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Jogos da Juventude

Das palafitas ao badminton: jovens atletas do Amapá transformam suas vidas nos Jogos da Juventude CAIXA João Pessoa 2024

Parceiros em quadra, Benedito Carlos e Camila Martins superam realidade difícil desde o nascimento e saboreiam primeiras alegrias da vida de atleta

Por Comitê Olímpico do Brasil

15 de nov, 2024 às 12:00 | 4 min de leitura

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Foto: Alexandre Loureiro/COB

Duas viagens de cerca de uma hora cada de catraia (barco de madeira), um percurso de oito horas de ônibus interestadual, um voo de avião de 3h e mais um ônibus de 2h. Essa maratona de 2.800km para chegar a João Pessoa foi percorrida por dois jovens atletas que enxergaram no esporte a forma de deixar para trás a difícil realidade em que nasceram: a moradia em casas de palafitas fincadas no rio Jari, na remota Vitória do Jari, município no extremo sul do Amapá. Atletas do badminton e parceiros nas duplas mistas, Benedito Carlos e Camila Martins, ambos de 16 anos, falam com brilho nos olhos sobre a oportunidade de disputarem os Jogos da Juventude CAIXA João Pessoa 2024, competição organizada pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB), que vai até o próximo dia 28 na capital paraibana.

“Eu moro em casa de palafitas e tinha esse sonho, mas nunca imaginei tudo que estou vivendo, como andar de avião pela primeira vez, competir nos Jogos da Juventude, estar em hotel chique e fazer refeições muito tops. Estou vendo coisas que eu nunca tinha visto”, disse Benedito, na Vila Olímpica, sede da disputa do badminton, em João Pessoa.

“Onde moro, a maior dificuldade é quanto tem enchente e falta água. Muitas vezes ficamos sem água (potável e limpa) para usar em casa durante uns dois dias. Eu treinei, treinei e consegui estar aqui fazendo parte dessa coisa maravilhosa”, acrescentou o atleta destro.

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Benedito Carlos em ação na Vila Olímpica, em João Pessoa. Foto: Alexandre Loureiro/COB

Um pouco menos tímida do que o seu colega, Camila celebrou o fato de, recentemente, ter visto a sua família melhorar a condição de moradia.

“A minha casa era de palafitas e tinha enchente, mas já melhorou bastante e agora está asfaltada. O badminton mudou a minha vida. Eu não tinha sapato e raquete própria, mas consegui com a ajuda de bolsa do Amapá. Eu quero dar mais orgulho para os meus pais e conseguir proporcionar tudo que eles quiserem com o badminton’’, falou a jogadora.

Com apoio do governo estadual do Amapá e da prefeitura de Vitória do Jari foi criado há pouco mais de dois anos o Instituto de Badminton em Palafitas, o IBEF. A ideia era atrair jovens da região para a prática de uma modalidade até então desconhecida por lá. O trabalho de intensa dedicação de professores locais chamou a atenção de todo estado, e os alunos da Escola pública Monguba do Jari se tornaram referências amapaenses ao vencerem as seletivas locais e representarem o estado do Norte do Brasil nos Jogos da Juventude.

‘’É uma vitória muito grande do projeto das palafitas. Quando nem todos os custos são arcados com recursos públicos, fazemos rifas, pedimos PIX. O mais importante é a dedicação dos nossos atletas e a vontade deles’’, comentou o técnico e professor Edinildo Lopes.

Para quem superou barreiras desde sempre por conta do CEP onde nasceu, realizar a meta de disputar os Jogos da Juventude é o primeiro de grandes passos a serem percorridos.

“Quero representar muito mais o Amapá, ganhar medalhas de nível nacional, como aqui em João Pessoa, e, quem sabe, virar uma atleta olímpica”, disse Camila Martins.

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Camila Martins e Benedito Carlos durante partida dos Jogos da Juventude 2024. Foto: Alexandre Loureiro/COB

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