de duas horas de viagem para conversar e já trocar figurinhas ali mesmo: eu e mais duas treinadoras. Minha mentora gosta muito de correr e, coincidência ou não, eu e a Nayara (Pontes, treinadora do vôlei de praia), também gostamos muito. Tivemos a ideia, então, de sair pra correr cedinho e fazer nossa mentoria juntas, aliando o físico com o mental! A corrida foi tão produtiva que nosso plano inicial era correr 5km, mas acabamos correndo 8,5km, por conta de tanta coisa boa que saiu do encontro”, disse Luiza.
“Essa aproximação entre as pessoas, esse ‘encurtar caminhos’ sempre nos é proporcionado pelo esporte (atividade física). Talvez se não estivéssemos correndo, a troca não teria sido tão rica e não teriam saído tantas construções importantes”, completou.
Outros assuntos como as barreiras enfrentadas por mulheres para seguirem na carreira de treinadoras, a percepção dos suportes que contribuem nesse processo, tanto a nível individual quanto aos níveis organizacional e sociocultural, também foram abordados. As informações obtidas em pesquisa realizada pelo COB em 2023 com 300 treinadoras serviram de embasamento para reflexões sobre interseccionalidade e as particularidades do contexto das treinadoras participantes do MIRA, que atuam especificamente em comissões técnicas de seleções nacionais de diferentes modalidades. O grupo também construiu um plano de ação com proposta para mitigar ou enfrentar tais barreiras. As discussões incluíram questões como liderança e gênero, a partir de reflexões sobre a filosofia, os valores e propósito das treinadoras. Cada treinadora liderou uma atividade, e em grupo, puderam refletir sobre as características de liderança em cada uma delas.
“A troca, de fato, foi muito especial: poder estar cara a cara com as outras treinadoras e sentir a energia delas durante as atividades e suas falas foi a parte mais importante. Com certeza aliar físico e mental com esta proposta foi incrível e serve pra nos mostrar que, mais uma vez, o esporte faz parte - e muito - das nossas vidas, e sempre nos aproxima das pessoas”, concluiu Luiza.
As atividades também incluíram uma ação aberta com os alunos da graduação em Ciências do Esporte, atualmente único curso do tipo no Brasil. Em três mesas redondas, treinadoras e mentores puderam compartilhar com os estudantes suas atuações, incluindo suas trajetórias até se tornarem treinadoras, o processo de transição depois do encerramento da carreira de atletas, as particularidades da atuação delas nas seleções nacionais, a relevância da formação continuada e as possibilidades de atuação para profissionais do esporte/educação física no desenvolvimento de treinadores.
“Nestes dias vivemos em Limeira uma experiência que irá repercutir positivamente não só na carreira das treinadoras que compõe o grupo do MIRA, mas na atuação dos profissionais que atuam neste projeto. Cada comentário ou reflexão feito pelas treinadoras nos embasa de informações para propormos mais ações voltadas as necessidades específicas das mulheres na carreira de treinadora, e assim entendemos que poderemos impactar a realidade brasileira - e global - do baixo número de treinadoras atuando no esporte de alto rendimento”, avaliou Taciana Pinto, Gerente de Desenvolvimento Esportivo do COB.
O que é o Programa MIRA?
MIRA significa Mentoria Individualizada Reflexão e Ação, mas também é uma analogia com alvo, com o que o COB quer atingir. Os objetivos do MIRA são: estimular consciência e reflexão; estabelecer metas individuais para aprimoramento de competências especificas; promover aprendizagens contextualizadas na atuação prática com ênfase em seus desafios cotidianos; articular conhecimentos profissional, interpessoal e intrapessoal e fortalecer rede de suporte.
As participantes dessa primeira edição do MIRA são: Alexandra Cardoso , do tiro com arco; Bruna Rodrigues, do basquete 5x5; Fabiana Silva, do badminton; Gabrielle Moraes, da ginástica rítmica; Hélia Souza "Fofão", do vôlei; Luiza Fantoni, da natação e águas abertas; Maria Portela, do judô; Nayara Pontes, do vôlei de praia; Rafaela Turola, do rúgbi; e Sandra Crul, do atletismo.
Mulher no Esporte
Área criada pelo COB em 2021 para fomentar o desenvolvimento de atletas, treinadoras, gestoras, profissionais de equipe multidisciplinar e árbitras do ecossistema esportivo do Brasil. Alinhada à estratégia do Comitê (objetivos 4.5 e 2.7), a área almeja incrementar os resultados esportivos através da equidade de gênero no esporte, sempre na busca por uma cultura de inclusão e reconhecimento da mulher em todos os âmbitos esportivos.