Ana Marcela fica em quinto nos 10km e conquista vaga para Tóquio 2020
Brasileira ficou a seis décimos de segundo da prata. Viviane Junbglut foi a 12ª, a oito décimos da vaga olímpica
A brasileira Ana Marcela Cunha carimbou, na manhã deste domingo (14.07) na Coreia do Sul, noite de sábado (13.07), no Brasil, o passaporte para os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020. A vaga foi conquistada em uma prova marcada por uma chegada emocionante no Mundial de Desportos Aquáticos de Gwangju, e veio com o quinto lugar nos 10km das maratonas aquáticas, única prova olímpica da modalidade.
Com o tempo de 1h54min50s5, Ana Marcela ficou a seis décimos de segundo da medalha de bronze e com o mesmo tempo da sexta e da sétima colocadas. A segunda brasileira na disputa, Viviane Jungblut, terminou em 12º, a oito décimos de segundo da vaga olímpica.
As dez primeiras colocadas na prova garantiram a classificação para Olimpíadas do Japão. O Mundial é a única chance que uma nação tem para garantir dois atletas em Tóquio 2020. Se um país tiver assegurado uma das vagas em jogo na Coreia, ele não pode mais classificar uma segunda atleta na próxima seletiva olímpica (veja lista abaixo). Assim, Viviane está fora dos Jogos de Tóquio e o Brasil terá apenas Ana Marcela na disputa no feminino.
"Estou feliz por estar na Olimpíada. É gostoso ter um ano para se preparar para estar lá, pois meu sonho é uma medalha olímpica"
Competindo nas águas na baía do Yeosu Expo Ocean Park, na cidade de Yeosu, distante uma hora e meia de ônibus de Gwangju, Ana Marcela e Viviane Jungblut participaram de uma disputa intensa em uma prova que reuniu as maiores atletas das maratonas aquáticas da atualidade. Estavam na água, por exemplo, a campeã olímpica no Rio 2016, a holandesa Sharon van Rouwendall, e a medalha de prata nos Jogos do Brasil, a italiana Rachele Bruni, além da bicampeã mundial da prova, a francesa Aurelie Muller, ouro em Kazan 2015 e em Budapeste 2017.
A chegada foi uma das mais disputadas da história dos 10km. A campeã foi a chinesa Xin Xin, que assumiu a liderança nos últimos 200 metros e cruzou a linha de chegada com o tempo de 1h54min47, apenas um segundo à frente da norte-americana Haley Anderson (1h54min48), que por sua vez foi apenas um segundo e nove décimos mais rápida do que a terceira colocada, Rachele Bruni (1h45min49).
O segundo pelotão, do qual Ana Marcela fez parte, foi ainda mais embolado, com cinco atletas na casa dos 1h54min50 segundos e distantes umas das outras por diferenças de décimos de segundo.
“Comparando com Kazan, para mim foi um resultado muito melhor. Apesar de em Kazan eu ter ficado em terceiro e ter me classificado para a Olimpíada (do Rio 2016), a gente tomou quase 20 segundos de diferença da Aurelie (Aurelie Muller) e da Sharon (Sharon van Rouwendall). Na verdade, acho que é a primeira vez que a prova feminina foi decidida tão junto. Do terceiro até o sexto, sétimo (na verdade até o oitavo lugar), foi muito apertado”, analisou Ana Marcela Cunha.
Apesar disso, a supercampeã baiana, dona de nove medalhas em mundiais – três de ouro, duas de prata e quatro de bronze –, confessou que sentiu um gostinho amargo por ter ficado fora do pódio. “Estou feliz por estar na Olimpíada. É gostoso ter um ano para se preparar para estar lá, pois meu sonho é uma medalha olímpica. Mas estou meio triste por não conseguir uma medalha, porque venho de três mundiais sempre disputando. Mas é isso. Temos agora que colocar a cabeça no lugar. Temos o 5km, o revezamento e os 25km e quero me preparar bem para as outras provas e fazer um bom mundial, como a gente tem feito”.
Indagada sobre qual foi o momento mais difícil da prova, Ana Marcela disse que os últimos metros fizeram a diferença para todos os envolvidos, inclusive para as atletas que conquistaram as medalhas. “Nos últimos trezentos metros eu estava em primeiro e segundo junto com a Aurelie, que terminou em 11º. A prova foi forte. A gente nadou para uma hora, cinquenta (minutos) e pouco. Normalmente, a gente nada para duas horas, duas horas e seis, nessa casa. Essa prova é seletiva olímpica, não tem jeito, todo mundo vai nadar 200% aqui”, ressaltou.
