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Jogos da Juventude

Da zaga ao gol no futsal

Duda Adonias mudou de posição para defender o Tocantins nos Jogos da Juventude CAIXA Brasília 2025

Por Comitê Olímpico do Brasil

15 de set, 2025 às 17:46 | 5 minutos de leitura

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Abelardo Mendes Jr/COB

Aos 9 anos, a vida de Maria Eduarda Adonias Santana tomou um novo rumo. A perda do avô fez com que sua família se mudasse de Palmas para Remanso, um município de cerca de 40 mil habitantes no interior do estado da Bahia, na região de Juazeiro. A paixão pelo futebol, ela nunca deixou de lado. “Na Bahia, eu morava em uma fazenda. Como não tinha ninguém por perto, eu e meus irmãos brincávamos juntos e a escolha era sempre por jogar futebol”, lembra.

Durante os três anos em que morou na Bahia, Duda descobriu o atletismo e passou a treinar salto em distância e corrida para a prova de 400m. Na volta para a capital do Tocantins, porém, ela não encontrou local para seguir no atletismo. Foi quando surgiu a oportunidade de integrar o time de futsal da escola e ela assumiu uma posição na zaga. A grande mudança veio neste ano, quando o time precisou de uma goleira. Mesmo resistente no primeiro momento, Duda decidiu aderir à pressão das colegas e aceitou o desafio.

“Todas as atletas do time estavam com medo de ir no gol. Depois que insistiram bastante para a Duda virar goleira, ela disse que assumiria a responsabilidade se tivesse uma joelheira e uma cotoveleira para usar. Respirei aliviado, pensando: ‘Isso eu resolvo’”, conta Willian Brito Alves, técnico do time feminino de futsal do Tocantins. Com o passar dos treinos, a própria Duda percebeu que levava realmente jeito para atuar na posição que tanto temia. 

“Eu comecei a treinar no gol nos jogos do torneio regional, fui bem e estou agora, aqui, nos Jogos da Juventude”, comemora Duda. “Fiquei surpresa, porque achei que fui bem no jogo de estreia contra Minas Gerais, agarrei muitas bolas difíceis”, completa a jogadora do Tocantins. O treinador ressalta a tranquilidade e frieza da Duda, características que julga serem importantes para uma goleira. Além disso, ela é uma atleta alta, tem boa flexibilidade e força nos braços para repor a bola. 

A paixão pelo esporte é tamanha que Duda não se imagina longe dele. “Meu sonho é jogar em um clube profissional. Se eu não conseguir seguir no futebol, quero fazer faculdade de Educação Física”, revela a goleira. A própria trajetória de Duda mostra que paixão e dedicação podem abrir portas inesperadas, transformando sonhos em realidade, onde quer que a vida te leve. 

Fora das quadras, a paixão por música é um elemento essencial na preparação da Duda para os jogos. Fã de forró, a goleira tem um ritual especial antes de cada partida. “Sempre ouço uma música no fone de ouvido para me ajudar a concentrar, parece que eu fico com mais paciência, consigo prestar mais atenção”, explica. Depois dos confrontos, porém, o forró ganha um volume mais alto, dispensando o fone de ouvido e virando pano de fundo para as comemorações do time todo, em caso de vitória, ou para lidar com a derrota, quando o resultado não é o mais satisfatório.

Volta do futsal aos Jogos da Juventude

Uma das modalidades esportivas mais populares dentro das escolas do Brasil, o futsal voltou aos Jogos da Juventude nesta edição, realizada em Brasília, após dois anos ausente do evento. O futsal esteve presente no evento desde o ano 2000, quando o COB assumiu a organização dos Jogos da Juventude. Em 2023 a modalidade saiu do programa da competição, mas agora retorna de forma definitiva.

“Ter o futsal de volta é muito importante, estamos muito felizes pelas oportunidades que esse retorno abre aos jovens atletas que amam o futsal em todo o país, especialmente à modalidade feminina, que tradicionalmente tem menos oportunidades no nosso país”, avalia Willian Brito Alves, técnico do time feminino de futsal do Tocantins.

Um dos destaque do time do Tocantins, a goleira Maria Eduarda Adonias é prova dos desafios que valem ser enfrentados para vivenciar um evento multiesportivo tão importante para a formação dos talentos olímpicos do país. “Nós, mulheres, acabamos sendo muito afastadas do futebol. Ter o futsal de volta aos Jogos da Juventude ajuda a estimular mais meninas a quererem seguir no esporte”, comenta a atleta. 

Jheniffer Cordinali, medalhista olímpica de prata em Paris-2024, é uma das jogadoras que viveu a experiência de disputar os Jogos da Juventude antes de alçar voos no alto rendimento. Da mesma forma, as jogadoras Andressinha e Thaisa Moreno, que já defenderam a seleção brasileira de futebol, também representaram seus estados nos Jogos da Juventude.

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