Após sucesso de Nicole Silveira em Pequim 2022, skeleton do Brasil se renova e terá dois atletas em Gangwon 2024 daqui a 40 dias
Próxima edição dos Jogos Olímpicos de Inverno da Juventude será a terceira seguida com atletas do Brasil na modalidade
Mais
do que ser fonte de inspiração, Nicole Silveira mergulhou de cabeça na formação
de novos talentos para os esportes de gelo do Brasil. Depois de conseguir o
histórico 13º lugar no skeleton nos Jogos Olímpicos de Inverno Pequim 2022, a
melhor colocação de um sul-americano na história da competição, ela havia
afirmado em entrevistas que queria ajudar a popularizar a modalidade. E agora,
pouco mais de um ano depois, viu seu pupilo Caue Miota conquistar uma vaga para
os Jogos Olímpicos de Inverno da Juventude Gangwon 2024. A Cerimônia de
Abertura da quarta edição do evento será no dia 19 de janeiro, daqui a
exatamente 40 dias.
“Fico extremamente feliz em ver que meus esforços deram certo. Ainda adoraria
me envolver mais e atrair mais atletas, mas isso se torna desafiador quando
estou ativamente competindo e me esforçando ao máximo. É gratificante saber que
isso levou a outro atleta a encontrar paixão pelo esporte e se classificar para
os Jogos Olímpicos da Juventude”, comentou Nicole, em entrevista por telefone
no intervalo entre as baterias de uma etapa de Copa do Mundo que disputava em
La Plagne.
Caue descobriu o skeleton
justamente por um chamado de Nicole, que fez uma postagem procurando
brasileiros para criar um time de bobsled e skeleton em Calgary (Canadá) – cidade para onde ele e sua família haviam se
mudado recentemente. A mãe de Caue repassou o convite para o filho, que se
encontrou, então, com a modalidade e um novo objetivo.
“Eu fui o único que foi ao local usado para treinos de largada das modalidades
nesse dia e comecei no treinamento para skeleton. Depois daquele dia, me apaixonei
pelo esporte. Demorou quase meio ano para poder viajar para Whistler (Canadá),
cidade mais próxima que possui uma pista para descida, para ter um gosto do que
era o esporte mesmo. Eu adoro competir e quando soube que tinha a oportunidade
de representar o Brasil nos Jogos Olímpicos da Juventude em 2024, decidi
treinar mais para conseguir conquistar a vaga”, contou o jovem de 15 anos.
Caue irá competir ao lado de Eduardo Strapasson, filho de Emílio Strapasson, que, em 2003, foi o responsável por colocar o país no cenário internacional do Skeleton com participações na Copa América. Ele ficou próximo da vaga olímpica em 2006 e 2010. Se o principal incentivador de Eduardo está em casa, a de Caue é a companheira e mentora.
“A Nicole é uma grande inspiração para mim. Quando conheci o esporte, não acompanhava muito as competições, mas via ela toda semana praticando o push (largada) ou na academia treinando. O Brasil não tem a estrutura de países europeus e, mesmo assim, ela conseguiu se qualificar para Pequim e teve o melhor resultado de qualquer atleta brasileiro no gelo. Quero não apenas competir em Gangwon 2024, mas também estar nos Jogos Olímpicos de 2026 e 2030. Ela mostrou que é um objetivo atingível com esforço e trabalho duro. Sei que a Nicole sempre quis meu sucesso no esporte, me desejou o melhor”, contou Miota.
Para a “braba do gelo”, a responsabilidade de ser modelo para os mais jovens é uma mola propulsora. “Ser uma inspiração, me dá ainda mais motivação para dar o meu melhor. Eu adoro acompanhar o que ele está fazendo e como as coisas estão indo para ele. Eu tento criar oportunidades para que tudo ocorra da maneira mais tranquila e bem-sucedida possível. Estou sempre tentando acompanhar e manter contato para saber como ele está se saindo e se há algo que eu possa fazer para ajudar”.
O trabalho da Confederação Brasileira de Desportos no Gelo (CBDG) com o skeleton começou em 1999, com Leandro Fracasso, primeiro atleta brasileiro a praticar a modalidade, e ganhou impulso a partir de 2013. Gangwon 2024 será a terceira edição em que o Brasil contará com atletas no skeleton. A primeira vez, em Lillehammer 2016, Robert Barbosa e Laura Amaro Nascimento representaram o país. Larissa Cândido e Lucas Carvalho foram os atletas da modalidade em Lausanne 2020. Com a experiência de quem já fez história, Nicole deixou uma dica para os Caue e Eduardo.
“A chave para o sucesso é se divertir. Quando nos divertimos, estamos mais livres para deslizar, para alcançar o que talvez pensemos ser impossível e frequentemente nos surpreenderá. Vão lá, lembrem-se de todos os roxos, batidas e suor, do trabalho árduo que vocês realizaram. Vocês conseguiram! Agora apenas façam o que sabem fazer. Boa sorte! Estou torcendo por vocês”, completou.
Brasil nos Jogos Olímpicos de Inverno da Juventude Gangwon 2024
A Cerimônia de Abertura de Gangwon 2024 será no dia 19 de janeiro, marcando o início dos maiores Jogos Olímpicos de Inverno da Juventude já realizados, com aproximadamente 1.900 jovens atletas competindo em 81 eventos de sete esportes e 15 disciplinas, com uma divisão de 50-50 entre competidores masculinos e femininos.Os 4º Jogos Olímpicos da Juventude de Inverno (JOJI) serão realizados na província de Gangwon, na República da Coreia, que já sediou os Jogos Olímpicos de Inverno PyeongChang 2018. Estes primeiros JOJI a serem realizados na Ásia irão utilizar o legado dos Jogos Olímpicos e envolver ainda mais jovens através de várias atividades antes, durante e depois dos Jogos.
O Brasil já tem sete atletas oficialmente classificados: Zion Bethonico, no snowboard cross; João Teixeira, no snowboard slopestyle/big air, e que ainda tem chance de se classificar no snowboard halfpipe; Lucas Koo, na prova de pista curta da patinação velocidade; e a equipe mista de curling, que terá Pedro Ribeiro Alves, Guilherme Garcez Doria de Melo, Julia Dias Gentile e Rafaela Bonfim dos Santos Ladeira. Além deles, Cauê Miota e Eduardo Strapasson, do skeleton, e Luiz Felipe Seixas e André Luiz dos Santos, no bobsled (monobob), cumpriram os pré-requisitos para a classificação e só estão esperando a confirmação oficial.
O país ainda pode ter outros sete atletas em Gangwon. Alice Padilha, Arthur Padilha e Nicolas Norris no esqui alpino; Julia Reis, Mariana Lopes, Ian Silva e Gabriel Santos no esqui cross-country. Caso o Brasil atinja a classificação desses atletas, estabeleceria um novo recorde no número de classificados e de modalidades representadas. Hoje, a marca pertence a Lausanne 2020, em que o Brasil teve 12 atletas em seis esportes.