Conheça os pioneiros olímpicos e os resultados do Brasil em Antuérpia
Delegação contou com 21 atletas de cinco modalidades: natação, polo aquático, remo, saltos ornamentais e tiro esportivo
Que a equipe de tiro esportivo composta por Afrânio Costa, Dario Barbosa, Fernando Soledade Guilherme Paraense e Sebastião Wolf fez sucesso em Antuérpia 1920, abrindo a participação olímpica do Brasil e conquistando as primeiras medalhas, todo mundo já sabe. Mas no Centenário da participação olímpica brasileira também vamos falar sobre os demais integrantes da delegação verde-amarela na Bélgica. Incluindo o tiro esportivo, o Time Brasil teve 21 atletas, de cinco modalidades: natação, polo aquático, remo e saltos ornamentais.
+ Conheça Guilherme Paraense, o primeiro campeão olímpico brasileiro
Como uma delegação pequena, alguns dos pioneiros tiveram que ser polivalentes e competiram em mais de uma modalidade. São os casos de João Jório e Abrahão Saliture que disputaram o remo e o polo aquático; e Ângelo Gammaro (Angelú) e Orlando Amêndola, que caíram na piscina para os jogos de polo e para a disputa dos 100m livre.
Além disso, a delegação foi chefiada por Roberto Tromposwky Júnior, teve José Ferreira dos Santos como secretário e José Maria Castelo Branco no cargo de delegado técnico aquático. Juntos, eles colocaram o Brasil no 15º lugar no quadro de medalhas em Antuérpia 1920.
Veja abaixo como foi o desempenho dos brasileiros:
Natação
As provas de natação foram realizadas em uma piscina construída às pressas, por conta dos prejuízos causados ao país pela Primeira Guerra. Relatos apontam que a água era muito escura e fria. Além disso, o clima durante os Jogos foi de bastante umidade, exigindo que os nadadores se esforçassem demasiadamente para manter o aquecimento. Era comum ver os atletas de toucas, meias de lã e até agasalhos, entre as provas.
O Brasil só competiu na prova dos 100m livre, representado por Ângelo Gammaro e Orlando Amêndola. Mas os brasileiros não foram bem, talvez por também estarem focados no primeiro jogo do torneio de polo aquático que seria disputado na manhã do dia seguinte ou pelo frio em Antuérpia. As semifinais começaram às 18h30, e a temperatura da água da piscina era de 3°C. Gammaro foi o terceiro da segunda eliminatória, enquanto Orlando foi o sexto na quarta bateria da primeira fase.
As grandes estrelas da competição foram o nadador norte-americano Norman Ross, ouro nos 400m e nos 1500m livre, o sueco Hakan Malmrot, ouro nas duas provas de nado peito, e a americana Ethelda Bleibtrey, que ganhou as três provas que disputou.
Polo Aquático
Com 12 seleções participantes, o torneio de polo aquático foi realizado no Estádio Náutico da Antuépia, e o Brasil teve uma participação bastante digna. O time que contou com Abrahão Saliture, Agostinho Sá (Mangagá), Alcides de Barros Paiva, Ângelo Gammaro (Angelú), Edgard Leite Ribeiro, João Jório, Orlando Amêndola e Vitorino Ramos Fernandes (Chocolate) conseguiu uma vitória e uma derrota. Nas oitavas-de-final, venceu a França por 5 a 1, com gols de João Jório (2), Orlando Amêndola (2) e Alcides Paiva (1). Mas, nas quartas, caiu ante a Suécia por 7 a 3, gols de Abrahão Saliture (2) e Orlando Amêndola. Edgard Leite ainda teve a infelicidade de marcar um contra, e os suecos contaram com a grande exibição de um inspirado Erik Andersson, autor de cinco gols.
Como a Suécia perdeu para a Bélgica, que acabaria ficando com a prata, o Brasil não foi para a repescagem, terminando na quarta colocação, ao lado da Grécia. Os suecos ficaram com o bronze, enquanto a Grã-Bretanha, ao derrotar a Bélgica por 3 a 2 conquistou o terceiro ouro olímpico consecutivo.
Remo
Os eventos de remo foram realizados mais perto de Bruxelas do que da cidade-sede dos Jogos. Apesar da pouca profundidade da água e do visual pouco aprazível, o nível competitivo foi muito alto.
No Quatro Com, a embarcação brasileira formada por Guilherme Lorena, João Jório, Alcides Vieira e Abrahão Saliture, além do timoneiro Ernesto Flores Filho, marcou 7:25.4 e ficou atrás do barco norte-americano, terminando em segundo lugar na terceira semifinal. A equipe ficou fora da final e viu Suiça, EUA e Noruega subirem ao pódio.
Saltos Ornamentais
A competição de Saltos Ornamentais em Antuérpia foi um grande desafio aos competidores. A “piscina” era um fosso, ao redor do qual foram construídos calçadões para delimitar as extremidades. Foi construída uma plataforma que flutuava na piscina e arquibancadas que com 10 mil lugares. Porém, o evento foi realizado ao ar livre, e o tempo nublado e chuvoso dificultou muito a vida dos mergulhadores. Para completar, os vestiários não tinham chuveiros quentes. Depois de mergulhar, por causa da escuridão da água, os mergulhadores frequentemente ficavam desorientados e eram incapazes de ver a superfície, que os mantinha na água por mais tempo e aumentava o desconforto.
Enfrentando tudo isso depois de uma viagem cansativa, estava Adolfo Wellisch, único representante do Brasil, que disputou a três provas da modalidade. No Trampolim 3m, ele marcou 522.85, 19 pontos e ficou na quarta colocação em sua bateria, a uma posição de se classificar para a final. A prova teve 14 participantes de nove países.
Já na Plataforma de 10m, foram 15 saltadores representando sete nações. Wellisch não precisou disputar as eliminatórias, indo diretamente para a final. O brasileiro foi um intruso entre três norte-americanos e três suecos, acabando na sétima colocação.
No Salto Simples em Altura, que contou com 22 atletas de 11 países, Adolfo também passou pelas eliminatórias. Foram três disputas em que os três melhores em cada uma se classificavam para as finais. O brasileiro foi o terceiro melhor na segunda bateria, a que teve mais saltadores (8), com 162.3. Na final, já mais desgastado caiu um pouco de rendimento e marcou 153, terminando na oitava colocação.
Além dos nomes citados, outros atletas compuseram a delegação que saiu do Brasil, casos de Adhemar Ferreira de Serpa, Carlos Eulálio Lopes, Demerval Peixoto, Mário Machado Maurity e Pedro Santos.
VEJA TAMBÉM
+ O grande desafio de participar dos Jogos Antuérpia 1920
+ Cem anos de Brasil nos Jogos Olímpicos: uma trajetória notável e de evolução constante