Yane Marques quebra barreiras na vice-presidência do COB
Pernambucana é a primeira mulher vice-presidente na centenária história do COB
Yane Marques, vice-presidente do COB. Foto: Rafael Bello/COB
Ao assumir a vice-presidência do Comitê Olímpico do Brasil (COB) com mandato de quatro anos, Yane Marques mais uma vez derrubou tabus históricos. A primeira brasileira medalhista olímpica no pentatlo moderno agora é também a primeira mulher a ocupar tão alto posto na hierarquia do COB.
A pernambucana de 41 anos não é a primeira ex-atleta eleita para o cargo, mas é a primeira a se apresentar como representante dessa classe, já que foi candidata por indicação da Comissão de Atletas do Comitê Olímpico do Brasil (CACOB), da qual ela era, até então, presidente.
Yane teve grande ascensão como dirigente esportiva desde que se aposentou como atleta, após os Jogos Olímpicos Rio 2016. Já no início de 2017, foi convidada pelo então prefeito do Recife (PE) Geraldo Júlio para assumir a secretaria-executiva de Esportes da Secretaria de Turismo, Esporte e Lazer.
Sob a responsabilidade dela estava toda a área de esporte de uma das 10 cidades mais populosas do país. O trabalho agradou tanto que Yane permaneceu na prefeitura até a última terça-feira (14), exonerada após oito anos, para assumir a vice-presidência do COB.
“A gente teve um trabalho muito legal lá. A convite do prefeito João Campos, eu estava agora como secretária executivo de esportes educacionais, cuidando do esporte nas escolas, estava encantada”, conta.
Recifense de criação, Yane nasceu em Afogados da Igazeira, no sertão de Pernambuco, e se mudou para a capital aos 11 anos. Seu primeiro esporte foi a natação, no Náutico, permanecendo nadadora até os 19. Naquela época, em 2003, a federação pernambucana de pentatlo moderno estava sendo montada, e a nadadora foi convidada a fazer um teste.
Primeiro, participou de um evento só com corrida e natação, depois topou experimentar também o hipismo, o tiro esportivo e a esgrima. O sucesso foi quase imediato. Venceu o Sul-Americano de Pentatlo Moderno em 2004 e passou a colecionar resultados históricos para a modalidade.
Foi ouro nos Jogos Pan-Americanos Rio 2007 (e bi em Toronto 2015), ganhou duas medalhas em Campeonatos Mundiais e uma medalha de bronze memorável em Londres 2012, que agora faz dela a primeira medalhista olímpica a chegar à vice-presidência do COB.
Em alguns desses eventos os caminhos dela e de Marco La Porta se cruzaram. Coronel do Exército, ele ajudou a estruturar o Programa Atletas de Alto Rendimento (PAAR) no qual ela foi uma das primeiras a ingressar, ajudando muito sua carreira. Fizeram parte do Time Brasil em eventos como os Jogos Olímpicos de Londres e do Rio.
Voltariam a se cruzar já em cargos importantes no COB. Ela já era vice-presidente da CACOB, eleita em abril de 2017, quando La Porta chegou à vice-presidência da diretoria do COB, no início de 2018.
A chegada à presidência da CACOB aconteceu durante a pandemia, no início de 2021, em escolha democrática dos atletas. Yane concorreu com dois colegas pelo cargo e recebeu 73% dos votos. Naquele momento, a Comissão de Atletas já tinha sua importância mais reconhecida dentro do movimento olímpico, com a conquista de novas cadeiras na assembleia.
Sob a liderança de Yane, a CACOB fez valer essa voz ampliada. “Os atletas começaram a ter voz por imposição de lei, mas aos pouquinhos a gente foi entendendo o que significa a gente ter um espaço de voz. Esse espaço envolve muita responsabilidade, significa envolvimento, entrega, tempo de estudo, fazer com muito cuidado, muito zelo”, diz.
Formada em Educação Física e pós-graduada em Gestão Pública, Yane buscou especialização. Assim como o presidente Marco La Porta e Emanuel Rego, indicado pela gestão para ser CEO, também fez o curso avançado de gestão do Instituto Olímpico Brasileiro (IOB).