Para ela, o destino de Aurelie Muller, 11ª na prova deste domingo, comprova o altíssimo nível técnico da competição na Coreia. “Aqui, a campeã mundial do ano retrasado, em Budapeste 2017, que é a bicampeã mundial na verdade, porque ganhou em Kazan 2015 também, não se classificou para a Olimpíada. Maratona é isso. Você está bem hoje e amanhã pode não ter um bom resultado. Eu já fui 11ª também em 2012, sei como é isso, e tenho certeza de que ela vai vir com tudo para nadar a prova dos 5km”.
Para Ana Marcela, o fato de ela ter se segurado nos momentos decisivos é outro fator que merece ser celebrado. “Ter aguentado e ter tido um sprint razoavelmente bom me deixa feliz. A chinesa, a Xin Xin, surpreendeu muito no final de prova, apesar de já ter nadado muito bem e ter sido quarta colocada na Olimpíada (no Rio 2016). Ela simplesmente chegou, passou e abriu um pouquinho”, elogiou.
Pódios desde Roma 2009
Os atletas das maratonas aquáticas têm contribuído bastante para o sucesso do Brasil nos Campeonatos Mundiais de Desportos Aquáticos. Desde a edição de Roma 2009, quando Poliana Okimoto se tornou a primeira nadadora brasileira a subir ao pódio, com o bronze nos 5km, os representantes do país na modalidade faturaram medalhas em todas as edições seguintes: Xangai 2011, Barcelona 2013, Kazan 2015 e Budapeste 2017.
No total, o Brasil tem 13 medalhas em Campeonatos Mundiais nas maratonas aquáticas: 4 de ouro, 3 de prata e 6 de bronze. Confira a lista de pódios do Brasil na competição:
Ouro
» Xangai 2011 – Ana Marcela Cunha – 25km
» Barcelona 2013 – Poliana Okimoto – 10km
» Kazan 2015 – Ana Marcela Cunha – 25km
» Budapeste 2017 – Ana Marcela Cunha – 25km
Prata
» Barcelona 2013 – Poliana Okimoto – 5km
» Barcelona 2013 – Ana Marcela Cunha – 10km
» Kazan 2015 – Allan do Carmo, Ana Marcela Cunha e Diogo Villarinho – Equipe 5km
Bronze
» Roma 2009 – Poliana Okimoto – 5km
» Barcelona 2013 – Ana Marcela Cunha – 5km
» Barcelona 2013 – Allan do Carmo, Poliana Okimoto e Samuel de Bona – Equipe 5km
» Kazan 2015 – Ana Marcela Cunha – 10km
» Budapeste 2017 – Ana Marcela Cunha – 5km
» Budapeste 2017 – Ana Marcela Cunha – 10km
Os brasileiros e suas provas
» Diogo Andrade Vilarinho – 5km
» Fernando Estanislau Ponte – 5km
» Ana Marcela Cunha – 5km, 10km e 25km
» Viviane Jungblut – 5km e 10km
» Allan do Carmo – 10km
» Victor Colonese – 10km e 25km
Programação e resultados
Horários de Brasília
12.07 – Sexta-feira
5km masculino
1. Kristof Rasovszky (HUN) – 53min22s1
2. Logan Fontaine (FRA) – 53min32s2
3. Eric Hedlin (CAN) – 32min32s4
25. - Fernando Ponte (BRA) – 53min43s6
36. - Diogo Villarinho (BRA) – 53min55s4
13.07 – Sábado
10km feminino*
1. Xin Xin (CHI) – 1h54min47s2
2. Haley Anderson (EUA) – 1h54min48s1
3. Rachele Bruni (ITA) – 1h54min49s9
4. Lara Grangeon (FRA) – 1h54min50s.0
5. Ana Marcela Cunha (BRA) – 1h54min50s.5
6. Ashley Twichell (EUA) – 1h54min50s.5
7. Kareena Lee (AUS) – 1h54min50s.5
8. Finnia Wunram (ALE) – 1h54min50s.7
9. Leonie Beck (ALE) – 1h54min51s.0
10. Sharon van Rouwendall (HOL) – 1h54min51s.1
12. Viviane Jungblut (BRA) – 1h54min51s9
* As dez primeiras colocadas garantiram vaga para as Olimpíadas de Tóquio 2020
15.07 – Segunda-feira
20h - 10km masculino*
Allan do Carmo e Victor Colognese
* os dez primeiras garantem vaga para os Jogos de Tóquio 2020
16.07 – Terça-feira
20h - 5km feminino
Ana Marcela Cunha e Viviane Jungblut
17.07 – Quarta-feira
20h - revezamento por equipes 5km
equipe brasileira a ser definida
18.07 – Quinta-feira
20h - 25km masculino e feminino
Ana Marcela Cunha e Victor Colonese
Fonte: Rede do Esporte