Declaração do treinador Lauro "Pinda" foi fundamental para prata de Isaquias em Paris
Multimedalhista lembrou que substituto de Jesús Morlán lhe fez acreditar que era possível dar arrancada espetacular no fim que assegurou quinto pódio olímpico ao canoísta baiano
Pinda coloca medalha de Isaquias no peito e é reverenciado pelo canoísta - Foto: Alexandre Loureiro/COB
A conquista da medalha de prata de Isaquias Queiroz na canoagem velocidade dos Jogos Paris 2024 teve importante participação do técnico Lauro de Souza Júnior, o Pinda. Foi nele que o canoísta pensou ao dar a arrancada sensacional nos últimos 250m do C1 1.000m, para sair da quarta posição — ameaçado por dois adversários — para o pódio, o quinto do baiano de 30 anos em Jogos Olímpicos.
Substituto do lendário espanhol Jesús Morlán, técnico que revolucionou a canoagem velocidade brasileira e faleceu em novembro de 2018, Pinda indicou a tática para o seu comandado momentos antes da decisão na raia de Vaires-sur-Marne, a 30km da capital francesa: acreditar na força e velocidade de Isaquias no trecho final da concorrida prova.
“Lembrei do que Pinda me falou que eu quem tem a melhor subida no final”, disse Isaquias.
O treinador explicou que o desempenho do seu ilustre atleta ficou aquém do projetado nos primeiros três quartos da decisão e celebrou o sprint fantástico.
“Não estava nos planos ficar tão longe da cabeceira da prova, a gente queria estar mais à frente, mas eu pedi para o Isaquias seguir a intuição dele, tentar marcar a prova, mas seguir sua intuição, porque a gente chega rápido. E a minha palavra que falei para ele é que ninguém tinha uma troca igual a dele, ninguém tinha um final igual a dele aqui nessa pista”, comentou o técnico.
A cumplicidade entre Isaquias e Pinda tem a benção de Jesús, de quem o atual técnico era auxiliar nos treinamentos na mineira Lagoa Santa, a 30km de Belo Horizonte. Certeza disso é que o multimedalhista olímpico citou os dois ao falar sobre a busca incessante pela prata em Paris:
“Eu tirei gás da onde não tinha ali. Eu estava quase em quinto e pensei que não tinha mais como passar ninguém ali. Subi e arrisquei tudo, achei que daria. Se eu passasse o Zakhar Petrov (russo competindo pelos Atletas Individuais Neutros), eu ganharia a medalha. Era só segurar até o final, e é como o Jesús falava, e como o Pinda fala, no final só solta a remada, não tem mais força, não tem mais braço, é só soltar a remada e deixar o barco andar. Acabei soltando bastante e consegui a medalha de prata, que é um grande feito para mim”, explicou o canoísta.
Homem brasileiro com mais medalhas olímpicas, ao lado do ex-velejadores Robert Scheidt e Torben Grael, Isaquias fez questão de agradecer a Pinda:
“A gente treinou bastante, o Lauro passou tudo certinho. E eu sou muito grato ao Lauro pela confiança e todo o trabalho que ele fez nos últimos meses.”